No Natal
tinha rabanada. Quando éramos menininhos lá em São João Nepomuceno, sempre
tinha uma tia que, na manhã do dia 25 de dezembro, fazia aquelas rabanadas
deliciosas.
Eram
supercalóricas, assim como hoje, mas parece que, naquele tempo, ninguém se
importava muito com essa história de engordar, mesmo porque, depois de comer “aquela”
ceia, íamos a pé para a missa, e voltávamos também a pé. Nós, meninos,
corríamos.
- Vai
esborrachar esse nariz no chão, menino! – as mães sempre falam essas coisas. Até
hoje.
Mas, o
grande barato, para nós, que éramos obrigados a dormir às oito horas da noite,
era a tal Missa do Galo, não que alguém prestasse atenção em nada do que o
padre falava, nem nos cânticos, mas nos sentíamos tremendamente adultos indo
dormir uma hora da manhã, às vezes duas, se a gente morava longe.
Quando
chegávamos em casa, muitas vezes o Papai Noel já havia passado e deixado os
presentes. Presentes mesmo eram poucos, pois a maioria eram roupas, ou seja,
não contavam como presentes. Eu morria de curiosidade como é que o Papai Noel
arrumava aqueles papéis da Tipografia, coisa que descobri depois que aprendi a
ler no Grupo Judith Mendonça.
Mãe e pai
ficavam sentados à mesa da sala, nos vendo abrir os presentes. Olhavam-se nos
olhos e quase choravam. Eu achava que era porque gente grande não ganhava
presente do Papai Noel.
O presépio
ainda ficaria montado até o Dia de Reis, e eu havia sido autorizado pela minha
mãe a movimentar os reis magos até que, no dia 6, chegavam pontualmente à
manjedoura.
Tudo
funcionava perfeitamente naquele Natal em São João Nepomuceno. Pena que mataram
o Kennedy no mês anterior.
Crônica:
Jorge Marin
Foto : Tom Driggers, disponível em https://www.flickr.com/photos/24580165@N03/
Acredito ser cada vez mais raro e rico ter tão belas memórias sobre os natais vividos.
ResponderExcluirParabéns por este patrimônio afetivo e obrigado por compartilhá-lo conosco!