sexta-feira, 29 de abril de 2016

O MEU PAÍS É ASSIM


O meu país é meu quintal
Sem cercas bandeiras nem santuários
O meu país é puro sal que tempera
É vento que assopra
E chuva que fertiliza.

O meu país não precisa
Que aos filhos se diga
Qual deva ser o comportamento
Nossa pátria é sentimento
Nosso tempo o momento
E a dor, quando há,
É curada num ombro
Cantada em verso
Proseada em prantos.

Mas nosso riso, por outro lado, é maduro
Zombeteiro, escrachado
A zoeira é livre
A música alegre
A dança gingada, fascinante.
E, do carnaval que somos
Do ódio que mascaramos
E da lascívia que encenamos
Sobra-nos máscaras, fantasias
Latas de cerveja... vazias.

De manhã, hasteia-se uma bandeira
Cor de sangue cor de rosa
Cordisburgos em veredas de flores
Tocam tambores carregam andores
Entre hinos sinos trinados e berimbaus.
Ao meio-dia uma mulher lavadeira canta um jongo
E chove bastante.

Poesia: Jorge Marin
Foto    : disponível em http://wwwpordentroemrosa.blogspot.com.br/2015/02/nao-pense-duas-vezes.html


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