quarta-feira, 19 de agosto de 2015

BRINCADEIRAS DANÇANTES


Aproveitando o embalo da postagem feita, na Página Pitomba, por nossa amiga Soninha, sobre as BRINCADEIRAS DANÇANTES dos anos 60 e 70, lembrei-me de algumas que aconteceram ao som da Pitomba. E uma delas foi quando, em 1973 fomos tocar no Ginásio do Sôbi.

Mas, ainda antes de continuar a narrar essa história, gostaria de abrir um pequeno parêntese para ressaltar o dinamismo e o entusiasmo de nosso eterno comandante Betto Vampiro, uma pessoa além do tempo. Isso pra não falar de sua coragem em viabilizar eventos como esse. Afinal de contas, em se tratando de Pitomba, havia sempre um alto grau de risco no que tange ao comprometimento do desequilíbrio da ordem cósmica. Mas isso é outro assunto e voltemos à apresentação.

Era uma noite de sexta-feira, um dia normal de final de semana, quando, repentinamente, chegaríamos ao ginásio com uma velha rural emprestada ao Beto Vampiro, lotadinha de aparelhagem. Confesso não me lembrar bem de como teria surgido a ideia dessa apresentação, mas recordo-me apenas ter sido tudo de última hora, além, é claro, de algo bastante ousado para a época.

Assim, enquanto descarregávamos e montávamos os instrumentos no galpão, o pessoal do turno da noite, que já ia saindo e vendo toda aquela movimentação, nada entendia do que estaria pra acontecer. Era uma correria desenfreada, pois, afinal de contas, nosso desafio, era tentar em pouquíssimo tempo, adaptar o local para “o grande show”.

Enfim, após a instalação de um spot light aqui, outro ali, juntamente com a colocação de luz negra e uma estroboscópica de fabricação própria, lá pelas onze da noite, começaríamos a tão esperada BRINCADEIRA DANÇANTE. Enquanto, íamos, literalmente, “executando” a primeira música do repertório “Everything's Coming Our Way” do Santana, cada vez mais gente chegava, formando uma imensa pista de dança no centro do galpão.

Um dos fatos interessantes que ocorreu naquela oportunidade foi o desaparecimento de nosso guitarrista-solo e mago da eletrônica, no meio uma música e em pleno baile. Detalhe: após deixar a pobre guitarra, estendida e solitária no chão.

Também outro fato hilário que veio a ocorrer com o nosso valoroso guitarrista (posteriormente tecladista oficial da banda), foi quando tocávamos uma música num determinado tom e ele entrou solando em outro. Quando foi questionado pelo erro tão elementar, simplesmente respondeu que era daquela maneira que ele havia aprendido anos atrás.

Confesso não ter sido uma daquelas noites inspiradas do Pitomba, mas, com o galpão lotado e num ambiente bastante descontraído, a coisa ainda rolou por quase duas horas.  Por sinal, naquele dia, fizemos o baile a troco do lanche, ou seja, um pão com salame e uma coca-cola quente.

Mas que o trem ficou bão dimais, isso ficou!

Semana que vem conto outra.

Crônica: Serjão Missiaggia

Um comentário:

  1. Em ocasiões como essa, de improviso e coragem, é que o músico mostra a sua capacidade e a música sua possibilidade de conectar as pessoas a um clima de união na descontração. Depois disso, na comunhão (comum-união) do som, se torna detalhe se o andamento está assim ou assado ou algum tom está errado, pois a diversão está garantida!

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