sábado, 24 de julho de 2010

NELY GONÇALVES: LENDA VIVA DA CULTURA SANJOANENSE



Capítulo 2 – De Cobrinhas a Pop Som

Dias depois, por incrível que pareça, a Nely veio a se mudar para quase em frente minha casa. Mais precisamente, na Rua Cavalheiro Verardo, no primeiro andar daquele prédio dos Guazes. Eu e Zé, seu irmão, já começávamos uma bela amizade. Nesta época, eu “estudava” pela manha e Zé trabalhava na fábrica de tampinhas. Muitas vezes, sentados no murinho do córrego (não sei se ainda conseguem se lembrar dele) ficávamos, juntamente com a Nely e seu violão, escutando a Rádio Mundial AM em um radinho alaranjado de marca Philips. Ali, muitas vezes, enquanto rolava aquele divertido papo, aproveitávamos e montávamos o repertório, ensaiávamos algumas passagens, além, é claro, de não deixarmos de “meter o pau” em alguma coisa.
Como já dizia o Silveleno: “O negócio é meter o pau! Num quero nem saber em quê!”
Para nossa felicidade, a Nely, ainda hoje, continua com seu peculiar alto astral que, por sinal, parece coisa de outro mundo. Para se tere uma ideia, dias atrás, quando conversava com ela e falava sobre esta possível postagem, ao lhe perguntar qual nome iria me sugerir, simplesmente respondeu:
- Coloca aí Serjão: “NEGA PRETA DO “SUBACO” FEDORENTO RASPA A BUNDA NO CIMENTO PRA GANHAR MILIQUINHENTO”. Só sei que, desta vez, preferi não atendê-la e, mesmo a seu contra gosto, achei melhor colocar:
NELY GONÇALVES.
“LENDA VIVA DA CULTURA SANJOANENSE”.

Mas, voltando aos Cobrinhas, nesta época, já com a presença do Oberon, começaria o troca-troca de nomes do conjunto devido à entrada de alguns componentes do Pytomba. Um a um, íamos sendo convidado pela Nely e passaríamos também, com muito orgulho, paralelamente ao Pytomba, a fazer parte do grupo. Dalminho foi o primeiro a ser convidado e o conjunto começou a se chamar N5. A seguir, foi minha vez passando então para N6. Finalmente, nos teclados, veio Silveleno e o conjunto passou então a se chamar N7. Modéstia à parte, esta mesclada de componentes encaixou como uma luva. Grandes e memoráveis bailes aconteceriam na cidade, e mesmo fora dela. Foram adquiridos novos instrumentos, nova iluminação, um novo repertório, além da mudança definitiva do nome, que finalmente passou a se chamar Pop Som.
Entre esses bailes, não poderia deixar de citar: Festa do Grilo, Transete e Namorados e algumas apresentações na Expo 72 que, por coincidência, foi recentemente citada no blog.
Foram realmente bailes inesquecíveis dos quais, tenho certeza, muitos ainda se lembrarão.

Quanto ao repertório, talvez pela presença de alguns componentes do Pytomba, eram muito parecidos. Uma das músicas que teria marcado mais foi “It's All Right”. A galera pulava sem cansar, enquanto a música durava uma eternidade.
Também, devido ao Pop Som ter sido um conjunto exclusivamente voltado para bailes, tinha como carro chefe uma gostosa rodada de samba que sempre acontecia já na metade do baile. Entre alguns desses sambas lembro-me muito de “Regra Três”.
Também algumas músicas do Santana marcaram muito e, entre elas, citarei: Guajira e Everything Coming Our Way. Modéstia à parte, a percussão, nesta hora, “corria solta”.
Como introdução, iniciávamos o Baile fazendo um som em Lá menor, som este elaborado pelo conjunto, e que também fazia muito sucesso.

A escalação oficial do conjunto, que por sinal, veio a permanecer até seu termino, ficou assim: Nely (voz), Dalminho (voz e guitarra base), Oberon (guitarra base), Antônio (guitarra solo), Silveleno (teclados), Zé (bateria), Márcio (contrabaixo), Serjão (tumbadora) e Macu (técnico em transporte – eita nome chique este!).
Dificilmente passava um sábado em que não fôssemos tocar em outra cidade. Quando isso não acontecia, fazíamos nossos bailes na antiga sede do Operário, no andar de cima, onde hoje se encontra a Confecção Convés.

Mesmo sendo a maioria de nós menor de idade, nossos pais confiavam plenamente na Nely. Se estivéssemos com ela em função de música, eles ficavam tranquilos.
Numa dessas saídas para tocar em outra cidade, esqueci de avisar que iríamos a Pequeri. Quando, de madrugada, o velho Tuninho observou que eu ainda não havia chegado, saiu de pijama, pela rua, indo até à casa da Nely para saber informações. Deveriam ser umas quatro da madruga e ele, ao bater na porta, foi acordar a dona Hermínia que, assustada, informou que teríamos ido a Pequerí. Que alivio! E assim, voltou sossegado pra casa.
Mas ainda bem que ele teve esta iniciativa, pois teria sido justamente neste final de noite, após chegarmos lá pelas 6 da matina que, ao descarregarmos toda aparelhagem, resolvemos de repente tocar em uma missa com a Nely. Ai você já viu: papo vai, papo vem, e fomos chegar em casa quase na hora do almoço!
Na próxima semana: Pobremas com a Pareiage.

(Crônica – Serjão Missiaggia)

Um comentário:

  1. “Nega preta do subaco fedorento raspa a bunda no cimento pra ganhar
    miliquinhentos” kkkkkkkkkkk
    Somente ela seria capaz! Essa é e sempre será a nossa eterna Nely!

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