Constantemente,
conversando com amigos, ou amigas, ouvimos reclamações do tipo:
- E se eu
tivesse ficado solteiro (ou solteira), nada disso teria acontecido – ou:
- E se eu
tivesse tomado a pílula – ou, uma constante nos dias atuais:
- E se o
tal partido tivesse ganhado a eleição, não haveria mais corrupção.
O fato é
que existem alguns momentos em que se torna mais difícil encarar a vida como
ela é. Ou, melhor dizendo, pinta um arrependimento de ter escolhido o caminho
que escolhemos.
Tomando
como exemplo a primeira das reclamações, a pessoa, às vezes, fica contrariada
com o parceiro, ou com a parceira, fato que não deve acontecer com a maioria de
vocês, mas, naquele momento de ira, arrepende-se de ter casado e começa a
pensar em quê? Nas inúmeras vantagens e prazeres que teria SE não tivesse se
casado.
Ora, esse
é um pensamento absolutamente torto porque, no momento em que fazemos uma
escolha, jogamos na lata do lixo TODAS as outras opções. Se casamos, por
exemplo, deletamos do nosso sistema algumas prerrogativas típicas dos
solteiros, como: noitadas, sexo casual, descompromisso. Por outro lado,
adquirimos algumas benesses da vida de casado: companheirismo, disponibilidade
sexual, filhos, família.
Ou seja,
é bem possível, e às vezes até mesmo desejável, que se rompa o vínculo
matrimonial em virtude de uma série de incompatibilidades, ou não. Mas, o que é
impraticável é voltar a viver como solteiro e querer manter aquelas regalias
que se tem quando se é casado. Ou continuar casado e manter os privilégios dos
solteiros.
Portanto,
uma grande maldição do nosso tempo é esse inútil exercício de “issiologia”: ah,
eu estou grávida, mas, e se eu tivesse tomada a pílula, ou, e se eu tivesse tomado
um chá e ido dormir?
Gente, o “E
SE” não leva a nada, ou, se levar, conduz certamente à infelicidade. Vou me
abster aqui de comentar o “issismo” na política pois sei que serei acusado de
defender ou atacar algum partido. Na verdade, a eleição é uma escolha. E, como
qualquer escolha, tão logo você elege uma opção, TODAS as outras estão
excluídas.
É lógico
que, voltando à questão do casamento, se você escolhe ser solteiro, você não vivenciará
as amolações e as desventuras de ser casado. Porém, irá experimentar, com
certeza, as amolações e as desventuras... de ser solteiro. Alguém duvida?
Crônica:
Jorge Marin
Foto : disponível em http://www.tophdgallery.com/queen-i-want-to-break-free.html
E se eu não tivesse conseguido um tempo para colocar em dia a leitura desse blog, teria perdido esta sábia e sensata crônica.
ResponderExcluirFoi legal ter agora jogado fora as outras opções!