quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

DELINEANDO O PASSADO


Confesso que sou um esmiuçador juramentado de fotografias. Fico a buscar o menor dos detalhes em cada uma delas, e, se for uma daquelas do tempo da vovó, meu amigo, aí é que viajo mesmo!  Interessante é que isso é uma coisa meio que assim de família, pois tenho uma irmã que tem essa mesma mania. Isto pra não falar do fato curioso de adorarmos também aquele cheirinho de madeira nobre dos móveis antigos. Mas isso ficará pra depois...

Já que o assunto agora são as fotografias, confesso que sou apaixonado por essa imagem que está ilustrando a postagem. É uma de minhas favoritas e talvez a melhor foto panorâmica da cidade não contemporânea que conheço. 
Mas, afinal de contas, de onde teria surgido esta preciosidade? Deparei-me, por acaso, com ela no facebook Curtir São João Nepomuceno, mas gostaria imensamente de ter dado crédito à sua verdadeira origem.

Minha primeira curiosidade é de que ano seria. Com certeza, em seu verso, deverá vir constando a data e, quem sabe, até outras informações pertinentes, mas, enquanto não as obtenho, vou dando alguns pitacos. Fica aí já convocadíssima minha mana e os amigos que quiserem ajudar.

De imediato, algo que me chama a atenção, é o fato de ainda não haver o prédio do antigo Banco do Brasil ali ao lado da sede do Mangueira. Da mesma forma, o prédio da Fábrica de Macarrão que existia ao lado de minha casa na Rua Zeca Henriques. Lembro-me vagamente da construção do prédio do Banco do Brasil, sendo que a construção da Fábrica de Macarrão ocorreu quando eu estaria, mais ou menos, com dois anos.

Um segundo detalhe são essas belas árvores na descida da Guarda Mor Furtado juntamente com os antigos postes de ferro da Companhia Força e Luz Cataguases Leopoldina e suas lâmpadas ainda incandescentes. Recordo-me bem dessas árvores, juntamente com suas lacerdinhas que ficavam a penetrar em nossos olhos, causando uma ardência insuportável. Com meus oito a dez anos, me embioquei muito em suas copas brincando de pique esconde, sendo que na época, já estariam um pouco mais velhas, uns cinco anos, talvez. Presumo então, que esta foto teria sido tirada em torno de 1960.

Esse jardim era algo impressionante de tão belo e ainda mais tocante quanto ao zelo com o qual era cuidado. A poda de suas árvores era feitas de maneira artesanal sempre copiando a forma de algum objeto. Em seu início, existia um arbusto em forma de trono que era meu preferido em que a meninada adorava sentar. 

Agora, já fazendo bom uso do zoom de meu PC, observo que existia uma imensa árvore na Praça Carlos Alves, e isso me intrigou bastante. Até então, nunca havia visto uma imagem ou sabido que ali já tivesse existido, no passado, uma árvore daquele porte. Um tanto curioso, procurei entrar em contato com meu estimado mano, obtendo a seguinte resposta:
“Quanto à árvore, claro que existiu, ao lado do coreto, dando sombra
para a turma do bate-papo. Sua destruição, juntamente com o coreto,
foi um crime estético. Era uma praça belíssima, cartão postal de São João”.

Mas, voltando à foto, se não estou enganado, consegui apenas visualizar três carros pelas ruas da cidade, por sinal num monstruoso engarrafamento subindo ali na Rua Capitão Braz em direção à Praça Carlos Alves. E dizer que, mais ou menos naquele mesmo período, quase fui atropelado pelo bisorrão do Padre Trajano que, no momento, estaria passando em frente à minha casa, guiado pelo sacristão Sr Juquita.

Brinquei muito na casa de um amigo que morava no belo casarão de dois andares onde, posteriormente, foi construída a residência da família Leite. Lamento que a foto não tenha captado na íntegra a histórica e não menos majestosa construção, que era a antiga casa dos Pulier.

Também muito interessante, e que se percebe com certa nitidez, é a imagem da residência da família Rocha ali na Rua Fortes Bustamante tendo, em frente à calçada, a estrada de ferro literalmente dividindo a rua em duas.
Fácil visualizar o Bar Central, Democráticos, Trombeteiros, Mangueira, Correios, Grupo Coronel, Cine Brasil, casarão que ficava na Praça Carlos Alves, Hotel Monte Castelo, Haroldo Veiga, Bar do Floriano (hoje Curso Apoio) e, claro, nossas eternas e imponentes imagens do Ginásio do Sôbi, Igreja do Rosário e Capelinha de Santo Antonio.

Meu Deus! E como tínhamos arvores nesta época!

Seria a carroça de nosso Saudoso Dadá Lixeiro que estaria estacionada no morro da Matriz?

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: facebook Curtir São João Nepomuceno

3 comentários:

  1. Realmente uma linda foto!

    Me impressiona como as praças eram bem cuidadas tempos atrás, com suas plantas e bancos em bom estado.
    Penso que atualmente as praças estão negligenciadas em sua função de sociabilização para os moradores e de cartão turístico da cidade para os turistas.

    Adoro estas imagens panorâmicas onde se vê muito céu e poucos prédios. Cenas cada vez mais raras!

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    Respostas
    1. É isso mesmo, Sylvio, temos uma tese de que, ao contrário do pensamento comum segundo o qual "as praças não ficam conservadas porque os vândalos destroem", na realidade, as pessoas destroem o patrimônio porque este não é bem conservado. E temos vários exemplos de praças destinadas ao convívio social como a do Chafariz em São João e a do Bom Pastor em Juiz de Fora, onde equipamentos são instalados para uso da comunidade e permanecem em perfeito estado de conservação, até que... muda a administração municipal.

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  2. Maravilhosa fotografia!...
    Ao olhar para ela, meu primeiro pensamento foi (e eu acabei falando alto) minha querida cidade... esta é a minha cidade, a cidade da minha infância.
    Serjão, vê se dá para perceber se a lateral esquerda de quem sobe para a Matriz; o lado da casa da dona Diná Leite já está com calçamento? Pergunto, porque lembro-me perfeitamente que no ano de 1964 esta rua ainda não havia sido calçada. Em um dos Grêmios literários do Colégio, respondi em uma entrevista que se eu fosse prefeita mandaria calçar aquele lado, pois ficava todo escorregadio e difícil de subir em época de chuva ao mesmo tempo que fora do tempo chuvoso tinha muita poeira e que se um lado já estava calçado, por que não o outro? Talvez esta informação ajude a localizar a data.

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