Vocês
podem pensar que é zoação, mas não é!
Quando eu
era mininim lá em Sãjoãopomuceno, eu sabia, aliás, eu TINHA PLENA CERTEZA DO
QUE ERA IMORAL. Por exemplo, comungar de blusinha sem manga com o Padre
Trajano. Ele era cego, mas não era bobo: fingindo que se apoiava no braço da
fiel para não errar a boca, ele sabia direitin se a fulana estava sem manga ou
não.
Depois,
quando comecei a ir em filme “proibido”, assisti Laranja Mecânica e, na hora em
que alguém ficava pelado, apareciam umas bolinhas pretas que cobriam algumas
partes do corpo. Aí eu sabia: ali na bolinha é imoral.
Aí, veio
a liberação total dos filmes, e era até chique (não sei por quê) convidar
amigos para assistir filmes pornô alugados na locadora. Eu mesmo passei por um
aperto danado quando, conversando com a esposa do vice-prefeito de uma cidade
do interior onde eu estava morando, chega a atendente da locadora e, na lata,
informa:
- Seu
Jorge, já chegou o novo “Rapadinhas 2”! Quer que eu reserve para o senhor?
Para não
dar muita bandeira, chegamos aos dias atuais e a polêmica do homem nu no Museu
de Arte Moderna de São Paulo. O que eu percebi foi o seguinte: você chega ao
museu, percorre seus corredores e vê um cartaz com um alerta dizendo “La Bêtte,
performance com nu artístico”. Eu, se não tiver interesse pelo assunto, o que
faço? Não entro. Mas, se eu quiser, entro.
Foi o que
aconteceu com uma mãe que, acompanhada de sua filha menor de 10 anos, entendeu
que a menina tinha maturidade para, não só assistir, como tocar no corpo do
artista (a menina tocou nos dedos do moço). O que se seguiu foi um alvoroço na
mídia, dizendo que o museu estaria incentivando a pedofilia e que, conforme o
deputado João Rodrigues (do PSC de Santa Catarina), quem apoiasse esse tipo de
arte merecia “levar porrada, levar cacete”.
Apesar de
me considerar liberal, eu imagino que não levaria uma garotinha para uma
performance desse tipo. No entanto, essa história de prender, bater, censurar,
eu sou totalmente contra. Eu, por exemplo, não bebo álcool. Mas já usei, e
grande parte dos meus amigos adora. Alguns até deixam o filho tomar... um
golin, o que também sou contra. Nem por isso, entendo que devam fechar a
Ambev, queimar os caminhões de cerveja, prender os donos.
Além
disso, mesmo tendo sido criados em famílias mais conservadoras, como é o nosso
caso, temos que transmitir (espero que eu tenha transmitido) com bastante
clareza para os nossos filhos e netos a diferença entre nudez e sexualidade.
Cada
família se preserva e se protege conforme seus códigos particulares de moral.
Precisamos ficar de olho na imoralidade sim. Mas, certamente, ela está solta e
impune num planalto mais ao norte e mais central do país.
Ah, o
deputado que eu citei é aquele mesmo que foi flagrado em 2015, em plena reunião
do Congresso, assistindo a um filme pornô em seu celular, durante a votação da
reforma política.
Crônica:
Jorge Marin
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