Foi
desfrutando de uma importante e didática postagem de nosso amigo e historiador
Luiz Pontes sobre um pouco da história da Praça 13 de maio, que me lembrei
deste texto escrito em 1997.
O VELHO
CASARÃO
Quem de nós, ao passar pelo largo da matriz, ainda que por uma única vez, não
deixou que seu olhar fosse ao encontro do velho CASARÃO que lá existe?
De minha parte, dou sempre um tempo a
mais aos meus passos e, procurando o melhor ângulo, fico a contemplá-lo.
Algo assim como se fosse fotografá-lo pela última vez.
Mas, voltando a cem anos ou mais, e
viajando com a imaginação pelo tempo, procuro sentir toda sua plenitude.
Imagino sua fachada ainda cheirando a nova e os ruídos de passos
constantes em seu piso de madeira nobre. Das luzes ofegantes dos
antigos lampiões que, espalhados em sua magnitude, nem tanto
clareavam.
Imagino tantas vidas que ali
passaram, nasceram e se foram. Tantos que ali sorriram, choraram. Tantas
vozes que diferentes épocas marcaram.
Um passado vivo a nossa frente, ainda
real, palpável às nossas mãos e ao alcance de nossos olhos. Triste é
vê-lo escapar pedacinho a pedacinho, em infinitos grãos de areia que vão
se desprendendo de suas paredes nos açoites da mãe natureza, com suas inesperadas
ventanias e tempestades.
Possivelmente, surgirá ali uma nova e
majestosa construção, “valorizando e realçando” ainda mais o momento
presente. A nós restará apenas, simplesmente, um apagar da memória,
pois ficaremos órfãos de mais um elo com a nossa história. História esta,
muitas vezes, assim como o Velho Casarão... depredada, esquecida e distante.
UM
POVO SEM CONHECIMENTO OU DESPREZO DE SEU PASSADO, CAMINHARÁ
PARA O FUTURO,
MERGULHADO NUMA ETERNA E SOMBRIA AMNÉSIA DE SI
PRÓPRIO.
Crônica: Serjão Missiaggia
Foto : Garbosa na Rede
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