Chegando
aos sessenta anos, é grande a lista de cerimônias da qual participamos. E uma coisa
que é sempre revestida de grande pompa e afetos é o tal do casamento.
Momento
de lágrimas, significados e exaltação pública, o matrimônio, além de um dos
maiores cerimoniais religiosos, é tido como um tipo de organizador da
sociedade, já que forma novas famílias.
É verdade
que, ultimamente, tenho me assustado com os preços astronômicos que esse tipo
de cerimônia tem atingido. As pessoas têm gasto cada vez mais dinheiro para
casar. E, de forma assustadora, parecem encarar toda essa grana e energia
despendidas como um tipo de investimento que, além de mostrar a todos o quanto “somos
belos e felizes”, ainda busca ASSEGURAR a felicidade plena dos noivos.
Mas, será
possível garantir a felicidade para um casal somente porque resolveram se unir
em matrimônio? Acho isso particularmente complicado porque a maioria das
pessoas acredita que sim, que “seremos felizes para sempre”, quando a realidade
mostra o contrário, ou seja, que o início do casamento, na maioria das vezes, é
um tempo de profunda decepção, ansiedade e angústia.
É claro
que, com a maturidade, as pessoas começam a perceber, mas nem sempre e nem
todos, que a dinâmica do relacionamento a dois implica em renúncias,
negociações e muita paciência. Afinal, são duas pessoas que se propõem a viver
juntas pelo resto de suas vidas. E, vamos combinar, isso é muito tempo!
Não pretendo
aqui desestimular quem esteja pensando em se casar, mas chamar a atenção para
um fato muito curioso dos tempos atuais. Enquanto na época em que eu era jovem
o casamento era uma coisa “natural”, hoje uma grande parte da população prefere
não se casar (na União Europeia, cerca de 33% dos lares são habitados por
pessoas sozinhas).
Quem está
certo? Quem se casa na esperança de constituir uma família ou quem prefere o celibato?
É lógico
que as pessoas são livres para escolher, e cada escolha gera um tipo de
consequência. No entanto, acreditar que demonstrações públicas de afeto e ostentação
possam garantir uma existência feliz é tão lógico quanto achar que uma bela árvore de natal vai garantir o melhor presente do Papai Noel.
Crônica: Jorge
Marin
Foto : Ollie18, disponível em https://pt.depositphotos.com/10251589/stock-photo-sad-marriage.html.
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