Pessoal,
como vocês devem ter visto na homenagem que me fizeram no Face, cheguei, graças
a Deus, aos meus sessentinhas. Agradeço a Deus porque a saúde, a alegria e a
energia continuam intactas. Porém, quando leio o noticiário, percebo-me
estranhamente GAGÁ.
Não que
eu esteja demente, mas, lendo as notícias e olhando os comentários, muitas
vezes odiosos, das pessoas, percebo que estou com sérias dificuldades em lidar
com os novos tempos.
Vou dar
um exemplo, e peço que não atribuam qualquer intenção ou gesto político ao fato
que vou relatar. É só um exemplo de um fato atual e da minha dificuldade em
entendê-lo.
O
prefeito de uma grande capital instituiu um programa municipal de combate à fome, no
qual aproveita sobras de alimentos das indústrias produtoras (que estejam
próximos ao vencimento de sua data de validade) para produzir um composto
alimentar, um granulado nutritivo, que, segundo a prefeitura, serviria para ser
adicionado à alimentação ou mesmo utilizado na fabricação de pães, bolos,
massas e sopas.
Embora eu
apoie toda campanha de combate à fome, essa iniciativa me pareceu esquisita,
pois, em meu julgamento, o tal composto parecia mais uma ração. Vicentino que
fui (dizem que a gente nunca deixa de sê-lo), entendo que a alimentação que vai
ser distribuída aos pobres não pode ser de qualidade inferior SÓ PORQUE ELES
SÃO POBRES.
Além disso, acho que alimentação não são apenas nutrientes, mas inclui o prazer de
saborear alimentos frescos, saborosos e saudáveis. E esse tipo de alimentação,
mesmo para os pobres, é possível, primeiro porque o nosso país é um dos maiores
produtores de alimento DO MUNDO. E, em segundo lugar, porque isso JÁ FOI FEITO,
em nível nacional, pois o nosso país recebeu um prêmio da FAO – Organização das
Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, JUSTAMENTE porque saímos do
chamado Mapa da Fome das Nações Unidas.
Pois bem,
concluí tudo isso do alto dos meus sessentanos, quando, para meu espanto, leio,
nos comentários, várias pessoas falando sobre o assunto, dizendo que o prefeito
está certo, que quem está passando fome não tem direito de escolher cardápio, e
outros especialistas dizendo que o balanceamento dos nutrientes está correto.
Meio que
duvidando da minha capacidade de julgamento, leio agorinha uma entrevista do
tal prefeito, na qual ele usa um argumento para detonar com minha percepção:
diz ele que essa ração é a mesma que os astronautas comem. Agora é que eu
fiquei confuso de vez. Será que ele pretende enviar os pobres para o espaço???
Crônica:
Jorge Marin
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