quarta-feira, 25 de junho de 2014

POSTE MORTAL - CAPÍTULO 2 - Nóis ranca com o poste e tudo!!!



Ainda antes de dar continuidade a este dantesco causo, gostaria de dizer que, pelo fato de recentemente terem retirado o poste original do local, passei uma tarde de domingo à procura de um que tivesse as mesmas características. Já um tanto desanimado, qual não teria sido minha surpresa ao perceber que, quase em frente à minha casa e bem próximo do verdadeiro lugar, ainda existia este belo exemplar.

Mas, continuando o causo, provavelmente teria sido um erro de cálculo, pois, após estudar minuciosamente o ocorrido, descobri que, ao introduzir o dedo com um pouco mais de pressão no buraco, deixei que as juntas penetrassem além do costume.

E ali estava eu. Por um erro de cálculo, tornei-me um indefeso prisioneiro de um POSTE e, o que é pior, exatamente na Rua Nova, que sempre foi uma rua bem movimentada.

Em vão, fiz as primeiras tentativas de escapulir dali. Procurei disfarçar, mas era impossível. Já alguns curiosos começaram a circular ao meu redor e a aglomerar ao meu lado, enchendo-me de palpites, piadinhas e gozações. E eu ali, indefeso, preso e já começando a ficar preocupado.

Um infeliz, já meio alcoolizado, passou pelo local e, com um terrível bafo de pinga e aquele olhar pesado de todo pinguço, olhou para mim, olhou para placa, novamente olhou para mim e, colocando a mão em meu ombro, sussurrou baixinho em meu ouvido:
- Gente boa, fica frio, a placa é contraMÃO, mas só o DEDINHO pode! (Depois dizem que bebum não pensa!...)

Fui levando tudo na brincadeira, pois, até então, acreditava que sair dali era questão de momentos, ou uma certa perícia, e isto eu acreditava que tinha.
O número de curiosos aumentava a cada instante e, entre uma piadinha e outra, chega o Sr. Saul que, com sua já conhecida educação, vai pedindo licença a todos, fazendo chegar até a mim uma cadeira, ou melhor, um banquinho amarelo ouro, sem encosto, duro e bem desconfortável. Mas valeu, pois já um suor frio principiava a dar sinal em meu corpo. Foi nessa hora que comecei a pressentir que a coisa era bem mais séria do que pensava. E o suor começou a escorrer!

Imaginem só: uma pessoa sentada num banquinho amarelo ouro, no meio da calçada, com uma mão na cintura, a outra mão a meia altura, fazendo sei lá o quê, num poste qualquer, em plena Rua Nova!.. Ou é maluco ou é promessa!
O suor aumentava... E se me desse vontade de ir ao banheiro?

Chega o Zé da Carroça! Olha daqui, olha dali e meio desconfiado, tira o cigarro de palha da boca e vai logo dizendo besteira:
- Procupa não, moço!!! Se ocê não saí por bem, nóis ranca com o poste e tudo!!!

Naquele momento, as gotas de suor já escorriam pelo rosto e as mãos começavam a ficar frias. Ouço então, do meio da multidão, a palavra “cavadeira”. Aí também não!... Ficar aqui agarrado, ainda passa! mas, sair daqui levando comigo um poste, nem pensar!...Está fora de qualquer cogitação!!! E depois... levar para onde? Hospital?.. Prefeitura?..Ferreiro de plantão?.. Jamais.!!!! E a minha reputação?

Imaginem vocês o que significa uma notícia dessas no rádio ou jornal de uma pequena cidade do interior como a nossa. -"Genro do Barroso dá entrada no Hospital S. João acompanhado de um poste". Seria cômico se não fosse triste.

NA PRÓXIMA SEMANA: a solução final. Não percam !!! 

Crônica e foto: Serjão Missiaggia 

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