sexta-feira, 16 de julho de 2010

NELY GONÇALVES: LENDA VIVA DA CULTURA SANJOANENSE



Capítulo 1 - Os gambás

Interessante como um gambá cheira o outro. Diria até que, mais interessante ainda, é como vários gambás também acabam se cheirando, ou melhor, se achando...
Este fenômeno pode ser individual ou mesmo coletivo. Na verdade se trata de uma forte força de atração meio que assim... Bem: deixarei para meu amigo Jorge explicar melhor numa outra oportunidade. Só sei que, como não poderia deixar de ser, mais uma vez, este enigmático provérbio popular veio a se tornar realidade.
E vamos então aos fatos:
Mas pra isto teremos que voltar novamente ao inicio do blog entre 1971 e 1972 numa época em que, paralelamente ao Pytomba o conjunto Cobrinhas de Nely Gonçalves também aprontava “todas”. Se bem que a similaridade entre ambos se restringiria apenas aos causos engraçados, pois musicalmente falando, reconheço que estávamos ainda engatinhando. Bons músicos, já compunham os Cobrinhas: Nely, Zé seu irmão, Daniel, Marcio, Antonio, Paulinho e Wilson Ramiro.
Nely, nesta época, morava no inicio da Rua do Descoberto onde também dava suas aulas de violão. Por sinal, foi exatamente neste período que, começaríamos a conhecê-la.
Dia sim e outro também e la estávamos nós, Silveleno e eu, chegando pra fazer uma visita. Sentávamos na varanda e, em um banco de madeira, ficávamos esperando apenas que as aulas terminassem para que assim pudéssemos nos divertir com aqueles descontraídos papos que, rolariam com certeza. Muitas vezes juntava-se a nós sua simpática e não menos divertida mãe, dona Hermínia, alem é claro, de seu irmão e já baterista Zé. E como riamos!
Da mesma forma também, vez ou outra, lá estava ela vindo fazer suas primeiras incursões na oficina do Silvio Heleno. Chegava quase sempre acompanhada por um ou outro componente trazendo consigo algum aparelho para consertar. É ruim de pagar taxi principalmente naquela época de vacas magras. Se bem que os aparelhos ficavam guardados bem ali no Mangueira e eram pequenos e fáceis de carregar. Alias era só sair do Rubro Bar, pegar um atalho pela quadra e passar pelo portão dos fundos até a oficina. E assim dessa forma, carregando pela alça, aquelas malas digo, aqueles pequenos aparelhos a válvula de marca Ipame ou Phelpa, lá chegava ela, nossa futura madrinha, à procura do Picorone. Forma carinhosa como ela o trata até hoje. Ah, já ia me esquecendo que, juntamente com o aparelho de som, vinha também, a nosso pedido, uma guitarra Giannini Supersonic. E ficávamos fascinados com estes instrumentos, pois tudo era novidade. Ainda mais para nós que éramos acostumados apenas com violão adaptado com cristal e um alto falante que ficava passeando pelo chão. Imaginem a curtição ao fazer barulho numa guitarra que possuía alavanca e que era ligado num aparelho que possuía vibrato, pedal de auá. Silvio Heleno procurava enrolar o maximo a entrega do serviço para que assim pudéssemos ficar brincando com os aparelhos até tarde da noite.

Nesta ocasião, os Cobrinhas, era a coqueluche dos bailes, principalmente aqueles que eram realizados no Rubro Bar. E falando em Rubro Bar, não poderia esquecer que foi exatamente em sua galeria, recentemente inaugurada, que naquele famoso barzinho Zoom Frutas, Silvio Heleno e eu, ao aceitarmos um convite da Nely para saborearmos uma deliciosa batida de Coco que, iríamos tomar nosso primeiro pileque. E que fugaré!!! Isso pra não falar que, pra piorar ainda mais a situação, exatamente no auge de nosso entusiasmo, começou a sair da quadra em direção a galeria, uma banda que, estava tocando no festival de chope. Ao darmos por nós, já estávamos em plena Rua do Sarmento de mãos erguidas para o alto, acompanhando a banda e cantando aquela famosa musica de carnaval: “Mamãe eu quero”
Mas na verdade, enquanto acompanhávamos a banda, ficávamos era de olho nos instrumentos e mesmo não entendendo “patavina” de metais nosso desejo, era a qualquer custo, dar aquele “pega”. Por muito pouco, quase que teríamos conseguido realizar nosso grande sonho, ou seja: poder um dia, encaixar uma boa embocadura naquela tuba e no trombone de vara.
Os músicos, já estavam de “saco cheio” da gente e um pouco mais não sei o que seriam capazes. Foi triste! Mas acho que foi justamente aí que começou nascer o tal de “Pega”

