quarta-feira, 25 de março de 2015

CONHECENDO O PASSADO E ENTENDENDO O PRESENTE


Dando uma passada de olho na revista NOVA ESCOLA de setembro de 2014, uma matéria escrita por Daniele Pechi (novascola@fvc.org.br), intitulada “MINHA CIDADE TEM MUITO QUE CONTAR”, chamou minha atenção. Trocando em miúdos, a referida matéria falava sobre um projeto didático que foi desenvolvido por Rachel de Lima, Priscila Garcia e Izis Macias, professoras da classe de 4º ano em Londrina, tendo como objetivo o conhecimento do passado, discutindo seu presente, vinculando noções de patrimônio e também as questões humanas e culturais na construção da identidade de um povo.

Estudar o local a que pertencem e os hábitos de sua população, ajudando os estudantes a compreenderem que eles fazem parte também da história. Toda cidade tem muito que contar, e, em Londrina, as crianças estudaram o passado e o presente da Rua Sergipe, patrimônio local. O objetivo era que a turma conhecesse o passado da via e discutisse sobre seu presente, abordando diversos aspectos, não somente arquitetônicos, como também humanos e culturais.

Foram feitas visitas a locais significativos e entrevistas com familiares mais velhos. Estudaram-se fotos, objetos, livros, jornais do passado e visitas aos antigos comércios, inclusive observando fachadas originais, se ainda existirem.

Aí fiquei a lamentar pelos muitos que nunca ouviram falar que nossa cidade, entre umas e outras coisas, já foi um dia servida por uma linha férrea, que cruzava algumas ruas centrais, onde os famosos trolinhos deslocavam-se em pequenos trilhos até a interior da Cooperativa de Leite e da Fábrica de Tecidos, para o escoamento de seus produtos. 

Será que alguém se lembra que, naquela mesma fábrica, existia e apitava uma sirene às cinco da matina para chamar seus operários e que, dentre tantas e tantas histórias ali acontecidas, já constaram em seu quadro de funcionários mais de mil e quinhentas pessoas?
                                                                                                                                               
Quantos se recordam que, somente ali na Rua Coronel José Dutra, existiam inesquecíveis lojas comerciais, como CASA LEITE, O GURI, A BRASILEIRA, a CASA MATOS e a TIPOGRAFIA (com seu famoso mural de avisos conhecido por décadas como A PEDRA DA TIPOGRAFIA), sem falar nos estabelecimentos menores cujos nomes se confundiam com o dos proprietários: compra isso lá no NICOLINO, ou no NICOLAU, na farmácia do BATISTA, ou na charmosa lojinha da APARECIDA LADEIRA (A Caçula).

A Rua do Sarmento era palco dos famosos vai e vens de fim de semana, dos memoráveis desfiles civis e militares, das escolas de samba, batalha de confetes, dos expressivos e românticos bares noturnos, além de um respeitável salão de jogos.

Será que os jovens de hoje sabem que havia dois cinemas na cidade, o Cine Brasil e o Cine Rádio, sendo o primeiro deles o nosso atual Centro Cultural? E um importante e inesquecível educandário de nome Instituto Barroso (com sua famosa fanfarra), dirigido pelo nosso saudoso e eterno mestre Sôbi. Isso sem falar de inúmeras indústrias, como a fábrica de macarrão, vassouras, tampinhas, ferraduras, calçados Sylder, Scala e Dragão, sendo que esta última funcionava ali onde está sendo construído um belo e moderno shopping.

Entre os salões de jogos, podemos citar o mais famoso deles que era a Sinuca do Cida onde funciona hoje o restaurante Salu. Entre os hotéis, o Grande Hotel (hoje Comunidade Cristã Evangélica) e o Hotel Monte Castelo ali na Praça Rio Branco.  

Havia também românticos e bem montados restaurantes, como o Bar Dia e Noite (na Rua Coronel José Dutra, hoje uma grande loja de eletrodomésticos), o Bar do Floriano (também no Calçadão, hoje Curso Apoio), o Bar São Jorge e a Padaria do Cruz na Praça Carlos Alves.

Enfim, quantas e ricas histórias somente ali na RUA DO SARMENTO, hoje conhecida pelos mais jovens apenas por Calçadão... 

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : facebook do Hedilson Sanábio


6 comentários:

  1. Boas lembranças! Meu pai trabalhou muitos anos na loja "A Brasileira".

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  2. Algo que me marcou muito vendo a “Brasileira” foi quando em umas de suas vitrines ficaram expostas armas para venda. Imaginem se isso seria possível nos dias de hoje? Não ficaria unzinha pra contar história meu irmão kkkkk

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    1. Outra exposição que, nos dias atuais, iria fazer muito sucesso, foi quando fizeram uma vitrine exclusivamente com frascos de lança-perfume. Não ia restar nem um cheiro!

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  3. Meu amigo Serjão está se mostrando um ótimo historiador!
    Parabéns pela agradável e informativa postagem. Uma interessante visitinha ao passado!

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  4. A nossa estória começa aqui, SÃO JOÃO NEPOMUCENO,
    A saudade é muito forte, a lembrança maior ainda,
    Pode passar o tempo, mas nunca apagara as lembranças

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  5. Relato fiel por ser eu testemunha de tudo que escreveu. Fiquei também emocionada quando vi a foto da " A BRASILEIRA" Em uma das vitrines ficava expostas umas jóias e eu nos meus 11 anos passava todo dia por lá e ficava namorando uma pulseira de plaquinha até que juntei umas moedinhas que minha vovó Madalena me dava e um dia comprei a tal pulseirinha que tenho até hoje. Edna

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