sexta-feira, 24 de setembro de 2010

CAPELINHA DO SANTO ANTÔNIO



Enquanto, do terreiro de minha casa, ficava a escutar o foguetório vindo da igrejinha do Santo Antonio, fiquei pensando:
- Poxa! Já faz um bom tempo, que não dou uma chegadinha lá em cima pra fazer uma visita à capelinha!
Não sei quantos de vocês, sanjoanenses, devido à distância, já tiveram o privilégio de conhecer o local, mas, para aqueles que ainda não o fizeram, procurem fazer o quanto antes, pois, com certeza, não irão se arrepender. Acho até que muitos poderão até se surpreender.
Mas, antes de começar falar um pouco sobre a capelinha, gostaria primeiramente, de chamar a atenção de vocês para a beleza do lugar: um recanto superacolhedor.
Talvez um dos últimos redutos urbanos da cidade, que ainda nos faz sentir que o tempo não é assim tão rápido, como ultimamente nos parece ser.
E, para todos aqueles que um dia irão se aventurar a subir a colina, vai aí apenas uma dica: quando lá chegarem, procurem, antes de tudo, dar uma breve sentadinha na escada de entrada da igreja. Notarão, de imediato, que uma suave brisa estará à espera de vocês, juntamente com uma paz muito gostosa. Por sinal, ingredientes perfeitos que nos facilitarão também, o encontro com nossa própria paz interior. Confesso achar que existe até certa magia pairando no lugar, pois não há uma única vez em que lá estou, que não me pergunto:
- Será que nunca ninguém pensou, ou mesmo teve a ideia, de se fazer um Mirante neste local? Se aqui existe magia, visual, paz, beleza e historia... Que mais faltaria? Com certeza, ficaria maravilhoso e se tornaria um ponto turístico sem igual. Algo assim como um pequeno recanto ecológico, que se tornaria um lugar perfeito onde famílias inteiras poderiam se divertir ao sabor das pipocas, algodão doce, picolés e tudo mais. Quem sabe até um pequeno parquinho onde, à sombra das árvores, encontrássemos mesinhas para xadrez, damas, umas boas lunetas, além, é claro, de um lugar para saborear aquele refrigerante e fazer um bom lanche.
Um sonho? Enfim o futuro poderá dizer!

Enquanto isso, num passado distante, o fazendeiro Martinho passeava por sua fazenda, juntamente com seu filho, o pequeno Fernando. Incomodava muito ao fazendeiro, a algazarra dos pássaros. Preocupado com a ameaça à colheita deu ordens expressas ao pequeno Fernando, para manter longe os pequenos ladrões.
Correndo e brincando, o garoto continuou brincando naquele local tranquilo, até que, mais adiante, encontrou uma pequena capela. Muito católico, resolveu rezar um pouco, mas logo lhe veio à lembrança, a promessa que fizera ao pai, de enxotar os passarinhos, e, naquele século XIII, não era costume desobedecer ao pai.
Fernando, então, num misto de inocência e altivez, saiu gritando pelo prado, chamando os pássaros, ordenando que o seguissem até uma sala da fazenda. Estranhamente, as aves obedeceram ao garoto, e entraram tranquilamente, pousando por todos os cantos da grande sala. O menino fechou, em seguida, as janelas e as portas, e foi para sua capelinha rezar.
Retornando, o pai ficou preocupado, pois não conseguia achar o filho, até que foi à capelinha, onde encontrou o menino absorto em suas orações. Para surpresa do fazendeiro, os campos estavam em silêncio, sem um único bater de asas, sem um chilreio de pássaros sequer. Fernando tomou o pai pela mão e, levando-o até o salão onde deixara os pássaros, abriu a porta, falou para o pai: “quer ver que coisa bonita?” e, acenando para os pássaros, convidou-os a sair, e estes, como num desfile de cores e sons, voaram por sobre as cabeças dos dois.
Mais tarde esse menino, agora um padre franciscano, vai numa missão suicida, pregar aos sarracenos no Marrocos, mas, chegando neste país, é acometido de grave doença e obrigado a voltar à sua Lisboa natal. No entanto, uma tempestade desvia sua embarcação para o sul da Itália, na Sicília. E, por uma destes caprichos do destino, ou diríamos desígnios de Deus, ali perto, em Assis, seria realizada importante reunião de cinco mil frades. Pois foi nesta reunião, em maio de 1221, que encontraram-se, frente a frente, o líder da ordem, Francisco de Assis, e aquele menino Fernando, agora Padre Antônio. No coração de ambos, uma grande paixão por capelas, e, nas conversas, certamente, muita história de passarinho.

NA PRÓXIMA SEMANA: o final da história sobre como a imagem deste santo, que faleceu nos arredores de Pádua, na Itália, veio parar em São João Nepomuceno, justamente na capelinha que todos conhecemos.

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

5 comentários:

  1. Morei vários anos na Rua do Buraco e recordo com muita alegria das varias vezes em fomos a festinha do Santo Antonio. Quase toda a garotada subia no famoso Zigue e Zague que, na época, não passava de um pequeno trilho. Era muito cansativo, mas super divertido. Alguns escorregões sempre aconteciam enquanto, os foguetes, ficavam a explodir sobre nossas cabeças. Era tudo lindo e mágico!

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  2. Amigo Serjão,achei excelente a ideia de se construir um mirante no morro de Santo Antônio.Vamos lutar para que este projeto seja concretizado!Abraços do Nilson Baptista.

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  3. - Será que nunca ninguém pensou, ou mesmo teve a ideia, de se fazer um Mirante neste local? Se aqui existe magia, visual, paz, beleza e historia... Que mais faltaria? Com certeza, ficaria maravilhoso e se tornaria um ponto turístico sem igual. Algo assim como um pequeno recanto ecológico, que se tornaria um lugar perfeito onde famílias inteiras poderiam se divertir ao sabor das pipocas, algodão doce, picolés e tudo mais. Quem sabe até um pequeno parquinho onde, à sombra das árvores, encontrássemos mesinhas para xadrez, damas, umas boas lunetas, além, é claro, de um lugar para saborear aquele refrigerante e fazer um bom lanche.
    Um sonho !!!!!
    Um sonho!!!!!!

    Um sonho Serjão ? E que sonho.... e quantos sonhos desses nós já tivemos e temos e teremos........
    Morei na base desse "vulcão" que se chama Morro do Santo Antonio e estive infinitas vezes lá dentro (ou seja lá em cima) muito boa lembrança. Valeu.
    MAZOLA

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  4. Linda história! Não a conhecia em detalhes.
    Nosos antepassados eram devotos de Santo Antônio e eu continuei a tradição.
    Sei da história da ida da imagem para lá, mas espero você contar. Vivemos com nossa família alguns momentos importantíssimos espiritualmente naquela capela. Ainda contarei.
    Estou afastada do blog faz tempo, como sabe, esqueci-me da idade e subi no telhado de minha casa (coisas de irmã de Serjão), mas a escada estava na TPM naquele dia e resolveu me derrubar, por culpa dela precisei fazer uma cirurgia no braço e estou há 6 meses quase que de molho. Computador, então... estou escrevendo agora e já começo a sentir dores...
    Mas, adorei a idéia do mirante... tem tudo a ver com nossa família Missiaggia.
    Aos poucos vou voltando, tá?
    Beijos da Mika

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  5. Devagar vou lendo o blog. Recomeço em março, pois foi em março que caí do telhado. Fiz alguns comentários procurando dar sequência onde parei. Não escreverei muito, farei o possível que a dor permitir.
    Beijos pro Serjão e Jorge.
    Mika

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