sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

NÓS E A NOSSA VIOLÊNCIA


Sanjoanenses assustados: em menos de um mês, já ocorreram três homicídios na cidade! Isso sem contar os assaltos, os furtos e os delitos tolerados (gritos na rua à noite, som veicular extremamente alto e uso de drogas a céu aberto).

O que aconteceu com nossa cidade? – perguntamos. Ah, mas no MEU tempo isso não acontecia. O Bolote dava um jeito. E alguns saudosistas logo começam a desfiar um rosário de repressões que pensam que se continuassem existindo dariam conta da violência atual.

Não dariam! A violência é um processo crescente, uma escalada de antagonismos que, vez ou outra, vêm à tona e transformam-se em atos de agressão explícita, muitas vezes fatal.

A polícia faz o que pode e, de forma ostensiva, deflagra uma operação de contenção nos bairros e nas vizinhanças de onde ocorreram as mortes.

No entanto, fico pensando, é justo dizer que é uma violência “do morro” ou “das drogas”? Ou será que a violência urbana está tão presente no bairro Santa Rita quanto no Calçadão? No Três Marias quanto no largo da Matriz?

Temos a mania de achar que os OUTROS é que são violentos, não eu. Assim, achamos que violentos são os crackeiros, os favelados, os muçulmanos e, no carnaval, “aquele pessoal” do Rio.

No entanto, basta dar uma entradinha no Facebook para perceber que, se eu discordo de uma publicação de algum amigo virtual, recebo, na hora uma “paulada” virtual; o cara só falta xingar a minha família (às vezes xinga). Essa relação violenta a uma opinião diferente é até considerada uma coisa normal, do tipo “vou ensinar a esse sujeito a não se meter nas minhas opiniões”, como se a opinião pessoal fosse uma coisa inatacável, absoluta, divina.

Então, o que eu quero dizer é que, sem prejuízo de uma ação inadiável envolvendo poderes públicos e forças de segurança para conter a manifestação destrutiva da violência social, é preciso que cada um de nós reflita sobre as pequenas violências que cometemos: com nossos cônjuges e filhos, com nossos empregados e auxiliares, com pessoas no trânsito, nas filas e na convivência diária.

A verdade, meus amigos, é que violentos somos todos nós, mas o que pode nos diferenciar dessas pessoas que atingiram o mais alto grau de intolerância a ponto de matar um semelhante é a ação contrária: apesar de sentir um desejo (natural) de trucidar esses bandidos e facínoras, sejamos ferrenhos defensores da aplicação da lei, ponderados e cidadãos.

Em 2016, eduquemo-nos e aos nossos filhos e netos, para que as pequenas violências domésticas não cresçam e se transformem em crimes hediondos.

Crônica: Jorge Marin
Foto     : disponível em https://en.wikipedia.org/wiki/File:Nonviolence_malmo_P7130029.JPG

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