quarta-feira, 13 de abril de 2016

RELEMBRANDO NOSSA PRIMEIRA EXPOSIÇÃO AGROPECUÁRIA E INDUSTRIAL 1972 (FINAL)


Como já vinha dizendo, tudo teria sido muito envolvente. A participação das pessoas foi algo fantástico.

O calor da população irradiava de tal maneira, que a cidade parecia estar se preparando para sediar os jogos olímpicos.

Não havia um lugar, esquinas, colégios, clubes, fábricas, em que o assunto não fosse o mesmo, ou seja, a chegada do grande momento.

Nas semanas que antecediam às primeiras exposições, o local já havia se tornado um imenso canteiro de obras e um verdadeiro ponto de encontros. Pessoas curiosas e felizes acompanhavam cada martelada. Era como se tudo estivesse sendo montado no terreiro da casa de cada um de nós.

Saíamos muitas vezes do colégio e corríamos para lá. Durante o dia, ou mesmo durante a noite, velhos, jovens, crianças, alunos, professores, moradores vizinhos faziam do local uma praça de confraternização. Nada poderia sair errado. Parecia que, inconscientemente, estávamos ali assegurando que tudo aconteceria da melhor forma.

Enquanto isso, aquelas inesquecíveis barracas de sapé começavam a decorar o ambiente que, apesar da insegurança, não deixavam de ser superchiques e aconchegantes. Ali, uma imensa galeria estava sendo construída e diversos estandes seriam usados pelos expositores. 

Também desta edição da Voz de São João, transcrevo trechos do seguinte artigo:
“Os stands ‘boxes’ da Exposição, em estilo tosco, estão instalados no antigo campo do Mangueira com cerca de quinze pavilhões, entre eles um especialmente adaptado para o serviço de bar e baile.

A indústria e comércio ocuparão 48 stands, sendo que muitos interessados, por falta de maior número de vagas, deixaram de se inscrever. Pássaros de várias procedências estarão com seus cantos e gorjeios dando um ambiente alegre ao recinto da Exposição”.

Muitas firmas se fizeram presentes na primeira Exposição, sendo que ainda me recordo bem de algumas: Fábrica de Vassouras Soares, Tipografia e Papelaria Moderna de Rocha & Cia, Cerâmica São Joanense, Confecções Cláudia, Calçados Sylder, Fábrica de Ferraduras Manzo, Marcenaria Brasil, Confecções Marlu, Fábrica de Calçados Dragão, Casa Leite, Serralheria Bertolini, Supergasbrás (Paulo Gomes da Fonseca), Entalhes em Madeira (Paulo Manzo), Máquinas Guarnieri, CCPL e outros. Esta última nos brindava sempre com seus deliciosos leitinhos. Uma fila imensa se formava ao longo do parque para que se conseguisse saborear um desses.

Os estandes eram muito bem organizados, e decorados com bom gosto e entusiasmo. É de fazer inveja a alma deste povo! Todos se uniram para a beleza e o sucesso da primeira Exposição. 

Também alguns estandes nos marcariam mais, como foi o caso de Rocha & Cia. Neste, eram mostradas as cores da vida, no belíssimo televisor Philco instalado no local, enquanto um delicioso café (Santa Cecília) era distribuído a todos aqueles que marcavam presença. Além disso, a Voz de São João se fez presente com sua impressora, onde tivemos o mini-Voz de São João, jornalzinho este que, aos comandos de nossa amiga Luciana Pulier, era distribuído gratuitamente.

A barraquinha do Lions Clube também fez muito sucesso.

Quanta novidade boa envolvida em diversão e alegria! E ainda havia muitos outros expositores: Fábrica de Saltos de Calçados (Glória), Confecção Tapuia, Confecção Dalcymar, Serralheria São José, Fábrica de Ladrilhos Knop, Confecções Ubatã Ltda., Metalúrgica Mont Serrat, Fábrica de Artefatos de Metal, Confecções Silmara, Confecções Singular, Madalena Bastos Ladeira (Flores), Confecções Paraíso do Bebê, Cia. Fábio Bastos.

Quem não se lembra das Maçãs do Amor, Selma - a Mulher Mostro, o touro Piloto do Sr. Ubi e muito mais?

Tudo era muito simples e rústico, mas de incrível bom gosto e criatividade. A matéria-prima empregada, principalmente nos acabamentos, quase sempre era em bambu.

E, por falar em Sr. Ubi, nossa famosa fanfarra, após uma belíssima apresentação pelas ruas da cidade, aonde veio estrear seu lindo macacão azul e branco, subiu desfilando no morro da Matriz, fazendo caracol em fila indiana até a Exposição. E por lá ficávamos. Raro alguém perder um minuto que fosse da festa. Ainda vestidos com o macacão, quase sempre ficávamos até o outro dia. 

Já no ano seguinte, o ginásio, sob a batuta de nosso eterno comandante Beto Vampiro, organizou seu próprio estande. Montamos uma verdadeira sala de aula (carteiras, quadro-negro e tudo mais). Até nosso inesquecível esqueleto Juquinha fez parte da festa. Fizemos tudo com tanto carinho, que até algumas disputas chegaram a acontecer, para que pudéssemos decidir quem iria pernoitar e ter o prazer de ficar de madrugada tomando conta do lugar. 

Naquela primeira expô foram construídos dois recintos para baile, sendo que um desses era o galpão maior onde, aos cuidados de nosso saudoso Deck Henriques, funcionava um grande restaurante. O conjunto Som Livre ali se apresentava sendo que, naquele ano, estaria estreando sua nova aparelhagem.

Na época, Dalminho, Márcio Velasco, Sílvio Heleno e eu fazíamos parte também do conjunto Pop Som (antigo Cobrinhas) que, juntamente com nossa patroa Nely, o guitarrista Antônio, os saudosos Zé e Oberon,
e nosso auxiliar Macú, tocávamos em outro recinto. Mesmo sendo um espaço mais simples, ficava superlotado e divertidíssimo. Por sinal, o tal local, de tão apertado, foi apelidado por nossa madrinha Nely Gonçalves de “ENGOMA CUECA”.
  
Assim também descreveu Bambino, em sua coluna na Voz de São João:
O que impressiona e exalta o nosso contentamento é de como o São-Joanense participa e demonstra sua valiosa boa vontade. Quando convocado para as árduas tarefas de interesse coletivo, como foi na 1ª Exposição; tudo se processou com a infalível prata da casa e o habitual desprendimento, colocando a cidade à disposição do hóspede, que se torna sensível aos interesses da Garbosa, numa manifestação simpática pela causa. ”

Enfim, termino aqui um pequeno histórico daquela que foi nossa primeira Exposição. Torço sinceramente, para que as dificuldades de hoje possam se resolver, permitindo que, no futuro, seja novamente viável essa bela FESTA DO POVO.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : acervo do autor

2 comentários:

  1. E eu estava lá rsrsrs. Só quem viveu essa época é que sabe .
    MAZOLA

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    1. Como costumamos dizer aqui no Blog, parabéns pra você pra nós! Abração, Mazola!

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