sexta-feira, 6 de maio de 2016

RECEITA INFALÍVEL PARA A INFELICIDADE


Geralmente, as prateleiras das livrarias estão cheias de livros ensinando, em tantas lições, ou passos, o caminho para a FELICIDADE. No entanto, o que podemos perceber, em nosso dia a dia, é um constante caminhar na direção oposta.

Um exemplo disso: quando conquistamos algo que queríamos ardentemente, o que é que normalmente falamos? Será que eu mereço isso?

Por outro lado, quando acordamos, e quase sempre acontece, com alguma desilusão de ordem financeira, amorosa ou, muito comum nestes dias, política, basta o pão cair no chão, ou derrubarmos uma colher de manhã, para ouvirmos sentenças como: “isso só acontece comigo” ou “acabou com o meu dia”.

A caminho do trabalho, ou ainda em casa, parece que gostamos de nos vangloriar dos nossos infortúnios. E, o que é mais curioso, as pessoas com as quais interagimos, mais do que GOSTAR de ouvir nossas misérias, começam a COMPETIR para ver quem é mais miserável. Dizemos: “minha mãe está com dengue”. A outra pessoa mal escuta e conta, orgulhosa: “a minha está com pneumonia, está na UTI”. Mas, não nos damos por vencidos: “a dengue da minha mãe é hemorrágica”. “Pois a pneumonia da minha é câncer... Generalizado!”.

Por isso, pensei: já que a INfelicidade tem essa proeminência e, pelo menos nos discursos e nas compras de livros, as pessoas PARECEM querer ser felizes, resolvi mostrar um passo simples para ser infeliz. Não é para ser, ou para não ser, mas é só para tentar mostrar como funciona a coisa.

Eu não sou de ouvir conselhos. De ninguém. Ou melhor, ouço mas não dou muita atenção. Mas, outro dia, um mestre budista, que eu mais leio do que sigo, disse uma coisa óbvia, mas que, não sei o motivo, deu um estalo na minha cabeça: “a causa do sofrimento é o desejo”.

Ah, tá! Mas, quer dizer que, para ser feliz, eu tenho que parar de desejar? Não é mais fácil morrer? – pensei.

Mas então me dei conta, e aí o tempo de psicanálise ajudou, de que o problema não é a dinâmica humana (saudável) de desejar e obter, buscar e achar, querer e conseguir. O problema, ou a CAUSA da infelicidade, que pode não ser problema para muitos, é o DESEJO enquanto falta constante.

Sabe aquela coisa de desejar outro lugar pra viver, outras pessoas pra conviver, outra corpo e até outra mente? Pois é, essa falta de harmonia consigo mesmo, esse desarranjo renovável, essa dismorfia eterna no espelho, enfim, essa sede que não passa? É isso!

Não espero que, com essa revelação, ninguém vá se tornar um buda, ou um iluminado. Ou passe ou receba alguma lição moralista. O que eu sugiro é: aprenda! E fique ligado!

Crônica: Jorge Marin

Nenhum comentário:

Postar um comentário

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL