sexta-feira, 15 de abril de 2016

SÃO JOÃO E A VIOLÊNCIA


Uma das coisas que mais destacamos aqui no Blog é que o nosso tempo é AGORA.

Portanto, embora seja uma tremenda curtição a lembrança do nosso passado tranquilo e romântico em São João Nepomuceno, SABEMOS que essa história de vida bucólica e pacífica em pequenas cidades vem se tornando, há mais de uma década, em um MITO.

Aquelas práticas de deixar a chave na ignição, a cadeira encostada na porta e de se espantar na ocorrência de um homicídio são fatos que, na realidade, não acontecem mais. Nos jornais locais, vemos cada vez mais relatos que colocam as cidades pequenas entre as mais violentas do país.

Como as mídias gostam de impacto, esse fenômeno não é bem analisado, pois os números absolutos não chamam muito a atenção. Porém, quando se considera, por exemplo, o número de homicídios em relação à população da cidade, percebe-se que a violência tem se tornado uma CALAMIDADE nessas localidades outrora garbosas. Lembrando que garbo é sinônimo de brio, elegância e educação.

Além dos homicídios, multiplicam-se outras violências que as pessoas preferem não reportar às autoridades, mas que não deixam de fazer parte do fenômeno de deterioração da qualidade de vida em cidades do interior: furtos, roubos, desrespeito à lei do silêncio, infrações de trânsito, entre outras.

Sem saber o que fazer, mesmo por não ter enfrentado jamais essa situação incômoda, os cidadãos buscam culpados. Embora a nossa Constituição afirme, em seu Artigo 144, que a segurança pública é um assunto de polícia, é certo que, além dos investimentos nas polícias, a participação direta do governo estadual e municipal é fundamental, tanto na repressão (que é urgente) como também na prevenção ao crime.

Se o município não tem recursos para elaborar um diagnóstico e um plano de segurança pública, ou mesmo para criar uma Secretaria de Segurança Pública, uma coisa que pode ser feita, a baixo custo, é a criação de canais de comunicação (via whatsapp, por exemplo) entre a população e os agentes locais responsáveis pela segurança. Em várias cidades pequenas, existem os Consep’s ou Conselhos Comunitários de Segurança Pública que se reúnem mensalmente para discutir os principais problemas que ameaçam a segurança do seu bairro.

Ao contrário das grandes metrópoles, onde as pessoas se refugiam em condomínios fechados, nas cidades pequenas é importante assegurar que o espaço urbano CONTINUE sendo ocupado pelos olhos atentos dos moradores. É só no convívio de pessoas que se conhecem, como era nos “bons tempos”, que será possível retomar, ainda que através de uma vigilância informal, o famoso GARBO que, com certeza, ainda existe dentro de cada um de nós.

Crônica: Jorge Marin
Foto     : Darlene Braga/Portal SJ Online

6 comentários:

  1. Boa tarde, amigos do Pitomba BLOG.
    Inicialmente, parabenizo-os pelo excelente texto.
    Gostaria de que me fosse autorizado comentar sobre o mesmo, em nosso programa Conectando com Segurança, que vai ao ar todas as segundas-feiras, das 16h00 às 17h30, na Conexão TV. Forte abraço,
    Walter de Moura Vogt - Diretor Presidente do CONSEP de São João Nepomuceno.

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    1. Oi, Walter, pode sim comentar sobre o texto. O trabalho do nosso Blog é sempre destacar a ALEGRIA DE SER SANJOANENSE, e parece que é uma meta que está se tornando difícil nos dias atuais, mas não é impossível. Um abraço!

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  2. Gostei de suas colocações e ouso ate a dizer que VIOLÊNCIA de uma cidade começa com os excessos gerados a partir do momento em que se não respeita suas leis ou que tapem os olhos pra ela. E o barulho causado por alguns veículos e motos é um deles.

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    1. Obrigado! A delinquência começa nas pequenas coisas que, à medida que vão sendo toleradas, só aumentam a sensação de impunidade.

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  3. Excelente texto! Deixando a nostalgia de lado ao lembrar como era a vida em nossa cidade em tempos idos que não estão assim tão distantes evidencio o último parágrafo dessa crônica onde se coloca a parcela de responsabilidade e participação de todo o povo no papel de "retomar" o brio, a elegância e a educação que com certeza ainda existe em cada um de nós!!! Creio sim, que muito há que se fazer pela paz, pois esta se constrói dentro de nós!!! O que não podemos é aceitar essa realidade como algo comum, banalizando a vida sem perpectivas de um futuro melhor!!!

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    1. Obrigado, Evelise, há uma tendência em muitas cidades de se instalar um toque de recolher para os jovens a partir de determinada hora. Creio que São João morreria de vez se tirássemos da rua os seus jovens, os seus aposentados e as suas crianças. A violência se combate com a não-violência. Há, sem dúvida, que se atuar pontualmente contra os focos do crime, mas, a longo prazo, atenção, conscientização e prevenção são os melhores caminhos.

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