sexta-feira, 14 de agosto de 2015

A MALDIÇÃO DO ISSI


Constantemente, conversando com amigos, ou amigas, ouvimos reclamações do tipo:
- E se eu tivesse ficado solteiro (ou solteira), nada disso teria acontecido – ou:
- E se eu tivesse tomado a pílula – ou, uma constante nos dias atuais:
- E se o tal partido tivesse ganhado a eleição, não haveria mais corrupção.

O fato é que existem alguns momentos em que se torna mais difícil encarar a vida como ela é. Ou, melhor dizendo, pinta um arrependimento de ter escolhido o caminho que escolhemos.

Tomando como exemplo a primeira das reclamações, a pessoa, às vezes, fica contrariada com o parceiro, ou com a parceira, fato que não deve acontecer com a maioria de vocês, mas, naquele momento de ira, arrepende-se de ter casado e começa a pensar em quê? Nas inúmeras vantagens e prazeres que teria SE não tivesse se casado.

Ora, esse é um pensamento absolutamente torto porque, no momento em que fazemos uma escolha, jogamos na lata do lixo TODAS as outras opções. Se casamos, por exemplo, deletamos do nosso sistema algumas prerrogativas típicas dos solteiros, como: noitadas, sexo casual, descompromisso. Por outro lado, adquirimos algumas benesses da vida de casado: companheirismo, disponibilidade sexual, filhos, família.

Ou seja, é bem possível, e às vezes até mesmo desejável, que se rompa o vínculo matrimonial em virtude de uma série de incompatibilidades, ou não. Mas, o que é impraticável é voltar a viver como solteiro e querer manter aquelas regalias que se tem quando se é casado. Ou continuar casado e manter os privilégios dos solteiros.

Portanto, uma grande maldição do nosso tempo é esse inútil exercício de “issiologia”: ah, eu estou grávida, mas, e se eu tivesse tomada a pílula, ou, e se eu tivesse tomado um chá e ido dormir?

Gente, o “E SE” não leva a nada, ou, se levar, conduz certamente à infelicidade. Vou me abster aqui de comentar o “issismo” na política pois sei que serei acusado de defender ou atacar algum partido. Na verdade, a eleição é uma escolha. E, como qualquer escolha, tão logo você elege uma opção, TODAS as outras estão excluídas.

É lógico que, voltando à questão do casamento, se você escolhe ser solteiro, você não vivenciará as amolações e as desventuras de ser casado. Porém, irá experimentar, com certeza, as amolações e as desventuras... de ser solteiro. Alguém duvida?

Crônica: Jorge Marin

Um comentário:

  1. E se eu não tivesse conseguido um tempo para colocar em dia a leitura desse blog, teria perdido esta sábia e sensata crônica.
    Foi legal ter agora jogado fora as outras opções!

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