sexta-feira, 11 de maio de 2012

RELEITURAS: O DISCO VOADOR II


1974 - RELATÓRIO ENVIADO AO DIRETOR DO DOPS pelo Delegado Hermínio José Theodoro: “28 de abril de 1974.  Guarantã (423 km a noroeste de São Paulo) foi abalada pela notícia de que o indivíduo Onilson Patero foi sequestrado por um DISCO VOADOR a 12 quilômetros desta cidade.”
17/07/1974 – JORNAL FOLHA DA TARDE – “Pescadores da praia de São Miguel, distante 15 quilômetros de Florianópolis, afirmam ter visto um disco voador cair no mar, no último dia 13 de julho.”
09/08/1974 – JORNAL NOTÍCIAS POPULARES – “Um Disco Voador desceu na primeira semana de agosto de 1974, na fazenda do Recanto, município de Moselândia, pequena cidade distante 400 quilômetros de Goiás.
1974 – SÃO JOÃO NEPOMUCENO – Sílvio Heleno tenta, desesperadamente, fazer decolar a Dkw Vemaguete, mas a danada nem ia pra frente e nem pra trás, enquanto o Dalminho conseguia finalmente, completar sua frase: DOR, ele disse (DISCO VOA... DOR).
- Sai aí e empurra, pessoal! – comandava o Sílvio.  Prontamente, ninguém saiu.
- Pessoal, dá licença que eu vou ter que dar um pulim ali, na fazenda do Tio Gabi.  Amanhã a gente se fala – disse o Serjão.  Depois, lembrando dos cachorros da Fazenda Santa Fé, também travou dentro do carro.
Até que alguns saíram mas, ao invés de empurrar o carro, esconderam atrás daqueles canteiros (na época, novinhos) e até debaixo dos bancos.
Zé Nely, imponente com seu cabelo afro foi taxativo:
- Ô gente, vamo a pé mesmo, porque eu não gosto “dessas coisas” não.
A discussão esquentou:
- Vamos chegar mais perto! A gente faz a Istrumbiguete pegar e fica com os vidros fechados!
- Tá doido, Silveleno?  Diz que um trem desses derrubou um Mig semana passada.  E, além disso, os vidros não estão fechando!
- É mesmo.  E se acontecer alguma coisa com a gente?  O lugar público mais próximo aqui é a zona e, mesmo assim, com essa friagem, já deve estar fechada!
- Zona não fecha por causa de frio não, moço! 
- Ah é!  E o que é que você entende de zona?
- Vão parar, gente.  As luzes tão piscando de novo.
A situação de pânico generalizado sempre foi muito comum na história do Pitomba e, nesta hora, não poderia ser diferente: muito grito, muita reclamação, muita histeria, até se começar a tomar uma atitude... respirar fundo, unir todos os medos e encarar a crise de frente.
Tentaram um pacto de lealdade.  Sílvio tentava motivar a galera:
- Pensa bem, pessoal.  A gente pode entrar para a história.  Já pensou, na semana que vem o O Cruzeiro e a Manchete, com a gente na capa e umas letras garrafais assim: Primeiro Contato Imediato, documentado e fotografado do Brasil.
- Fotografar como, Silveleno?  Só se for com o isqueiro. 
Enquanto isso, o objeto permanecia imóvel, passivo, parecendo sempre estar observando o carro e seus ocupantes. Foi então resolvido, numa breve reunião (sem unanimidade), dar uma ida até lá em cima e checar, do outro lado do campo, do que realmente se tratava.                        (continua)

(Crônica original: Serjão Missiaggia. Adaptação e releitura: Jorge Marin)

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