E aqui
estamos nós de volta à pracinha do Botafogo e, se não estou enganado, pela
terceira vez. Interessante como esse lugar, assim como o Mangueira, o Democráticos,
o Trombeteiros e o Operário, tenha marcado tanto a geração setenta. Isso ficou
bastante evidente diante vários pedidos de amigos nos solicitando que
falássemos novamente sobre a referida pracinha. Amigos esses que entraram
posteriormente na Página Pitomba e não tiveram a oportunidade de acompanharem
as primeiras postagens.
Realmente,
para a maioria dos Pitombenses, esse foi o Point dos Points. Palco de vários
namoros, sendo que alguns até terminaram em casamento. Pracinha das muitas histórias.
Violas... Encontros... Desencontros e muito mais...
Confesso
que a magia do lugar chegava a mexer com a gente e, com certeza, dos muitos
amigos que, naquela época, tiveram a felicidade de passar ali momentos tão
felizes e agradáveis.
Por sinal,
poucos eram os que, antes de entrarem ou saírem do ginásio, não davam uma
passadinha por lá. Era um ponto quase obrigatório sendo que, para alguns, até
mais que isso.
O
Conjunto CBV no Botachop era tudo de bom, e a música Preta Pretinha dos Novos Baianos
marcou pra caramba. Ficar, simplesmente, sentados em suas mesinhas, nas poltronas,
no cantinho do portão lateral ou naquela jardineira cheia de espinhos pinicando
o traseiro da gente era ainda melhor.
E, na
pracinha, muitas brincadeiras hilariantes aconteciam. Uma delas, em especial, consistia
em furar, com cigarro, um papel que ficava juntamente com uma moeda sobre um
copo. Ainda mais hilariantes eram as tarefas que teriam que ser cumpridas pelo
perdedor. Até macaco, certa vez, alguém teve que imitar, por sinal, com extrema
maestria. E quem se incomodaria em ter a mão queimada por uma mutuca,
principalmente se esta viesse de uma paquera?
Épocas de
bolsos vazios onde, constantemente, corríamos atrás dos saudosos João, Zé e Sr.
Augustinho, além do amigo Picolé, na intenção de filar um cigarro. Diga-se de
passagem, o Havaí do Picolé, literalmente, matava a pau. Interessante que
sempre chegava com apenas três deles no bolso. Qual seria o motivo?
O mais esperto
e que primeiro gritasse pelas “vinte, dez ou cinco” era, religiosamente,
respeitado pelos demais, e, do mesmo jeito, servia para quando alguém pleiteasse
o último trago. O difícil, por incrível que pareça, era conseguir chegar
primeiro.
Lugar
preferido dos bate-papos e brincadeiras, que sempre aconteciam quase todas as
noites, e muitas vezes, até mesmo durante o dia. Mas, o forte, com certeza, eram
os finais de semana, principalmente antes e depois de algum baile, ou alguma
brincadeira dançante com o Pitomba. Tudo se tornaria ainda mais fácil, pois a
sede do Operário, na época, ficava bem em frente ao Botafogo. Da pracinha, para
lá muitas vezes saíamos no intuito de ensaiar, e a turma quase sempre nos
acompanhava. Era aquela festa!
Antes de
algum baile, sempre dávamos uma breve chegadinha ao barzinho da esquina do
Dragão, pra tomar aquela coca-cola estupidamente gelada. Misturada com pinga, é
claro. Só não podíamos nos esquecer de dar uma rápida mexidinha com papel de
pão para tirar um pouco de seu forte gosto.
Muito
comum também eram as nossas saídas da pracinha numa já combinada e rotineira esticadela
até o Bar do Bode. Lá, saboreávamos aquela Fanta Laranja com vodca, um Gim
Tônica ou mesmo Fanta Uva com vodca. Esta última carinhosamente apelidada pela
turma de Viuvinha.
Recordo quando
um amigo, ao sair de sua casa, que, na época, era anexa ao prédio da estação,
vinha com seu famoso violão Giannini sobre os ombros em direção ao Botafogo.
Com certeza, iríamos escutar e, por que não, também cantar: Imagine, Something,
Without You e muitas outras.
E como
também era relaxante ficar sentado na pracinha só observando aquele vai e vem
do trem com suas intermináveis manobras! Isto acontecia, principalmente, quando
chegávamos cedo e ficávamos sozinhos à espera dos demais.
Lembro-me
bem quando, numa dessas brincadeiras, a turma agarrou um de nós e, numa bela
sacanagem, após tirar-lhe o tênis do pé, simplesmente, arremessou o calçado bem
em cima de um dos vagões do trem. A locomotiva estava naquele momento se preparando
para partir e, por muito pouco, o referido tênis não teria sido adotado por
outro pé lá pelas bandas de Ubá, Guarani ou Ponte Nova.
E assim,
a cada encontro, as horas se passavam tão lentamente, que tínhamos a nítida
sensação de que o tempo era eterno e que tudo mais, além do que fazíamos, seria
um mero detalhe.
Sentado
naquela pracinha, vi o Pitomba nascer, crescer e hibernar. Ali, começou meu
namoro, me casei, vi nascer os meus filhos e, ainda hoje, numa breve paradinha,
nos sentamos para matar saudade e jogar conversa fora.
Enfim,
nesta oportunidade, gostaria muito de citar alguns nomes, mas poderia cometer o
pecado de esquecer alguém. A cada um desses amigos, que fizeram parte da
PRACINHA DO BOTAFOGO, envio meu carinhoso abraço.
Crônica e
foto: Serjão Missiaggia
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