quarta-feira, 29 de setembro de 2010

ELEIÇÕES 2010: A HORA E A VEZ DOS PALHAÇOS



Calma, gente! Quando digo “palhaços”, não estou querendo falar de nós, eleitores. Acredito que tal comparação seria extremamente injusta... para os palhaços! O fato é que, mais uma vez, somos chamados a eleger os nossos governantes, e a mídia está se debatendo com o dilema da candidatura de um palhaço semianalfabeto. Há também uma candidata brotada na rica fauna das mulheres-fruta, também iletrada.
Ora, será que a questão aqui é a profissão dos postulantes? Ou será que é a escolaridade? Não acredito em nenhuma das duas hipóteses. Afinal, o nosso atual presidente é retratado pela imprensa como um homem de poucas letras e, no entanto, atingiu um nível de expressão internacional que nenhum político brasileiro teve antes. E também não acredito que o motivo das restrições seja a profissão, pois não vejo nada indigno na profissão de palhaço, nem de fruta. Então, o que seria?
Sabemos que a política é um jogo de interesses fantásticos e, portanto, se o tal palhaço conseguir a votação que dele é esperada, vai levar junto com ele, via legenda, uns quatro ou cinco deputados de um obscuro partido político. Então, a questão não é a bagagem cultural do palhaço (não vou nem falar da bagagem da mulher-fruta): a questão é que interesses maiores, leia-se aí interesses dos megapartidos, estariam sendo contrariados.
Pois a política se transformou nisto, num continuísmo irritante, num tedioso jogo de cartas marcadas. Em cada cidade que analisamos os candidatos, o que descobrimos? É o Doutor Fulano, ou o Filho do Doutor Fulano, ou o Empresário Tal, ou o Sindicalista Tal. E todos, mas todos mesmo, tentando a re-re-re-re-reeleição. Porque, na verdade, o político é isso mesmo: um político, nada mais. Ou alguém aí pensa que o Lula é torneiro mecânico, ou que o José Serra é médico? Eles podem, quando muito, ter exercido estas profissões, enquanto suas carreiras políticas não decolavam. Ou seja, eles são tão empregados, quanto o Renato Aragão é advogado. Vejam só, de novo, o palhaço!
Eu, a princípio, não vejo nada errado nisto. Em nossos ambientes de trabalho, há pessoas com foco no trabalho, outras com foco nos clientes, e outras com o foco na política, seja a política interna da empresa (eram chamados de puxa-sacos, e hoje de divulgadores do marketing pessoal) ou então a política mais geral. Muita gente, acusa estes políticos de vagabundos (assim como FHC chamou os aposentados), mas eu, por exemplo, que tenho a maior preguiça da militância política, acho que nós precisamos deste tipo de pessoa para fazer as leis e defender nossos interesses no cenário nacional.
Assim como não tenho a menor vontade, nem disposição, para sair por aí fazendo discurso, levantando bandeiras, e fazendo conchavos com meus inimigos, eu me limito a votar. Votar, dirão uns, “mas eu prefiro anular meu voto.” E aí eu não concordo, primeiro porque acho que um adulto anular seu voto é mais ou menos como a gente fazia na escola quando, no dia sete de setembro, inventávamos uma dor de garganta, só para não ir marchar no desfile.
Acho que temos que votar sim, mas, pelo amor de Deus, não temos que votar seis vezes no mesmo deputado, cinco vezes no mesmo senador, ou quatro vezes no mesmo governador, só porque ele é honesto. Se for só por isto, prefiro votar no flanelinha aqui da rua, porque um dia minha carteira caiu e ele devolveu.
É importante saber o que é que esta gente, que vem se perpetuando no poder, vem fazendo. Há um site, é o www.excelencias.org.br que mostra a vida dos parlamentares, com notícias publicadas na imprensa, ocorrências na Justiça e Tribunais de Contas, matérias legislativas apresentadas, como votou nos projetos importantes, a assiduidade, o uso de verbas e outras informações relevantes. Sei que vai dar algum trabalho, mas, às vezes, descobrimos que aquele parlamentar, que está pleiteando seu sexto mandato, votou em projetos contrários a mim (que sou aposentado), além de estar sendo processado e acionado pela Fazenda Pública, e de ter apresentado apenas dois projetos, nos vinte anos em que esteve na Câmara dos Deputados, onde teve um indício de ausências de 30% das sessões.
É claro que podemos continuar anulando os votos, ou votando “nos mesmos de sempre”, mas se assim o fizermos, corremos o risco de ser chamados a concorrer a um cargo na próxima eleição, seja na condição de palhaço, ou iletrado. Fruta, não!

(Crônica; Jorge Marin)

3 comentários:

  1. Jorge,
    Parabéns pela postagem. Gostei do Site que você sugeriu e espero que todos possam também dar uma olhada.
    “Enquanto estiverem barganhando tijolos por Voto uma nação jamais será Edificada.”

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  2. Sylvio disse...
    Ótimas reflexões e o site indicado é muito útil. Já fiz uma visita a ele e aproveitei para conhecer melhor os políticos que desejo votar. Forma fácil e imparcial de aumentar o conhecimento e maturidade sobre a política.

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  3. Anulei meu voto!!!!!
    Bom? Não, não é! Mas como dizem que o povo não sabe votar se colocam somente "gente boa "lá para que escolhamos um? Existem pessoas que dizem votar no "menos ruim".
    Eu, particularmente, não conheço ninguém MEIO ladrão, MEIO gay, MEIO bonito e para rimar
    nem MEIO " FEI " . Dai eu "ANULEI".
    Não é fácil chegar lá e anular os votos; eu tremi para fazê-lo, mas...
    Quem sabe na próxima eu tenha alguém em que possa realmente confiar meu sincero voto?

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