Geralmente,
as prateleiras das livrarias estão cheias de livros ensinando, em tantas
lições, ou passos, o caminho para a FELICIDADE. No entanto, o que podemos
perceber, em nosso dia a dia, é um constante caminhar na direção oposta.
Um
exemplo disso: quando conquistamos algo que queríamos ardentemente, o que é que
normalmente falamos? Será que eu mereço isso?
Por outro
lado, quando acordamos, e quase sempre acontece, com alguma desilusão de ordem
financeira, amorosa ou, muito comum nestes dias, política, basta o pão cair no
chão, ou derrubarmos uma colher de manhã, para ouvirmos sentenças como: “isso
só acontece comigo” ou “acabou com o meu dia”.
A caminho
do trabalho, ou ainda em casa, parece que gostamos de nos vangloriar dos nossos
infortúnios. E, o que é mais curioso, as pessoas com as quais interagimos, mais
do que GOSTAR de ouvir nossas misérias, começam a COMPETIR para ver quem é mais
miserável. Dizemos: “minha mãe está com dengue”. A outra pessoa mal escuta e
conta, orgulhosa: “a minha está com pneumonia, está na UTI”. Mas, não nos damos
por vencidos: “a dengue da minha mãe é hemorrágica”. “Pois a pneumonia da minha
é câncer... Generalizado!”.
Por isso,
pensei: já que a INfelicidade tem essa proeminência e, pelo menos nos discursos
e nas compras de livros, as pessoas PARECEM querer ser felizes, resolvi mostrar
um passo simples para ser infeliz. Não é para ser, ou para não ser, mas é só
para tentar mostrar como funciona a coisa.
Eu não
sou de ouvir conselhos. De ninguém. Ou melhor, ouço mas não dou muita atenção.
Mas, outro dia, um mestre budista, que eu mais leio do que sigo, disse uma
coisa óbvia, mas que, não sei o motivo, deu um estalo na minha cabeça: “a causa
do sofrimento é o desejo”.
Ah, tá!
Mas, quer dizer que, para ser feliz, eu tenho que parar de desejar? Não é mais
fácil morrer? – pensei.
Mas então
me dei conta, e aí o tempo de psicanálise ajudou, de que o problema não é a
dinâmica humana (saudável) de desejar e obter, buscar e achar, querer e
conseguir. O problema, ou a CAUSA da infelicidade, que pode não ser problema
para muitos, é o DESEJO enquanto falta constante.
Sabe
aquela coisa de desejar outro lugar pra viver, outras pessoas pra conviver, outra
corpo e até outra mente? Pois é, essa falta de harmonia consigo mesmo, esse
desarranjo renovável, essa dismorfia eterna no espelho, enfim, essa sede que
não passa? É isso!
Não
espero que, com essa revelação, ninguém vá se tornar um buda, ou um iluminado.
Ou passe ou receba alguma lição moralista. O que eu sugiro é: aprenda! E fique
ligado!
Crônica:
Jorge Marin
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