quarta-feira, 12 de novembro de 2014

MEU CARRINHO DE ROLIDEIRA 2 - O desafio de Interla(R)gos


Interessante como esses causos de infância mexem com todos nós e, de certa forma, também nos distraem. Algo assim como se fizéssemos uma pequena viagem no passado e sentíssemos novamente um pouquinho daquelas felizes sensações e emoções que um dia tivemos.

Depois da última postagem, pasmem, andei recebendo alguns e-mails de amigos pedindo que não deixasse de contar como teria sido esta outra descida com meu saudoso irmãozinho Beto Preto na garupa.  E é o que tentarei fazer agora...

Então, como havia dito na postagem anterior, infeliz momento foi aquele em que meu amigo Beto cismou em querer descer em minha garupa. Ainda mais numa época em que desconhecíamos totalmente aquela elementar e básica lei da física que relaciona peso x velocidade.

Desta vez, em circunstância daquela minha última e desastrosa descida, adaptei, por questão de segurança, um segundo freio no carrinho. Um de cada lado. Foi quando meu amigo Beto chegou dizendo que seria lestrete poder descer junto comigo, e que um dos freios poderia ficar somente por conta dele. Seu argumento de imediato me convenceu e, não tendo como negar, pedi que se acomodasse, pois iríamos partir.

Foi aí que percebemos que duas pessoas jamais caberiam sentadas num mesmo carrinho. Até caberiam, mas, como acomodar as pernas? Foi quando ele me pediu pra descer agachado. Até então nunca havia visto isso, mas como sempre há uma primeira vez...

Partida dada e lá fomos nós morro abaixo.

Meio que parecida com a vez anterior, a velocidade alcançada já nos primeiros metros era tanta, que meu copiloto, gritando e já ameaçando pular fora, pedia desesperadamente para que eu parasse. Não menos apavorado, e sem saber como fazê-lo, não pensei outra coisa a não ser puxar com toda força aquela engenhoca chamada de freio. Foi quando percebi que, devido ao peso, nem cocegazinhas aquilo faria.

Ainda no meio do trajeto, e com a aceleração só aumentando, meu amigo já prevendo um final não muito feliz, me travou pela cintura, enquanto com a outra mão tentava, já em pânico, puxar com toda força aquele bendito freio, que fazia tudo menos diminuir a velocidade.

Já quase de frente à casa de nosso saudoso amigo Moacir Ângelo Ferreira, uma carroceria de camionete saindo da garagem da referida residência começou repentinamente a atravessar o passeio. Nem que houvesse um ABS em meu carrinho teria conseguido parar, tal a velocidade em que já estávamos. Foi quando, meio que no instinto, joguei o carrinho pra fora do passeio. Devido ao peso e à incrível pancada na calçada, o eixo esquerdo veio a partir em dois, nos deixando totalmente sem controle. 

Já sem uma das rodas, e perdendo de vez a estabilidade, saímos encasquetados e desgovernados para o meio da rua, arrastando, pulando e batendo queixo mais uma vez naqueles “malditos” bicos de papagaio.  Abro aqui um pequeno parêntese pra dizer que esse artesanal e centenário CALÇAMENTO EM PEDRAS do largo da Matriz, além de fatos espalhafatosos como este, têm muitas outras histórias importantes a nos contar.   Mas, voltando ao causo, atravessamos como foguete para o outro lado, enquanto o pedaço do eixo quebrado com uma das rodas seguia tranquilamente rolando morro abaixo.

Sorte nossa foi um monte de areia em frente à casa do Sr. Quincas, pois nele é que fomos parar. Por sinal, de maneira bastante hilária, onde meu parceiro e copiloto Beto, de tão apavorado e sem dar uma palavra sequer, além de não destravar de minha cintura, insistia em continuar segurando firmemente em uma das mãos, o pedaço do freio que havia se soltado ainda no início da descida. Mas o difícil mesmo viria depois, quando, no momento do banho, conseguir retirar aquela areada toda, que ficou estacionada nos buracos da orelha, nariz, umbigo, e coisa e táli...

Crônica e foto: Serjão Missiaggia

4 comentários:

  1. Ri muito, ainda mais imaginando a cara do Beto com o freio na mão.

    ResponderExcluir
  2. Adoroooooooooooooo! Fiz a descida junto com vocês. Beijo!

    ResponderExcluir
  3. Maravilhosa a forma como foi descrita esta aventura!
    Tão cativante quanto os melhores contos e crônicas que já li em diversos bons livros.
    Parabéns!

    ResponderExcluir
  4. Obrigado, pessoal, essa crônica do Serjão vale, realmente, por uma Corrida de Fórmula Um, pelo grau de emoção, velocidade e até mesmo pelo uso da palavra "lestrete". Show de bola!

    ResponderExcluir

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL