quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O INÍCIO DO PRINCÍPIO


Com o advento do Blog e em consequência do aumento significativo de amigos no facebook, vez ou outra alguém nos questiona sobre a origem do nome Pitomba, e de como tudo teria começado. Sendo assim, para posicionar melhor essa turma nova que vem chegando, achamos por bem fazer um remake de nossa primeira postagem, ou seja, como se originou tudo. Então, de maneira bastante sucinta, a saga do Pitomba teria começado mais ou menos assim...

Precisamente em 1971, um grupo de rapazes se uniu, imaginando um dia poder estar num grande palco, com suas músicas e reverências de alegria e simpatia.

Ali, começava a nascer aquilo que jamais mais iria morrer, pois como bem diz o lema o lema do grupo: SEMPRE FOI SEM NUNCA TER SIDO!

Batizamos inicialmente o grupo de Derruba Clube, Pitomba na “Oreia” e, finalmente, PITOMBA. Os primeiros ensaios foram realizados no barracão do Sr. Anjinho Picorone, que o transformaria, mais tarde, em depósito de mangas.  Diga-se de passagem, situação esta que em nada nos impedia de dar continuidade aos ensaios. Muito pelo contrário!

Aquele barracão, que por sinal, ainda existe, fica aberto à visitação de segunda a domingo, sendo que tramita, não sabemos onde, um pedido de tombamento, sob alegação de Patrimônio material cultural da humanidade.

Num desses ensaios, um grande temporal assolou a cidade, destelhando quase totalmente o referido galpão. Sem energia elétrica, ficamos todos no escuro. Foi um corre-corre para todo lado, pois a aparelhagem era emprestada e não poderia, de forma alguma, se molhar. Nossa preocupação, na realidade, não era bem com a aparelhagem, mas sim com o ensaio que estava sendo interrompido. Seria sacanagem interromper nossa “baruiada” simplesmente porque estávamos sem energia elétrica, sem telhado e com água até as canelas!

Músicas como MY PLEDGE OF LOVE, ISN’T IT A PITY, WHAT’S LIFE, IT DON’T COME EASY foram algumas das escolhidas para compor o primeiro repertório, sendo que os componentes fundadores foram: Silvio Heleno na guitarra solo, Dalminho na guitarra base e voz, Serjão na bateria, Márcio no contrabaixo, Renê nos vocais e Renatinho no jogo no jogo de luz.

Nossos primeiros aparelhos e instrumentos eram: uma bateria de marca ignorada, apelidada de URSO POLAR (na verdade, um surdo com esteirinha, um bumbo com pedal e um prato lotado de arrebites); um aparelho de voz apelidado de A CEM NADA com seus alto-falantes que passeavam pelo chão; VIOLÕES COM CRISTAIS, um CHIFRE de boa qualidade, dois microfones de GRAVADOR, um pedestal Girafa, carinhosamente apelidado de ZEBRA e duas lâmpadas de Natal, que eram giradas manualmente pelo nosso técnico de iluminação Renatinho.

A estreia do grupo aconteceu, oficialmente, num famoso “Pega” no Operário em 1972. “Dar um Pega” é quando está havendo um baile com um determinado conjunto e este mesmo conjunto deixa que outro suba ao palco e toque algumas músicas. Na oportunidade, estava rolando um baile com o N5 (Antigo Cobrinhas).

Alguns fatos hilários aconteceram naquele dia e, entre tantos, citaremos alguns: Nely Gonçalves, após interromper repentinamente o baile, anuncia para a multidão a chegada de um novo grupo musical na cidade:
- Agora, apresento pra vocês o grupo... Pitombaaaaaaaa!!!!!

Silvio Heleno, apavorado, não acreditando no que estava acontecendo, subiu rapidamente ao palco e se escondeu atrás da aparelhagem. Márcio, enquanto isso, ficava aos gritos, pedindo para que ele mostrasse o corpo ou pelo menos o rosto, pois do contrário, ninguém tocaria (tudo sob risos e aplausos de uma galera de fãs que delirava).

