sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O PADRE E O DIVÃ


Ver o depoimento do padre Marcelo Rossi no programa Fantástico de domingo passado deve ter sido um duro golpe para a sua multidão de admiradores, seguidores e fãs.  Eu mesmo, que não sou uma coisa nem outra, fiquei consternado ao ver o depoimento do antigo ícone da Igreja Católica na década de 2000.

Abatido, esquálido e com a fala arrastada, a ponto de demandar a colocação de legendas em alguns momentos da entrevista, o sacerdote, inegavelmente uma grande alma e um caráter exemplar, fez talvez um dos seus pronunciamentos mais marcantes, ao reconhecer a sua fragilidade humana, os seus pequenos pecados e até mesmo o seu desamparo perante a vida.

O padre, que nunca deixou de ter uma multidão de ouvintes e telespectadores, afirmou ter passado por uma séria depressão, mas, por julgar que a doença não passasse de “frescura”, resolveu não procurar acompanhamento, nem médico nem psicológico.  Resultado: sofreu a dor profunda e o desamparo absoluto da depressão.  Segundo ele, recuperou-se parcialmente através do canto, da escrita e da oração.

Ora, ora!  É louvável que o sacerdote, conhecedor desses três campos, tenha tentado se reerguer a partir daí.  No entanto, a simples mirada de sua figura na telinha da TV, mostra que ELE NÃO CONSEGUIU!  E aí, é inevitável a pergunta, que a repórter fez e ele respondeu positivamente: um padre deve submeter-se ao tratamento psicológico, psicanalítico ou psiquiátrico?

Gente, assim como em Mateus 22 (a César o que é de César e a Deus o que é Deus) e, mais recentemente, em Sharon Axé Moi (cada um no seu quadrado), é preciso que tenhamos em mente que, em caso de DOENÇA, devemos procurar o profissional habilitado a tratá-la! E isso vale para padre, médico, policial, dona de casa ou qualquer um.

Entregar para Deus, por mais fé que se tenha, é eximir-se do próprio problema. Temos, nesta jornada terrestre, uma vocação irresistível para sermos felizes.  Mas isso nos coloca algumas responsabilidades: a primeira é, com certeza, cuidar da própria saúde.  Outra responsabilidade, que também julgo fundamental, é não atrapalhar os outros.  Se não quiser ajudar, não ajude, mas, pelo menos, não atrapalhe!

No mais, como canta o padre Marcelo, hoje com certeza mais sábio e mais conhecedor da alma (e agora também do corpo) humanos: erguei as mãos e dai glória a Deus!
 
Crônica: Jorge Marin

2 comentários:

  1. Assisti a entrevista e achei o Padre Marcelo de uma humildade exemplar e sempre que escuto as suas mensagens ele está sugerindo que os doentes procurem médicos, que não tomem remédios sem consultar um médico...mas que tenham fé , orem para Deus abençoar o tratamento... Ele é homem como qualquer um de nós :sente dor, adoece, engorda, e vai morrer um dia! Ele nunca disse que não devemos procurar um médico , ele até abençoa os remédios em nome de JESUS. Ele é um Padre abençoado e muito carismático e um grande ser HUMANO. Vibro por ele e sou seu fã como católico e apaixonado por JESUS CRISTO.

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    1. Realmente, o Padre Marcelo é um exemplo de sacerdote e uma figura humana notável. Vê-lo desamparado e doente é somente uma prova da sua humanidade. O que foi questionado aqui não foi a atitude do padre (a não ser uma demora para iniciar o tratamento, que ele próprio admitiu), mas sim uma tendência que muitos temos em "entregar pra Deus", esquecendo da nossa responsabilidade com nosso próprio corpo e mente. Além disso, ficou a tristeza de perceber que o padre, mesmo que estiver se submetendo a algum tratamento, ainda não está bem. É uma pena.

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