quarta-feira, 21 de setembro de 2011

CONSIDERAÇÕES SOBRE O RABO DOS OUTROS

Francis Rossi, guitarrista do Status Quo, cortando seu rabo de cavalo (foto: mrpaparazzi.com para o jornal The Guardian)

A notícia no jornal inglês é: “Rabo de cavalo faz com que pai tire filho de escola do Reino Unido”. Bom, pelo menos não é nenhuma tragédia a qual estamos acostumados a ser bombardeados todos os dias. A questão aí é que o Mr. Geoff resolveu tirar o filho da escola porque os diretores pediram que o filho dele, Connor, de 11 anos, cortasse o rabo de cavalo que usa em seu cabelo. O menino entrou para escola agora em setembro, que é quando tem início o ano letivo lá na Europa, e, como o pai se recusa a cumprir a regra do colégio, a direção da escola decidiu que o menino vai assistir às aulas sozinho, separado do resto da classe, até se adequar às regras do colégio.
Confesso que me lembrei do tempo do Sô Bi, quando havia aquelas inspeções para ver se o uniforme estava certo, a cor dos sapatos, o cumprimento das saias e a altura dos bolsos. Naquele tempo, uma notícia desse tipo iria me encher de revolta e eu iria protestar contra os diretores do colégio e armar aquele barraco. Na verdade, eu não iria fazer nada porque, além do respeito que aprendemos dos nossos pais, morríamos de medo do Sô Bi.
Hoje, mais sábio em anos, eu me pergunto por quê razão uma pessoa que não aceita cortar o rabo de cavalo do filho resolve matriculá-lo numa escola que não permite nenhum tipo de excentricidade nos penteados?
Parece uma coisa boba, mas o que mais se vê atualmente é esse tipo de “protesto”. Uma moça que trabalhava em minha casa disse que resolveu entrar para uma igreja evangélica, mas que achava um absurdo não poder usar calças compridas, e estava brigando com o pastor porque ela só ia aos cultos de calças compridas. O pior é que ela pediu a minha opinião e eu estava “naqueles dias”. É, gente, homem também tem disso, principalmente quando o Botafogo perde. A minha resposta foi um exemplo de sutileza: eu acho que você é uma idiota, porque, se você quer frequentar uma igreja que não admite mulheres usando calças compridas, por que é que você quer teimar em ir de calças compridas? Agora, se a calça comprida for muito importante, por que é que você não troca de igreja? Certamente vai ter uma que admite o uso de calças compridas...
A moça não voltou mais lá em casa, mas, querem ver um outro exemplo? A mulher não gosta que o marido beba, briga, reclama, e acabam se separando. Daí a um tempo, ela se refaz, e vai tentar achar um novo príncipe encantado. Onde? Num barzinho. Dá pra entender?
Tem também um caso clássico da moça que adora usar minissaia e resolve namorar um moço muito ciumento que não admite que sua mulher saia com as coxonas de fora. Aí sabem o que ela faz? Chuta o namorado? Essa é a alternativa lógica, mas o pior é que ela não faz isso. Ela, simplesmente: a) sai, sorrateiramente, de minissaia, e fica escondendo o tempo todo para não encontrar com o marido e, pior: b) não sai mais de minissaia e reclama do marido com todo mundo, inclusive com o pai e a mãe.
Parece brincadeira, mas esses casos, todos eles, são clássicos e provam uma coisa: que as pessoas se acham diferentes, superiores às outras. Sei que tem uma placa de “estacionamento proibido”, mas eu vou parar lá. Estou pagando o título depois do vencimento, mas vou falar para o caixa não me cobrar juros. Isso é um absurdo!
Acho que defendemos tão bem os nossos egos, que acabamos acreditando naquela imagem majestosa que fazemos de nós mesmos. Com a palavra, o espelho...

(Crônica: Jorge Marin)

2 comentários:

  1. Jorge, o tal de " aqueles dias " deve ter sido quando o FOGÃO- GLORIOSO - FUTURO CAMPEÃO DE 2011 perdeu de cinco, né? Liga não, aquilo já passou igual quando se toma uma injeção.
    E relacionado aos casos relatados digo-lhe que eu criei um provérbio, se é que pode assim ser caracterizado:" ONDE TÊM DUAS PESSOAS TEM PROBLEMA". Eu tenho um sítio onde não ficam caseiros, tomadores de conta, emfim, GENTE não mora lá. Só cobras, ratos, carrapatos, percevejos, pássaros e outros ANIMAIS.
    Nunca NENHUM DESSES " animais" roubaram-me, quebraram qq coisa, estragaram alguma coisa.
    VOU EU COLOCAR "ALGUÉM" lá para TOMAR CONTA !!!
    rsrsrsrsrs TÔ FERRADO.
    MAZOLA

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  2. Talvez bem façam os japoneses, alemães e outros povos que tem uma cultura do coletivo bem arraigada na educação que se transmite de pais para filhos (atitude esta que parece ter saído de moda aqui por estas bandas).
    Parece-me que, para estes povos, se existe uma regra que é seguida pela maioria, é desperdício de tempo e energia ficar questionando o óbvio. Antes eu acreditava que esta era uma atitude acomodada, portanto reprovável. Atualmente acredito que viver em sociedades deste tipo pode ser mais monótono, mas é mais simples.

    Entre as vantagens e desvantagens, é uma questão de escolha e sabedoria tentar achar um lugar que se encaixe nas suas expectativas, ao invés de ficar tentando adaptar os outros às suas vontades ou necessidades.

    Êta trem besta, esta tendência de ficar se desgastando por falta de noção do óbvio!

    Sylvio.

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