A morte
de Dona Marisa Letícia Lula da Silva traz à nossa mente algumas questões,
principalmente ao vermos o abraço de Fernando Henrique a Lula.
Ambos são
ex-presidentes da república, líderes políticos de renome internacional e,
embora com seus 85 e 71 anos respectivamente, continuam na cena política.
Do outro
lado, as suas esposas, ambas falecidas, uma ontem e a outra em 2008, que,
embora tivessem sido, à época do mandato dos maridos, primeiras damas, pouco
apareceram mais do que isso.
Uma
socióloga e professora, a outra babá e operária de fábrica. No entanto, com um
traço comum em ambas. Eram as mulheres DELES. Só isso.
Ao ver a
notícia da morte clínica em quase todos os jornais (exceto o Globo, que nem
comentou), me lembro daquela frase “por trás de um grande homem sempre há uma
grande mulher”. Isso é uma grande mentira: na verdade AO LADO de um grande
homem, há sempre uma grande mulher.
Da mesma
forma, que, atualizando o ditado para os tempos atuais, poderíamos dizer que ao
lado de uma grande pessoa (homem ou mulher), há sempre outra grande pessoa
(homem ou mulher), não necessariamente de diferentes gêneros.
É muito
difícil verificar na história mundial, a existência de um grande líder, ou rei,
ou protagonista de qualquer natureza, sem a presença de uma pessoa que apoie,
que lhe faça sombra, que “segure a barra” enquanto o outro brilha, ou que lhe
receba quando derrotado, cansado ou morto.
Essas
pessoas magníficas, generosas e extremamente competentes passam, muitas vezes,
despercebidas. E, o que é mais assustador, isso não ocorre APENAS nas áreas de
poder, nos palácios ou nos grandes palcos.
No dia a
dia, na luta diária, nas casas, casebres, casarões, há sempre uma figura que
fica à sombra, que funciona como um levantador (ou levantadora) no vôlei, que
limpa a sujeira, que reserva uma porção maior de comida para os filhos, que
acorda primeiro, que só dorme depois de recolhidas todas as roupas, lavada a
louça e trancada a porta.
Mãe? Pai?
Avô? Irmã mais velha? Não importa a parceria. Essas pessoas, arrimos, quebra-galhos,
paus para toda obra são fenômenos inexplicáveis. Anjos genéricos que são
notados apenas e tão somente quando seu voo incessante para.
Um desses
anjos, a nossa querida dona Marisa, que agora se vai, quem sabe verá enfim a
luz que viu tão pouco durante a sua luta diária?
Crônica:
Jorge Marin
Foto : Ricardo Stuckert
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