sexta-feira, 5 de novembro de 2010

PRÓXIMO DISTANTE - FINAL



Oi! Vivo perguntando se vocês se lembram, Tim-tim por tim-tim, do post da semana passada? Claro, poderão dizer, estávamos falando dos incômodos provocados pelo uso compulsivo dos telefones celulares.
Aliás, se celular fosse uma coisa boa, por que é que são obrigatoriamente desligados nos aviões e nos hospitais? Eu sei que é para não interferir nas várias frequências de rádio das aeronaves e nos equipamentos wi-fi dos hospitais, mas, será que não poderiam estender esta proibição também para os açougues, igrejas e salões de beleza?
E as intimas conversas pessoais, que nos são confidenciadas compulsoriamente... Ou melhor... Empurradas ouvidos abaixo?!
Isto acontece a todo instante, seja em: esquinas, praças, velórios, festas, restaurantes, banheiros etc.etc.etc. E tudo, em alto e bom som!
Domingo passado, presenciei algo do tipo na missa.
Estávamos na consagração. De repente, fomos pegos de surpresa com a chamada de um celular. Pude observar quando uma senhora, após dar uma saidinha, foi atender seu celular. A mulher falava tão alto que, por final, os fieis já estavam olhando mais pra ela do que pro padre. Sem querer dar uma de fofoqueiro, percebi que o maridão de nossa distinta havia deixado de ir à missa, pra ficar assistindo um jogo de futebol em algum barzinho próximo a igreja. Na verdade, nossa amiga era mais uma daquelas pessoas que estavam presentes de corpo, enquanto a consciência e o espírito vagavam pelo ar.
E quando temos que interromper uma conversa, com pessoas que estão a pouco mais de um metro de distância, para dar lugar àqueles que se encontram lá nos “caixa prego”?! E tudo sem que o dito intruso venha, pelo menos, nos pedir licença!
Geralmente, ficamos com cara de bundão, enquanto esperamos novamente a nossa vez, e vemos ir embora um precioso momento. Mas, o que é pior... escutando conversa fiada dos outros... ou melhor:... somente a réplica!
Eu mesmo, certa vez, testemunhei uma dessas cenas.
Uma pessoa, que já estava há tempos esquecida num canto da calçada, e já impaciente com o final da conversa, bateu em retirada sem mesmo ser percebida.

Tempos atrás cheguei a deixar no “vácuo”, um freguês, na porta da oficina.
Tudo teria acontecido quando, minutos antes de fechar para o almoço, uma figura apareceu pedindo que eu desse um jeito em sua furadeira. Insistentemente, ficava a pedir que adiasse meu horário de almoço, para que pudesse “quebrar seu galho”.
Até que, de repente, chamou seu celular.
Sem ao menos pedir-me licença, iniciou relaxadamente um longo e descontraído bate papo. E bem em minha frente.
Já haviam se passado uns cinco minutos, e eu, simplesmente, coloquei a placa de almoço, fechei a porta e fui almoçar. O cara, provavelmente, além de nem ter percebido meu paradeiro, deverá estar me procurando até hoje.

Observe também, a fisionomia de um motorista, quando está a falar no celular:
Se estiver estacionado, tudo bem, mas, se acaso em movimento, é melhor sair da frente. “Ele não se encontra ali”
Certa vez, teve uma senhora que, após se posicionar repentinamente ao meu lado na calçada, perguntou-me se não havia me esquecido de desligar e tirar as bananas do forno. No impulso, ainda cheguei a responder: - Forno?
Só aí que fui perceber que a conversa não tinha nada a ver comigo.
Mas, de tudo isso, o que mais acho interessante é aquela famosa saidinha para atender uma chamada. Que adianta afastar o corpo, se a intimidade é propagada em alto e bom som pelo ar?
Coincidência ou não, calçadão em dia de sábado, parece casa de sogra. E, se for marinheiro de primeira viagem, aí é que a coisa piora. É como estar perdido, dentro da bolsa de valores, em dia de pregão. São torpedos, pra tudo quanto é lado, atingindo as mentes e a atenção da garotada, vinte e quatro horas por dia. É de dar inveja, a muitos tarados, lá daquelas bandas do Oriente.

ÊPA!... Algo acaba de vibrar em meu bolso! Peço licença para uma pequena pausa...

Enfim... Se for bom pra todos, quem sou eu para criticar... Ainda mais que:
Qualquer hora dessas trocarei meu tijolão.. Que vou... Eu vou!

(Crônica – Serjão Missiaggia / Adaptação – Jorge Marin)

6 comentários:

  1. Hoje pela manha por coincidência estava fazendo meu almoço quando bateram na porta e me deram um livreto que transcrevo agora para vocês alguns trechos: “Entre umas e outras coisas o crescente uso do celular pode aumentar o isolamento social e a depressão quando substitui formas mais concretas de contato humano. O ritmo de vida frenético imposto pela sociedade moderna não contribui para uma interação humana significativa. Um sorriso e o sentimento expresso no olhar de uma pessoa dificilmente podem ser transmitidos pelo telefone. Não há duvidas que a habilidade de se comunicar enfraquece a medida que os telefones celulares e outros meios virtual se tornam uma barreira entre as pessoas.”

    ResponderExcluir
  2. Realmente são coisas que vão acontecendo em nosso dia a dia e que bem na verdade nem percebemos. Quanto à utilidade do celular também concordo ser inquestionável, mas acho que, muitas vezes, vem distanciar as pessoas.

    ResponderExcluir
  3. Amigo Serjão,li,dia desses que existem pessoas alérgicas à tecnologia.Para essas pessoas,falar no celular,por exemplo,é uma tarefa praticamente impossível,por causa da sensibilidade ao campo eletromagnético criado pela maioria dos aparelhos eletrônicos.A pessoa chega mesmo a ter problemas na pele e inchaço das pálpebras.Se essa doença vira uma epidemia ,como ficam as operadoras de telefonia celular?Como diz um amigo meu : ¨chupa essa manga¨!...

    ResponderExcluir
  4. Se observarmos bem, hoje em dia, é muito complicado para manter a seqüência de uma boa prosa com determinadas pessoas sem aquelas incômodas e constantes chamadas no celular.
    Eu pessoalmente acho super desagradável deixar que meu tempo seja “pausado” por um dialogo a distancia.

    ResponderExcluir
  5. INTERESSANTE COMO EXISTEM PESSOAS QUE ACHAM QUE É CHIQUE E IMPORTANTE PODER ESTAR FALANDO NUM CELULAR EXPONDO DETALHES DE SEU COTIDIANO NA MAIOR ALTURA PELA RUA.

    ResponderExcluir
  6. Quando foram lançadas as televisões o POVO dizia: " agora as pessoas ficam o dia todo ABESTADAS (tiriricagem) em frente aos aparelhos de tv e se esquecem da VIDA (presumo que esse "VIDA" já seria talvez a falta de contato entre os seres).
    Veio então os computadores para PIORAR ainda mais a situação , no que se refere ao item acima -VIDA.
    Chegaram os celulares que não nos deixam
    ( ou nós não os deixamos ? ) nem mesmo quando estamos llláááá na cachoeira da fumaça cheio de goró tocando um violão com o Dalminho. Que maré, hein?
    Pô, gente!! Já imaginaram quando ficávamos ajoelhados, agachados olhando filmes pelo buraco da porta do cinema se existissem os malditos celulares e a toda hora tocasse um?
    Brincadeira né?
    Valeu, bom o tópico Serjão.
    Abraço,
    MAZOLA.

    ResponderExcluir

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL