quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A PRACINHA DO BOTAFOGO: POINT DOS POINTS


E aqui estamos nós de volta à pracinha do Botafogo e, se não estou enganado, pela terceira vez. Interessante como esse lugar, assim como o Mangueira, o Democráticos, o Trombeteiros e o Operário, tenha marcado tanto a geração setenta. Isso ficou bastante evidente diante vários pedidos de amigos nos solicitando que falássemos novamente sobre a referida pracinha. Amigos esses que entraram posteriormente na Página Pitomba e não tiveram a oportunidade de acompanharem as primeiras postagens.  
                                      
Realmente, para a maioria dos Pitombenses, esse foi o Point dos Points. Palco de vários namoros, sendo que alguns até terminaram em casamento. Pracinha das muitas histórias. Violas... Encontros... Desencontros e muito mais...
 
Confesso que a magia do lugar chegava a mexer com a gente e, com certeza, dos muitos amigos que, naquela época, tiveram a felicidade de passar ali momentos tão felizes e agradáveis.

Por sinal, poucos eram os que, antes de entrarem ou saírem do ginásio, não davam uma passadinha por lá. Era um ponto quase obrigatório sendo que, para alguns, até mais que isso.

O Conjunto CBV no Botachop era tudo de bom, e a música Preta Pretinha dos Novos Baianos marcou pra caramba. Ficar, simplesmente, sentados em suas mesinhas, nas poltronas, no cantinho do portão lateral ou naquela jardineira cheia de espinhos pinicando o traseiro da gente era ainda melhor.

E, na pracinha, muitas brincadeiras hilariantes aconteciam. Uma delas, em especial, consistia em furar, com cigarro, um papel que ficava juntamente com uma moeda sobre um copo. Ainda mais hilariantes eram as tarefas que teriam que ser cumpridas pelo perdedor. Até macaco, certa vez, alguém teve que imitar, por sinal, com extrema maestria. E quem se incomodaria em ter a mão queimada por uma mutuca, principalmente se esta viesse de uma paquera?

Épocas de bolsos vazios onde, constantemente, corríamos atrás dos saudosos João, Zé e Sr. Augustinho, além do amigo Picolé, na intenção de filar um cigarro. Diga-se de passagem, o Havaí do Picolé, literalmente, matava a pau. Interessante que sempre chegava com apenas três deles no bolso. Qual seria o motivo?   

O mais esperto e que primeiro gritasse pelas “vinte, dez ou cinco” era, religiosamente, respeitado pelos demais, e, do mesmo jeito, servia para quando alguém pleiteasse o último trago. O difícil, por incrível que pareça, era conseguir chegar primeiro.

Lugar preferido dos bate-papos e brincadeiras, que sempre aconteciam quase todas as noites, e muitas vezes, até mesmo durante o dia. Mas, o forte, com certeza, eram os finais de semana, principalmente antes e depois de algum baile, ou alguma brincadeira dançante com o Pitomba. Tudo se tornaria ainda mais fácil, pois a sede do Operário, na época, ficava bem em frente ao Botafogo. Da pracinha, para lá muitas vezes saíamos no intuito de ensaiar, e a turma quase sempre nos acompanhava. Era aquela festa!

Antes de algum baile, sempre dávamos uma breve chegadinha ao barzinho da esquina do Dragão, pra tomar aquela coca-cola estupidamente gelada. Misturada com pinga, é claro. Só não podíamos nos esquecer de dar uma rápida mexidinha com papel de pão para tirar um pouco de seu forte gosto.

Muito comum também eram as nossas saídas da pracinha numa já combinada e rotineira esticadela até o Bar do Bode. Lá, saboreávamos aquela Fanta Laranja com vodca, um Gim Tônica ou mesmo Fanta Uva com vodca. Esta última carinhosamente apelidada pela turma de Viuvinha.

Recordo quando um amigo, ao sair de sua casa, que, na época, era anexa ao prédio da estação, vinha com seu famoso violão Giannini sobre os ombros em direção ao Botafogo. Com certeza, iríamos escutar e, por que não, também cantar: Imagine, Something, Without You e muitas outras.

E como também era relaxante ficar sentado na pracinha só observando aquele vai e vem do trem com suas intermináveis manobras! Isto acontecia, principalmente, quando chegávamos cedo e ficávamos sozinhos à espera dos demais.

Lembro-me bem quando, numa dessas brincadeiras, a turma agarrou um de nós e, numa bela sacanagem, após tirar-lhe o tênis do pé, simplesmente, arremessou o calçado bem em cima de um dos vagões do trem. A locomotiva estava naquele momento se preparando para partir e, por muito pouco, o referido tênis não teria sido adotado por outro pé lá pelas bandas de Ubá, Guarani ou Ponte Nova.

E assim, a cada encontro, as horas se passavam tão lentamente, que tínhamos a nítida sensação de que o tempo era eterno e que tudo mais, além do que fazíamos, seria um mero detalhe.

Sentado naquela pracinha, vi o Pitomba nascer, crescer e hibernar. Ali, começou meu namoro, me casei, vi nascer os meus filhos e, ainda hoje, numa breve paradinha, nos sentamos para matar saudade e jogar conversa fora.

Enfim, nesta oportunidade, gostaria muito de citar alguns nomes, mas poderia cometer o pecado de esquecer alguém. A cada um desses amigos, que fizeram parte da PRACINHA DO BOTAFOGO, envio meu carinhoso abraço.

Crônica e foto: Serjão Missiaggia

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