Sanjoanenses
assustados: em menos de um mês, já ocorreram três homicídios na cidade! Isso sem
contar os assaltos, os furtos e os delitos tolerados (gritos na rua à noite,
som veicular extremamente alto e uso de drogas a céu aberto).
O que
aconteceu com nossa cidade? – perguntamos. Ah, mas no MEU tempo isso não
acontecia. O Bolote dava um jeito. E alguns saudosistas logo começam a desfiar
um rosário de repressões que pensam que se continuassem existindo dariam conta
da violência atual.
Não
dariam! A violência é um processo crescente, uma escalada de antagonismos que,
vez ou outra, vêm à tona e transformam-se em atos de agressão explícita, muitas
vezes fatal.
A polícia
faz o que pode e, de forma ostensiva, deflagra uma operação de contenção nos
bairros e nas vizinhanças de onde ocorreram as mortes.
No entanto,
fico pensando, é justo dizer que é uma violência “do morro” ou “das drogas”? Ou
será que a violência urbana está tão presente no bairro Santa Rita quanto no
Calçadão? No Três Marias quanto no largo da Matriz?
Temos a
mania de achar que os OUTROS é que são violentos, não eu. Assim, achamos que
violentos são os crackeiros, os favelados, os muçulmanos e, no carnaval, “aquele
pessoal” do Rio.
No entanto,
basta dar uma entradinha no Facebook para perceber que, se eu discordo de uma
publicação de algum amigo virtual, recebo, na hora uma “paulada” virtual; o
cara só falta xingar a minha família (às vezes xinga). Essa relação violenta a
uma opinião diferente é até considerada uma coisa normal, do tipo “vou ensinar
a esse sujeito a não se meter nas minhas opiniões”, como se a opinião pessoal
fosse uma coisa inatacável, absoluta, divina.
Então, o
que eu quero dizer é que, sem prejuízo de uma ação inadiável envolvendo poderes
públicos e forças de segurança para conter a manifestação destrutiva da
violência social, é preciso que cada um de nós reflita sobre as pequenas
violências que cometemos: com nossos cônjuges e filhos, com nossos empregados e
auxiliares, com pessoas no trânsito, nas filas e na convivência diária.
A
verdade, meus amigos, é que violentos somos todos nós, mas o que pode nos
diferenciar dessas pessoas que atingiram o mais alto grau de intolerância a
ponto de matar um semelhante é a ação contrária: apesar de sentir um desejo
(natural) de trucidar esses bandidos e facínoras, sejamos ferrenhos defensores
da aplicação da lei, ponderados e cidadãos.
Em 2016,
eduquemo-nos e aos nossos filhos e netos, para que as pequenas violências domésticas não cresçam e se transformem em crimes hediondos.
Crônica:
Jorge Marin
Foto : disponível em https://en.wikipedia.org/wiki/File:Nonviolence_malmo_P7130029.JPG
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