sexta-feira, 16 de setembro de 2011

NOSSO MUNDÃO E NADA MAIS - FINAL

Fotos publicadas, originalmente, no blog carissimascatrevagens.blogspot.com.

Neste nosso mundão, enquanto ficávamos a degustar algumas balas de drops Dulcora, brincávamos de soltar papagaio, bolinha de gude, peão, triangulo, mãe da rua. Trocávamos figurinhas na disputa de bafo e gostávamos de fazer coleção de flâmulas, selos e plásticos adesivos. Andávamos como loucos de bicicleta e velocípedes de um lado pra outro. Fazíamos campeonato de jogo de botão e vivíamos disputando quem primeiro preenchesse o álbum de figurinhas. Por sinal, juntamente com as pipas, eram sempre coladas com grude feito por nós. Adorávamos subir em árvores e fazer cabaninha. Nessas cabanas tínhamos até telefones com linha, ou seja, uma linha bem esticada com uma lata de “mastumate” adaptada em cada extremidade. E o pior é que funcionava! Ou seria a altura de nossas vozes? Só sei que conseguíamos nos comunicar!
Represávamos a água da chuva que escorria no canto da calçada (hoje os saquinhos plásticos fazem isso por nós) e pegávamos algumas frutas emprestadas no quintal do vizinho. Interessante é como na maioria das casas havia um pé de fruta! Hoje uma imensa floresta de concreto tomou o lugar deles.
Ficávamos, de tocaia, esperando a passagem do caminhão de cana que, quase diariamente, passava em nossa rua com destino à usina de Roça Grande. Corríamos atrás dele e, enquanto alguns tentavam perigosamente pegar uma “bera”, outros gritavam pedindo cana. Alguns, mais corajosos, escalavam a carroceria do caminhão, e jogavam um monte de cana na estrada: era uma festa!
Também andávamos escondidos no telhado, fumávamos talos de chuchu (coisa que não aconselho) e fazíamos catavento e barquinhos de papel para jogar no córrego.

Éramos supercriativos, principalmente quando fincávamos um pauzinho no bumbum das tanajuras pra brincar de ventilador. Isso pra não falar das incríveis construções
castelos, autoestradas e imensos túneis nos montes de areia. Falando em tanajura, há muito que não vejo uma, nem mesmo joaninhas, ou colós, lembram? Besouros também sumiram!
Ah... Lembrei-me agora: alguém se recorda de como fazíamos panelinha de xixi na areia?

Era muito comum terminarmos aquelas noites de brincadeiras sentados na calçada, debaixo de alguma luz fraca de um poste qualquer. Ali, depois de vários casos de assombração, sempre tinha alguém que tinha que ser levado até a porta de casa, de tanto medo da Maria Quitéria ou da Mula sem Cabeça.

Enfim, esta nossa geração praticou, ao ar livre, sem que percebesse, verdadeiras lições, práticas e teóricas, de psicomotricidade. Foram brinquedos e brincadeiras que nos deixaram o abençoado legado da coordenação motora, criatividade, percepção, agilidade, ritmo, noção de tempo e, principalmente, afetividade.
Aprendemos a descobrir o mundo através de nosso corpo, pois o virtual era apenas uma palavra subjugada aos praticantes do contato direto e do calor humano.

Para encerrar, coincidentemente logo após ter escrito estas linhas, fiquei quase cinco minutos para atravessar a rua e alcançar a pracinha em frente. Tudo devido ao grande movimento de carros.
É, meu amigo Bete, a coisa mudou muito pelas bandas de cá!
O negócio é voltar a tomar Emulsão de Scott e não tirar o pé da estrada.

Forte abraço,
Serjão

(Crônica: Serjão Missiaggia)

5 comentários:

  1. Amigo Serjão,no finalzinho você citou a Emulsão de Scott (meu pai vendia muito,na farmácia) e me fez recordar um caso envolvendo o Biotônico Fontoura,que no nosso tempo tinha teor alcoólico.O caso foi o seguinte : uma senhora da nossa sociedade,revoltada pelo fato de o marido chegar embriagado em casa quase diariamente,percorreu todos os botequins da cidade proibindo que vendessem bebida alcoólica para o mesmo.Nos três primeiros dias de ¨lei seca¨tudo correu às mil maravilhas.No quarto dia ,porém,o marido chegou em casa numa tremenda ¨manguaça¨,com um vidro de Biotônico Fontoura debaixo do braço e o outro virando direto na boca.Ele teve a brilhante idéia de comprar uma caixa com 12 unidades numa farmácia e bebeu todas.Foi um porre Homérico!Para desespero da mulher,coitada...

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  2. HOJE INFELIZMENTE NÃO HA MAIS QUINTAIS E AS BRINCADEIRAS DE RUA, DEVIDO A FALTA DE ESPAÇO E TRANSITO SE TORNARAM VERDADEIRAS RARIDADES.
    BELA INICIATIVA FOI A COBERTURA DO CORREGO E POSTERIORMENTE A CONSTRUÇÃO DA PRACINHA, POIS COM ISSO, NOSSAS CRIANÇAS PUDERAM TER MAIS UMA OPÇÃO DE LAZER.

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  3. Eta mundão bão!!!!! Falando em drops Dulcora transportei-me para o cinema, Bola de e gude e etc lembrei-me da Vila da Rua do Buraco, Álbum de figurinhas estes nunca consegui completar pra ganhar os prêmios, Flâmulas lembrei-me das paredes do quarto, Aprendíamos a andar de bicicleta numa rua sem calçamento atrás da Fabrica de Tecidos Sarmento. Qta. Felicidade!!!!.No quintal das casas brincávamos de casinha, comia frutas e à tardinha colocava na árvore caveira feita com mamão verde com olhos e boca e uma vela acesa dentro. Qto. Medo!!!! .Gostava muito de fazer também dentadura com a casca de mandioca. Era só Sorriso!!!!
    Adorávamos fazer cabaninha dentro de casa arredando os móveis montando uma cobertura prendendo lençóis com pregador de roupa. Montávamos uma verdadeira casa em seu interior e até o cachorro participava da brincadeira. Falando em cachorro, como era bom cuidar de nossos vira latas e dar neles aquele banho no tanque ou de mangueira. Só me resta agradecer a Deus por ter tido uma infância tão gostosa neste “Nosso Mundão”
    Dorinha

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  4. Não deixe o "Mundão" acabar está tão bom!
    Quantas lembranças!
    Quantas saudades!
    Mika

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  5. E a famosas frases que a gente falava:
    Tudo ganha.
    Ai não precisava compartilhar com os amiguinhos o que estávamos comendo. Poderíamos dizer também e bem rápido: Nada ganha. Aí todos respeitavam e a gente escapava de ter que dar um pedaço.

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BRIGADU, GENTE!

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