sexta-feira, 20 de março de 2015

VEJAM COMO SOU LINDO!


Quem navega pelo Facebook por estes dias tem a nítida impressão de que as pessoas estão cada vez mais conscientes e informadas sobre os assuntos mais diversos.

Todo mundo sabe qual a melhor alternativa para o caos moral no qual mergulhou o país, todos conhecem a alimentação ideal para uma vida saudável, e praticamente todos entendem como cultivar amigos, milhares de amigos.

Só uma coisa grande parte das pessoas não sabe: como reagir a uma crítica. Quando criticadas, elas se ofendem, tomam como uma ofensa pessoal e, basta contrariar as suas convicções, que ficam agressivas e até mesmo ameaçam fazer aquilo que, acham elas, seria a maior tristeza para o pobre crítico: desfazer a amizade.

Esse comportamento, embora apareça mais no Face, não é restrito às redes sociais. Diz o filósofo Luiz Felipe Pondé, autor do livro “A Era do Ressentimento”, que há um sentimento meio que universal de achar que todos devem nos amar mais do que normalmente amam, e reconhecer valores que, na realidade, não temos. Diz o filósofo que, quando cai a ficha de que os outros não estão nem aí pra nós, assim como a natureza existe por si e, da mesma forma, não tem a menor “preocupação” com a nossa existência ou não, entramos num desespero que outro filósofo, Nietzsche, chamava de ressentimento.

O ressentimento é uma ilusão de que temos “direito” a essa adoração que muitas mães costumam devotar aos seus filhos, com a finalidade de, através das crianças, emergir do mar de mediocridade na qual se veem às vezes mergulhadas.

Mas o ressentimento funciona também como uma defesa com a qual cuidadosamente construímos o nosso narcisismo. Fala-se muito que vivemos um tempo de narcisismo e egocentrismo e costumamos associar tais conceitos a artistas e pessoas muito belas e poderosas que, por isto, são apaixonadas por si mesmas.

Na verdade, o que ocorre é o oposto: narcisistas são, geralmente, pessoas inseguras e solitárias que têm uma inveja crônica dos outros e, paradoxalmente, se julgam alvos da inveja, vítima de “olho gordo”. O que o narcisista não percebe, no seu delírio de poder e genialidade, é que a sua empáfia e falta de talento não são capazes de despertar nada além de desprezo.

Crônica: Jorge Marin

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