quarta-feira, 10 de maio de 2017

O VELHO CASARÃO


Foi desfrutando de uma importante e didática postagem de nosso amigo e historiador Luiz Pontes sobre um pouco da história da Praça 13 de maio, que me lembrei deste texto escrito em 1997.
  
                                    O VELHO CASARÃO

Quem de nós, ao passar pelo largo da matriz, ainda que por uma única vez, não deixou que seu olhar fosse ao encontro do velho CASARÃO que lá existe?

De minha parte, dou sempre um tempo a mais aos meus passos e, procurando o melhor ângulo, fico a contemplá-lo. Algo assim como se fosse fotografá-lo pela última vez.  
     
Mas, voltando a cem anos ou mais, e viajando com a imaginação pelo tempo, procuro sentir toda sua plenitude. Imagino sua fachada ainda cheirando a nova e os ruídos de passos constantes em seu piso de madeira nobre. Das luzes ofegantes dos antigos lampiões que, espalhados em sua magnitude, nem tanto clareavam.  

Imagino tantas vidas que ali passaram, nasceram e se foram. Tantos que ali sorriram, choraram. Tantas vozes que diferentes épocas marcaram.

Um passado vivo a nossa frente, ainda real, palpável às nossas mãos e ao alcance de nossos olhos. Triste é vê-lo escapar pedacinho a pedacinho, em infinitos grãos de areia que vão se desprendendo de suas paredes nos açoites da mãe natureza, com suas inesperadas ventanias e tempestades.

Possivelmente, surgirá ali uma nova e majestosa construção, “valorizando e realçando” ainda mais o momento presente.  A nós restará apenas, simplesmente, um apagar da memória, pois ficaremos órfãos de mais um elo com a nossa história. História esta, muitas vezes, assim como o Velho Casarão... depredada, esquecida e distante.


UM POVO SEM CONHECIMENTO OU DESPREZO DE SEU PASSADO, CAMINHARÁ
PARA O FUTURO, MERGULHADO NUMA ETERNA E SOMBRIA AMNÉSIA DE SI 
PRÓPRIO.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : Garbosa na Rede

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