Aproveitando
o embalo da postagem feita, na Página Pitomba, por nossa amiga Soninha, sobre
as BRINCADEIRAS DANÇANTES dos anos 60 e 70, lembrei-me de algumas que
aconteceram ao som da Pitomba. E uma delas foi quando, em 1973 fomos tocar no
Ginásio do Sôbi.
Mas, ainda
antes de continuar a narrar essa história, gostaria de abrir um pequeno parêntese
para ressaltar o dinamismo e o entusiasmo de nosso eterno comandante Betto
Vampiro, uma pessoa além do tempo. Isso pra não falar de sua coragem em
viabilizar eventos como esse. Afinal de contas, em se tratando de Pitomba,
havia sempre um alto grau de risco no que tange ao comprometimento do
desequilíbrio da ordem cósmica. Mas isso é outro assunto e voltemos à
apresentação.
Era uma noite
de sexta-feira, um dia normal de final de semana, quando, repentinamente, chegaríamos
ao ginásio com uma velha rural emprestada ao Beto Vampiro, lotadinha de
aparelhagem. Confesso não me lembrar bem de como teria surgido a ideia dessa
apresentação, mas recordo-me apenas ter sido tudo de última hora, além, é claro,
de algo bastante ousado para a época.
Assim, enquanto
descarregávamos e montávamos os instrumentos no galpão, o pessoal do turno da
noite, que já ia saindo e vendo toda aquela movimentação, nada entendia do que
estaria pra acontecer. Era uma correria desenfreada, pois, afinal de contas, nosso
desafio, era tentar em pouquíssimo tempo, adaptar o local para “o grande show”.
Enfim, após
a instalação de um spot light aqui, outro ali, juntamente com a colocação de
luz negra e uma estroboscópica de fabricação própria, lá pelas onze da noite,
começaríamos a tão esperada BRINCADEIRA DANÇANTE. Enquanto, íamos, literalmente,
“executando” a primeira música do repertório “Everything's Coming Our Way” do
Santana, cada vez mais gente chegava, formando uma imensa pista de dança no
centro do galpão.
Um dos
fatos interessantes que ocorreu naquela oportunidade foi o desaparecimento de
nosso guitarrista-solo e mago da eletrônica, no meio uma música e em pleno
baile. Detalhe: após deixar a pobre guitarra, estendida e solitária no chão.
Também
outro fato hilário que veio a ocorrer com o nosso valoroso guitarrista (posteriormente
tecladista oficial da banda), foi quando tocávamos uma música num determinado tom
e ele entrou solando em outro. Quando foi questionado pelo erro tão elementar,
simplesmente respondeu que era daquela maneira que ele havia aprendido anos
atrás.
Confesso
não ter sido uma daquelas noites inspiradas do Pitomba, mas, com o galpão
lotado e num ambiente bastante descontraído, a coisa ainda rolou por quase duas
horas. Por sinal, naquele dia, fizemos o
baile a troco do lanche, ou seja, um pão com salame e uma coca-cola quente.
Mas que o
trem ficou bão dimais, isso ficou!
Semana
que vem conto outra.
Crônica:
Serjão Missiaggia
Em ocasiões como essa, de improviso e coragem, é que o músico mostra a sua capacidade e a música sua possibilidade de conectar as pessoas a um clima de união na descontração. Depois disso, na comunhão (comum-união) do som, se torna detalhe se o andamento está assim ou assado ou algum tom está errado, pois a diversão está garantida!
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