quarta-feira, 6 de abril de 2016

RELEMBRANDO NOSSA PRIMEIRA EXPOSIÇÃO AGROPECUÁRIA E INDUSTRIAL DE 1972 - PARTE 1


Ao acompanhar, com certa tristeza, os noticiários dando conta de que ficaremos mais um ano sem nossa EXPOSIÇÃO, mesmo sem querer entrar no mérito da questão e respeitando os motivos pelos quais teria sido tomada esta decisão, lá fui eu deixar que aquelas boas lembranças começassem a pedir licença e se aflorassem em minha mente.

De imediato, deparei-me com a lembrança da figura de meu saudoso pai. Era uma tarde qualquer entre 1971 e 1972, quando, ao chegar para o almoço, fez o seguinte comentário:
- Acabei de descer com o Gaby lá do antigo campo do Mangueira, onde estão preparando o local para se fazer uma espécie de Exposição em São João. - E assim, todo entusiasmado, ficava a nos contar em detalhes, tudo o que havia visto. Dentre muitas coisas que nos narrou, lembro-me apenas de que estariam construindo vários galpões. Como todo bom adolescente, de momento, pouco me liguei para aqueles fatos. Talvez apenas certa curiosidade. Nada mais.
Jamais poderia imaginar o quanto aquele lugar iria significar para a cidade e quanta coisa boa em minha existência ali iria acontecer. Não só para mim, mas para um “monte” de outras pessoas.

Assim, a cada dia que passava, e se aproximava o tão esperado acontecimento, um entusiasmo contagiante e sem igual já se fazia presente. Não havia distinção, pois todos os setores da sociedade, num espírito fraterno e de cooperação, começavam a encarar o grande desafio. Interessante que, mesmo ainda jovem este fenômeno, me chamou muito à atenção.
O povo, cada vez mais curioso e empolgado, ficava a observar aqueles frenéticos sobes e desces de pessoas e carros no morro da Matriz. Eram empresários da indústria, comércio, escolas, clubes, agropecuaristas e artesãos que, mesmo ainda faltando vários dias para o início da festa, já se faziam presentes. Era um momento muito especial e um motivo de extremo orgulho para todos os sanjoanenses.

Para terem uma ideia, transcrevo um trecho do jornal Voz de São João, datado de 14 de maio de 1972, onde, na oportunidade, a direção do ginásio se dirigia aos alunos da seguinte maneira através da coluna “Colégio São João em... forma”: “Meus caros alunos, inicia-se terça-feira a Exposição Agropecuária e Industrial de São João Nepomuceno. Bela iniciativa do governo municipal sob a ‘batuta’ do nosso Bolote, prefeito municipal, cuja intenção é elevar sempre mais o nome de São João Nepomuceno, a nossa querida Cidade Garbosa. Prestigiem com sua presença, pois vocês são indispensáveis. ”

Ainda na Voz de São João (Especial - Mini) obtive o seguinte comentário: “São João, você está linda! É empolgante ver o entusiasmo de sua gente! Hoje é seu dia. 16 de maio. E aqui estamos, vibrando com você, comemorando os seus 92 aniversários. A banda musical “Santa Cecília” e os alunos do colégio Augusto Glória iniciaram a intensa programação, despertando a cidade com sua bela alvorada. Após o hasteamento da Bandeira Nacional, houve missa celebrada pelo querido vigário PE Vicente Reis, em frente à Prefeitura Municipal. O desfile estava uma “parada”. Grupos Escolares, Ginásio Dr. Augusto Glória e Colégio São João Nepomuceno, como sempre, brilharam pelo garbo e a disciplina. E hoje, parece que maior foi o carinho com que se apresentaram. Um detalhe que emocionou a todos durante o desfile: a apresentação, pela primeira vez, dos alunos do Mobral. Escolas de Samba Esplendor do Morro e Avenida, esta com participação de todos os clubes, desfilaram ontem à noite pela cidade em direção à Exposição. Grande Sucesso!” 

A juventude, num entusiasmo ainda maior, se preparava da mesma forma, para a grande festa. As costureiras já começavam trabalhar a todo vapor, para que assim pudessem dar conta das centenas de encomendas, dentre as quais: blusas, cachecóis, meias e luvas de lã. Interessante ressaltar que este costume veio a se tornar uma constante, principalmente, nas primeiras exposições.

O inverno era marca registrada que, já no início de abril, começava a dar seus primeiros sinais. Era um frio onde, raramente, havia mal tempo. Frente fria chegava para nos trazer frio e não chuva. Um céu totalmente aberto, no qual a linda cor avermelhada de suas tardes vinha compor, com as madrugadas envolvidas em cerração, um cenário perfeito e acolhedor para o tão esperado evento. Algumas noites eram tão frias que, não raramente, subíamos envolvidos em cobertores. Tudo era muito romântico e motivo de alegria.  Lindas jovens, com seus trajes típicos, foram escolhidas para trabalhar na recepção aos visitantes. Foi um tremendo sucesso.

Mas, foi ao longo desses quarenta e quatro anos que muitos e muitos fatos marcantes (e põe fatos nisso) vieram acontecer. Com certeza, não haveria papel suficiente onde pudesse descrever tanta coisa.

Dizem que a primeira vez, ou melhor, as primeiras vezes, ninguém esquece: por isso, vou somente tentando relembrar um pouco daquilo que tive a felicidade e o privilégio de viver principalmente em 1972, nossa primeira exposição. 
(continua)

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : Gentileza de Leomarcio Alves                                                                             

4 comentários:

  1. Excelente, Sérgio! Muitas e boas lembranças dessa época. Valeu, meu caro!
    Soninha.

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  2. Viajei no tempo agora Serjão . Que boa viagem . Obrigada !!!

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  3. Que maravilha! suas lembranças fazem de suas postagens viagens para além do tempo, deixando em nós que vivemos nesta época muitas saudades. Edna

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  4. Grande Serjão, revivendo um passado fértil e auspicioso onde as pessoas realizavam com amor. Que pena que os dias atuais não sejam tão prósperos como a comunidade espera. Em vão!!!

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