A Baleia
Azul tá solta! Obrigando nossos filhos e netos a suicidarem, fazendo chantagens
e coagindo os adolescentes a se cortarem e mutilarem. Se entrarmos no jogo, ou
alguém de nossa família entrar, um grupo de hackers altamente especializados
passará a nos seguir e descobrirão todos os nossos passos para infernizar as
nossas vidas.
Mas, será
que é tudo isso mesmo?
Todos os
dias, é raro o dia em que não recebemos mensagens alarmistas, com fotos
chocantes. As mães correm para buscar seus filhos marmanjos nas escolas, pais
fazem minuciosa revista nos históricos dos filhos na Internet.
Pessoalmente,
vejo tudo isso como uma grande histeria coletiva, mas reconheço que existem
alguns perigos.
A verdade
é que a ocorrência começou na Rússia em novembro de 2015, quando uma
adolescente de 15 se jogou do alto de um edifício, deixando um bilhete com a
anotação “fim”, no que depois foi identificado como um jogo de suicídio,
comandado por um grupo cujo administrador determinava 50 desafios diários até
culminar com a morte no último dia.
Outros
casos, na verdade mais dois, se seguiram na cidade de Krasnoyarsk, uma cidade de quase um milhão de
habitantes, na Sibéria, onde tudo começou e, a partir daí, centenas de
suicídios têm sido ligados ao tal jogo.
Mas,
vamos parar para pensar: será que uma pessoa saudável, física e emocionalmente,
pode ser “convencida” a se matar mediante uma conversa on-line? E,
principalmente, será que todos esses suicídios estão ligados mesmo ao jogo? Um
suicídio ocorrido em Juiz de Fora, na noite de anteontem foi, imediatamente,
ligado ao fenômeno Baleia Azul. A polícia desmentiu, assim como uma suposta
ameaça de envenenamento a estudantes de determinada escola. Tudo não passou de
uma brincadeira de mau gosto viralizada no WhatsApp, segundo representantes da
Polícia Civil que conduziram um inquérito para apurar a influência do desafio
na cidade.
É fato
que pessoas se suicidam. A Rússia é, tradicionalmente, um país com grande número
de suicídios. Quem pesquisar as causas pode chegar a vários resultados, como o
alcoolismo, problemas mentais ou depressão. Isso num país que não tem uma
estrutura de saúde mental nem qualquer tipo de grupo de apoio a jovens. E, o
que é pior, com a divulgação dada pela mídia ao Baleia Azul, outros jovens,
propensos a cometer tais atos, acabam agindo por pura imitação.
As
recomendações que chegam nos nossos zaps dizem que devemos acompanhar o que
nossos filhos fazem ou assistem nas redes sociais. Porém, isso JÁ é nossa
obrigação! Com baleia ou sem baleia.
Crônica:
Jorge Marin
Foto : Getty Images
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