Dia desses, ao entrar nos correios, me lembrei de uma coisa que marcou
pra caramba minha infância. Acredito até que não somente a minha, mas de um
monte de outras pessoas.
Eram as famosas correspondências que enviávamos aos diversos CONSULADOS
E EMBAIXADAS em busca de informações e imagens de seus respectivos países. Por
sinal, todas as cartas eram idênticas e, quase sempre, escritas de próprio
punho, onde trocávamos apenas o nome do país no envelope. Quase sempre
chegávamos aos correios carregando uma centena delas, e por lá permanecíamos
pacientemente, por um bom tempo, até que acabássemos de selar uma a uma.
Interessante o prazer e a ansiedade que sentíamos em ficar aguardando
por uma resposta, que, geralmente, aconteceria no prazo de duas ou três
semanas. Mas valia a pena, pois sempre vinham acompanhados de lindas
fotografias, selos, revistas etc. Era muito raro uma embaixada não responder,
mas acontecia.
Como esquecer o barulho daqueles imensos envelopes que eram jogados
pelos carteiros em nossa casa? Às vezes acontecia de chegar material de dois ou
três países ao mesmo tempo, e isso era facilmente percebido devido àquele
barulhão ao caírem na varanda. Uma MAGIA que, infelizmente, se perdeu no
tempo, principalmente em circunstância de uma evolução tecnológica sem
precedentes.
Semana passada, sentado confortavelmente frente ao meu computador, pude
com apenas alguns toques no teclado, caminhar tranquilamente, através do Google
Maps, pelas ruas de Pozzoleone, cidade natal de meus avós na Itália. Quanta
facilidade e emoção, mas confesso ainda sentir saudade daquela ESPERA e do
barulho dos ENVELOPES na varanda.
Crônica: Serjão Missiaggia
Foto : Disponível em https://br.pinterest.com/pin/417638565422914398/
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