sexta-feira, 12 de novembro de 2010
MINHA PRIMEIRA VEZ
Por várias vezes, o assunto do qual vou falar esteve na pauta do dia mas, na última hora, eu não tinha coragem de postar. Os motivos do recuo eram muitos: será que um assunto desses deveria ir para o blog? O que é que os leitores vão pensar? Meio envergonhado, cheguei até a pedir a opinião da Dorinha e ela, ao contrário das minhas expectativas, achou “uma besteira”. Trago o caso também para conhecimento dos mais novos, até para mostrar como as coisas eram difíceis para pessoas da minha idade.
Então vamos lá: primeiramente devo dizer que, por ser minha primeira vez, não fui tão mal assim!
Valeu a pena esperar, pois, após um longo tempo de espera e ansiedade, enfim tive coragem de me aproximar dela.
De minha parte, nosso namoro até que já vinha rolando há algum tempo, mas só mesmo em troca de olhares. Mesmo sendo ela recém-chegada à cidade, de imediato, começou a despertar o interesse de todos, e comigo não poderia ser diferente. A cada dia que passava, mais ansioso eu ficava para conhecê-la.
Aproximar-me dela já era questão de honra e eu não via a hora em que pudesse enfim: apertá-la... apertá-la e apertá-la. Desculpem-me, mas, qualquer um que a conhecesse iria ficar desta forma, descontrolado: primeiro, pela beleza, pois, as outras que me desculpem, mas beleza assim, eu jamais tinha visto antes. Um verdadeiro “avião” para os padrões da época. Depois, as formas. Mais do que perfeitas, eram um verdadeiro convite à ação.
De certa forma, para com algumas pessoas, eu até sentia uma espécie de inveja, principalmente em saber que já tinham ficado tão íntimos dela. Como se tornara muito popular, sempre acontecia, em determinados horários de seu trabalho, uma imensa fila, só prá poder cortejá-la. Que ódio ao ver aquele bando de marmanjos babando ao redor dela, e com aqueles olhares pidões.
Mesmo começando a sentir um pequeno ciúme, o máximo que eu conseguia era, no máximo, trocar alguns lampejos de olhares distantes. Eu olhava... Olhava... E ia embora, sem coragem de sequer me aproximar. Na verdade, meu medo maior era de que não nos entendêssemos na primeira vez. Tem gente que é atirada: vai lá e pá, na maior cara-de-pau, e nem liga se dá errado. Eu não, eu prefiro ir na certeza. Mas, num caso desses, e principalmente porque eu nunca (vocês sabem)... Como poderia ter alguma certeza?
Quando ela chegou em São João, todos queriam ser os primeiros a se aproximar, mas nem todos também tinham coragem. E o medo de não serem bem aceitos?! Afinal de contas, em seu local de trabalho e, principalmente porque, como em toda cidade do interior, as pessoas que freqüentavam o estabelecimento, ficavam todas de orelha em pé. Só para surpreender alguém levando “um fora”. Seria assunto certo para o Bar Central!
Do seu espaço, discreto, de atendimento, ficava a despertar uma tremenda atenção. As primeiras pessoas que se aventuraram a tocá-la, timidamente claro, eram sempre observadas por uma multidão, pois, no íntimo, todos queriam fazer o mesmo.
Pior que, enquanto eu ficava olhando pra ela, a coitada nem mesmo podia retribuir o meu olhar.
Foi mesmo amor à primeira vista e eu sabia que, mais tarde, ou menos tarde, acharia coragem de chegar até ela. Até mesmo algumas dicas, por amigos, me foram passadas com antecedência, mas, quando chegava a hora H, eu simplesmente ficava gelado e passava reto.
E foi assim, por vários meses: olhando... Olhando... Olhando e... Vendo mais um dia ir embora sem nada fazer.
Outro fato que me assustava era o de ser ela bem mais jovem do que eu. Sabem como é: linguagem moderna, rapidez de raciocínio, pensamentos automáticos. E eu, por minha vez, representante de uma geração de costumes opostos... Parecia mesmo que não tinha nada a ver comigo.
Mas... Eu nunca desistia, pois minha hora, com certeza, iria chegar.
Seu jeito discreto, cada vez mais me fascinava. Também não me importava em saber que, para alguns (incapazes que se deram mal), ela tinha a fama de ser fria. Na verdade, o que ela era mesmo, era extremamente eficiente e capaz, principalmente, no seu desempenho, de resolver sozinha todos os nossos desejos, como é bem comum nos tempos modernos.
E foi assim, até que, num belo dia, ao acordar inspiradíssimo, pude sentir que era chegado o tão esperado momento. Preparei-me como nunca, e até um pequeno rascunho, com um script, levei escondido no bolso. Tudo seria válido para que não me enrolasse, um só momento, diante dela.
Desta forma, após tomar um banho relaxante, lá fui eu: tenso, mas inteiramente decidido. Teria mesmo que ser agora, pois há muito, precisava me “desafogar”. Aquela sensação de “atraso” estava até me fazendo mal. Sabem como é!!!
- È hoje ou nunca! É hoje ou nunca! - falava prá mim mesmo, enquanto caminhava em passos rápidos, pela calçada.
Era nosso primeiro encontro e nada poderia sair errado.
NA PRÓXIMA SEMANA, NÃO PERCAM: o encontro, o toque, tudo o que um jovem é capaz de fazer, ou não, num momento assim tão decisivo!
(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)
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Minha primeira vez, foram várias. Medão danado, nadava no nada, e tentava outra vez. Porém, quando correto mergulho, orgulho marcou o nado. E que se repete hoje, anos depois; e toda a vez é sempre a primeira.
ResponderExcluirCésar Brandão
www.youtube.com/cesarbrandao56
Vou esperar a conclusão da história para deixar meu comentário.Estou curiosíssimo!...
ResponderExcluirÔ Serjão!!!! " Um homem desse tamanho,já com barba na cara e com medo de chegar e conversar com uma MINA ? pô? Cara! Vai lá camarada, chega nela e diz asssiiimmmmmm " .....
ResponderExcluirQuem nunca ouviu esta e outras frases de OTIMISMOda(s) boca(s) do(s) AMIGOS.. mui amigos, doidos para ver a gente se ferrar só para chegar no outro dia, sentar no "BANCO DO SONO" da sinuca do " SÔ CIDA" e... simplesmente d e t o n a r a alma da gente, sim porque a esta altura o corpo já estaria totalmente detonado ( pernas bambas, cabeça doendo, se escondendo de todo o mundo- quer dizer : só da cidade inteira).
Mas, como disse o Magno, vamos aguardar (ansiosos) o desfecho de mais esse causo.
MAZOLA