Mas ainda falando sobre o Rubro Bar, recordo bem de como era difícil conseguir chegar num daqueles sábados à noite até lá em cima. Uma aventura que muitos até desistiam sendo que outros nem mesmo tentavam. Era gente que não acabava mais e que ficavam se espremendo naquela escadinha que mal deveria ter meio metro de largura. Mas tudo fazia parte da festa e subir então espremido entre paqueras era ainda melhor.

Numa dessas vezes, após conseguir com muito sacrifício vencer aqueles degraus, ao chegar ao Rubro Bar, ficamos impressionados ao ver que a Nely estava cantando varias musicas
internacionais. Digo impressionado porque dias atrás ela já havia nos confessado que não sabia dizer uma santa palavra em inglês. Mas como? Como teria aprendido tão rápido? E era um repertório inteiro. Uma resposta que só ficaríamos sabendo no outro dia: Imaginem vocês que momentos antes de iniciar o baile a danada sentou-se em uma daquelas mesinhas do Rubro Bar e simplesmente começou a juntar todos os nomes de musicas internacionais que conhecia. Conseguiu compor varias letras invertendo apenas a ordem das palavras.
E o pior que enganava a maioria das pessoas inclusive a nós. Os bebuns então nem se fala!
Juntamente com o Botachop aquele varandão do Rubro Bar era tudo de bom.

Na próxima semana: De Cobrinhas a Pop Som

(Crônica - Serjão Missiaggia)

5 comentários:

  1. Muito legal lembrar da Neli. Sua vida daria um livro!
    Rubro Bar,Zoo Frutas...Valeuuuuu

    ResponderExcluir
  2. Como era romantico...E tudo era magico
    Rubro-Bar era tudo de bom!!!!!!!!!!!
    Obrigado meninos.Adorei relembrar!!

    ResponderExcluir
  3. Alô Serjão!!!
    Mais uma vez você acertou em cheio camarada. Aquele Rubro-bar deve ter ficado conhecido ou pelo menos falado em várias regiões desse nosso Brasil. Por incrível que pareça foi numa daquelas noites que eu estava
    "estacionado" em pé, bem no balcão do bar, tomando "sei lá ô quê com gêlo" ( juro que pinga não era porque eu já tinha tomado lá no bar do Tchan !!!) quando passou uma linda donzela, corri pela TAL escada abaixo até alcançá-la e levá-la perante o padre Jaci para colocar os temíveis aros de ouro em nossos dedos o que já faz 26 anos. Tem um camarada que vejo quase sempre aqui em JF e não me lembrava de onde mas com os causos contados aqui, vocês reviveram o velho Zoom bar. O camarada é o ex dono do ex zoom bar que se chama Roberto, foi onde eu tomava sempre um coquinho que ele fazia , muito bom.
    E muito bom mesmo é essa LEMBRAÇÃO de coisas que vocês começaram e já vai se esticando .
    Valeu um abraço a todos.
    MAZOLA

    ResponderExcluir
  4. Muito legal recordar. Valeu Serjão.Rubro bar me lembra muito a Dorinha, a gente sempre se encontrava lá.Um abraço prá vcs.

    ResponderExcluir
  5. Quanto a Nely...Sempre uma lembrança de muita alegria e muita música.Madrinha muito querida por todos vcs. Me lembro bem desse carinho.Abraços a todos .

    ResponderExcluir

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL