sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

VOCÊ JAMAIS VAI SER FELIZ!


Lendo essa maravilhosa crônica do Serjão da quarta-feira, onde ele exalta – e convida – a busca da felicidade nas pequenas coisas do dia a dia, fiquei aqui olhando para a tela do computador, e pensando sobre a quantidade ENORME de investimentos que venho fazendo ao longo destes quase sessenta anos na busca da tal felicidade.

Contemplando a imagem do sabiá, capturada de forma poética naquela crônica, percebo nela, na fêmea do sabiá, um sinal claro de felicidade plena. Ora, mas como é que pode um bicho daqueles, que vive uns vinte e cinco anos, ser feliz, e eu, que venho procurando a felicidade há pelo menos o dobro disso não saber nem o que é a felicidade ou onde encontrá-la?

Aristóteles, um dos caminhos que procurei para entender como ser feliz, dizia que a felicidade está justamente em desempenhar o seu papel no mundo. Ou seja, aquele casal de sabiás, ao construir o ninho, botar ovos, chocá-los e criar filhotes, estaria sendo feliz justamente por isso.

Peraí, mas eu também já fiz ninhos, já criei (e estou criando) filhotes, e nem por isso sou tão feliz como o sabiá.

Mas, não é isso, bocó – diria Aristóteles. O sabiá foi desenhado para fazer isso mesmo! Mas você tem que achar o seu papel no mundo. E aí o bicho pega.

Espera-se, pelo menos assistindo à TV e a outras mídias, que o homem seja feliz se tiver dinheiro, ou poder, ou amantes, ou as três coisas e ainda torcer pelo Barcelona. No entanto, na vida real, o que se percebe é que, nos países com maior índice de riqueza, onde o Estado provê a qualidade de vida dos cidadãos e a violência é quase zero, o índice de suicídios é maior do que por estas bandas.

Então, como explicar isso? Aristóteles, que não era bobo (fugiu da Grécia antes que lhe oferecessem a tal cicuta), dizia que NADA que não seja durável pode nos trazer a felicidade. Aí é que danou tudo mesmo, pois TUDO é impermanente, inclusive a gente!

Conclusão: meu amigo, minha amiga, você nunca vai ser feliz!

Meu amigo Sylvio Bazote, que é um otimista incorrigível, sempre me lembra a frase do Ghandi (“a felicidade é o caminho”), o que não impede que sua esposa, quando ele chega de suas longas jornadas de moto pelas estradas de terra de Minas, o expulse para o banheiro com uma frase ainda melhor do que a do Mahatma:
- Cai fora. A sua felicidade está empoeirando o chão da sala!

Crônica: Jorge Marin
Foto     : disponível em http://www.centrodeensinounificado.com.br/wordpress/?p=1897 e editada pelo autor

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