quarta-feira, 26 de agosto de 2015

BRINCADEIRA DANÇANTE NO TERREIRO DO BELÁSQUEZ


Certa vez, cismamos em tocar no terreiro da casa de nosso contrabaixista Belásquez. Por sinal, uma tarefa nada fácil haja vista a topografia do lugar, que não nos era muito favorável. Na verdade, era totalmente desfavorável em função do acentuado declive do terreno.

Foi quando, em função desse detalhe, tivemos a infeliz ideia de montar o palco com o velho tablado da mãe de nosso guitarrista. O objetivo seria tentar nivelar o pequeno lugar em que ficaríamos juntamente com os instrumentos, mas, naquela pressa, esquecemos de apoiá-lo direito no chão. O palco se transformou numa verdadeira balança, onde ninguém poderia mexer. Se tal acontecesse, a turma que estivesse na linha de frente, de imediato subia, e os que estivessem na retaguarda, simultaneamente desciam e vice-versa.  Pra alguns, já meio etílicos saturados, foi um sobe e desce de causar vertigem.

Modéstia à parte, aquela noite foi uma sensação e motivo de comentário por muitas semanas. Tudo foi superorganizado, apesar do nosso descuido em deixar que os cachorros nadassem na bacia dos copos. Imaginem vocês que, enquanto era servida a batida de limão sobre a mesa, o cãozinho da casa e sua família se esbaldavam embaixo dela. Mas, naquela atura do campeonato, prevaleceu mesmo a velha máxima que dizia: “o que os olhos não veem o coração, digo, o paladar, não sente”.

Mas, voltando ao baile, chegamos até a adaptar vários spotlights nas árvores, deixando o terreiro todo colorido e o ambiente num belo visual. O lugar ficou lotado e, se tivéssemos cobrado ingressos naquela noite, teríamos faturado uma boa grana. Veio gente de tudo enquanto lugar e até um barzinho foi improvisado pouco abaixo do pé de ameixa.

Mesmo reconhecendo que fizemos uma tremenda “baruiada”, e que a batida de limão tava mais do que “braba”, entre vivos e desfalecidos, todos se salvaram. 

Semana que vem, terminarei esta série de postagens, contando aquela que teria sido a brincadeiras das brincadeiras ou, pelo menos, o pouco que existiu dela.

O indigitado tablado nunca mais foi devolvido e a coisa ficou feia pro nosso lado. Contarei numa outra oportunidade.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : acervo do autor

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