sexta-feira, 26 de maio de 2017

OS SUBTERRÂNEOS DO GINÁSIO


Rolava o glorioso ano de 1968. Aliás, vamos combinar, glorioso apenas para Botafogo que foi bicampeão carioca, porque, para o resto da população aquele ano ficou conhecido como O ANO QUE NÃO ACABOU.

Pra quem não se lembra, ou não havia nascido, o danado do ano foi HORROROSO. Mataram o Luther King, mataram o Robert Kennedy, começou a Guerra do Vietnã.

Aqui no Brasil, para aqueles que defendem intervenção militar hoje, estava um paraíso: o General Costa e Silva, que escapou de um atentado terrorista, cassava direitos políticos, demitia supostos comunistas, fechava sindicatos, diretórios estudantis, detonava o Congresso e julgava civis na Justiça Militar.

Sem saber de nada disso, porque nem a televisão nem os jornais mostravam, estávamos felizes naquele bambuzal do Ginásio do Sôbi. O Sargento Matildes havia dado a aula de Educação Física e, enquanto alguns disputavam quem fazia mais barras, outros zoavam os mais nerds e nanicos, no caso... eu.

Éramos o Primeiro Ano Masculino, uma turma do Ginásio que estudava à tarde, era composta só de meninos e, pra completar, ainda usávamos uma espécie de farda cáqui. Na sala, a zoeira era total, principalmente porque o nosso querido Sôbi raramente aparecia no Ginásio à tarde (porque trabalhava também de Escrivão na Delegacia).

Numa dessas tardes “animadas”, aproveitamos a ausência de uma professora para explorar um estranho alçapão no assoalho da sala de aula. Retiramos a tábua, um quadrado que devia ter um metro de lado, e, com uma caixa de fósforos, baixamos naquele buraco nosso enviado especial: o Tadeu.

Acendendo os fósforos, nosso corajoso amigo ia descrevendo o que ele via naquele subterrâneo até que... De repente, a professora chegou! Ela havia apenas se atrasado. Com medo de que a professora caísse naquele buracão, o que fizemos? Recolocamos a tábua no lugar, mas, infelizmente, não houve tempo hábil para resgatar o Tadeu, que ficou lá embaixo, explorando aquele misterioso subsolo.

A aula já ia animada, quando, não suportando o calor, Tadeu começou a gritar “socorro”, “socorro”. A professora, assustada, não entendeu nada. Quando explicamos, pediu que resgatássemos o colega. Este saiu ofegante, sem camisa e cheio de picumã no cabelo.

E não tínhamos nem um Whatsapp. Ô dó!

Crônica: Jorge Marin
Foto     : Still do filme Harry Potter e a Câmara Secreta

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