Dalminho, numa demonstração surpreendente de coragem, após dirigir-se sozinho para a frente do palco, pegou a guitarra e começou a regular a altura do pedestal e microfone. A seguir, numa breve olhada para trás, e certificando-se de que ninguém havia fugido, avisou que iria dar seu sinal pra começar...

Haja Gin Tônica nessa hora! Mas ainda teríamos que aguardar alguns minutos, até que Silvio Heleno, mesmo sentado, fosse arrastado, com cadeira e tudo, mais para frente do palco. Assim, após todos estarem em seus lugares, Dalminho, dando mais uma olhada para trás, disse:
- É agora ou nunca! - A seguir, começou a cantar, com toda empolgação, NO ONE TO DEPEND ON. Uma grande galera delirava, aplaudia e dançava sem parar.   

O grupo, na década de 70, participou de vários festivais, sendo que músicas como EDITH PÓLVORA e CID NAVALHA, ambas do Márcio Velasco, levaram o povão ao delírio, com suas letras irreverentes e animadas.

Também foram muitas as vezes em que pulávamos a janela do ginásio, para ensaiar na sede do Operário. Eram superlegais os nossos ensaios, que sempre se transformavam em verdadeiros bailes, devido à presença constante de nosso fã clube, uma galera fiel que nunca desgarrava do grupo.

O time de futebol do Pitomba era o que havia de mais engraçado. Quando queria ganhar uma partida, era só convidar o time dos Vicentinos para jogar. O torneio mais importante do qual, por sinal, saímos vencedores, foi o da taça JÚLIO RENÊ.  Esta taça, que foi patrocinada por nós mesmo, ficou escondida no estádio, até que fosse realmente confirmado o vencedor. Quando ganhávamos, saíamos em carro aberto, numa bela passeata pela cidade acompanhada ao som de foguetes e dos olhares espantados do adversário, que tudo via sem nada entender o que estava acontecendo.

Grandes clássicos e muitas histórias foram os jogos entre Pitomba e Pingão.  Estes jogos eram sempre narrados por Jorge Marin que, com muito humor e inteligência, dava aquele show na locução.

Tudo era muito bem organizado. Tínhamos nossas próprias camisas, envelopes timbrados, carimbos e até um símbolo, que era o urso Zé Colmeia.
Alguns jornais da época, como a Voz de São João, Novidade e o Ideal fizeram grandes referências sobre o trabalho do grupo, sendo que o IDEAL de novembro de 76, que tinha como diretor e redator Nilson Magno Baptista, fez sua edição toda voltada integralmente ao conjunto.

Naquele ano de 1976, passaram a integrar o grupo ZÉ (irmão da Nely), BETO BELLINI, PAULINHO, Moacyr Ângelo Ferreira (o GODELO) e JORGE, respectivamente: bateria, vocal, fotografias, técnico de gravação, textos e letras, além, é claro, de nossos fiéis escudeiros CAPANGA e ICKO. Foi na ocasião que o grupo começou a compor suas próprias canções e alguns instrumentais.

Gravamos várias músicas e fizemos uma bela apresentação em gravação e fotografias na boate Kako dos Democráticos, oportunidade em que foi servido um delicioso coquetel.

A apresentação mais importante dessa nova fase foi a que fizemos nos Trombeteiros em 1978.  Foi naquela apresentação que, pela primeira vez e ao vivo, apresentamos a nova formação do grupo, juntamente com canções e instrumentais de nossa própria autoria.

Muitos acontecimentos engraçados e à parte aconteceriam separadamente sendo que,  em muitas oportunidades, nem todos do grupo estariam juntos. Dentre eles, não poderia deixar de citar nosso CONTATO QUASE IMEDIATO COM UM DISCO VOADOR, A CONSTRUÇÃO DE UMA BOMBA, uma aventura sobrenatural que foi A FÁBRICA MAL ASSOMBRADA, além, é claro, de algumas hilariantes apresentações intermunicipais.

O grupo encontrou-se pela última vez em novembro de 1992 na chácara Pitomba de Silvio Heleno quando, na ocasião, muitas brincadeiras e “causos” comemoraram 21 anos do primeiro ensaio.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : acervo do autor, com interferência de Jorge Marin

Um comentário:

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL