Lendo
essa maravilhosa crônica do Serjão da quarta-feira, onde ele exalta – e convida
– a busca da felicidade nas pequenas coisas do dia a dia, fiquei aqui olhando
para a tela do computador, e pensando sobre a quantidade ENORME de
investimentos que venho fazendo ao longo destes quase sessenta anos na busca da
tal felicidade.
Contemplando
a imagem do sabiá, capturada de forma poética naquela crônica, percebo nela, na
fêmea do sabiá, um sinal claro de felicidade plena. Ora, mas como é que pode um
bicho daqueles, que vive uns vinte e cinco anos, ser feliz, e eu, que venho
procurando a felicidade há pelo menos o dobro disso não saber nem o que é a
felicidade ou onde encontrá-la?
Aristóteles,
um dos caminhos que procurei para entender como ser feliz, dizia que a
felicidade está justamente em desempenhar o seu papel no mundo. Ou seja, aquele
casal de sabiás, ao construir o ninho, botar ovos, chocá-los e criar filhotes,
estaria sendo feliz justamente por isso.
Peraí,
mas eu também já fiz ninhos, já criei (e estou criando) filhotes, e nem por
isso sou tão feliz como o sabiá.
Mas, não
é isso, bocó – diria Aristóteles. O sabiá foi desenhado para fazer isso mesmo! Mas
você tem que achar o seu papel no mundo. E aí o bicho pega.
Espera-se,
pelo menos assistindo à TV e a outras mídias, que o homem seja feliz se tiver
dinheiro, ou poder, ou amantes, ou as três coisas e ainda torcer pelo
Barcelona. No entanto, na vida real, o que se percebe é que, nos países com
maior índice de riqueza, onde o Estado provê a qualidade de vida dos cidadãos e
a violência é quase zero, o índice de suicídios é maior do que por estas
bandas.
Então,
como explicar isso? Aristóteles, que não era bobo (fugiu da Grécia antes que
lhe oferecessem a tal cicuta), dizia que NADA que não seja durável pode nos
trazer a felicidade. Aí é que danou tudo mesmo, pois TUDO é impermanente,
inclusive a gente!
Conclusão:
meu amigo, minha amiga, você nunca vai ser feliz!
Meu amigo
Sylvio Bazote, que é um otimista incorrigível, sempre me lembra a frase do
Ghandi (“a felicidade é o caminho”), o que não impede que sua esposa, quando
ele chega de suas longas jornadas de moto pelas estradas de terra de Minas, o
expulse para o banheiro com uma frase ainda melhor do que a do Mahatma:
- Cai
fora. A sua felicidade está empoeirando o chão da sala!
Crônica:
Jorge Marin
Foto : disponível em http://www.centrodeensinounificado.com.br/wordpress/?p=1897
e editada pelo autor
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