Interessante
como esses causos de infância mexem com todos nós e, de certa forma, também nos
distraem. Algo assim como se fizéssemos uma pequena viagem no passado e
sentíssemos novamente um pouquinho daquelas felizes sensações e emoções que um
dia tivemos.
Depois da
última postagem, pasmem, andei recebendo alguns e-mails de amigos pedindo que não
deixasse de contar como teria sido esta outra descida com meu saudoso
irmãozinho Beto Preto na garupa. E é o que
tentarei fazer agora...
Então,
como havia dito na postagem anterior, infeliz momento foi aquele em que meu
amigo Beto cismou em querer descer em minha garupa. Ainda mais numa época em
que desconhecíamos totalmente aquela elementar e básica lei da física que
relaciona peso x velocidade.
Desta vez,
em circunstância daquela minha última e desastrosa descida, adaptei, por
questão de segurança, um segundo freio no carrinho. Um de cada lado. Foi quando
meu amigo Beto chegou dizendo que seria lestrete poder descer junto comigo, e
que um dos freios poderia ficar somente por conta dele. Seu
argumento de imediato me convenceu e, não tendo como negar, pedi que se
acomodasse, pois iríamos partir.
Foi aí
que percebemos que duas pessoas jamais caberiam sentadas num mesmo carrinho.
Até caberiam, mas, como acomodar as pernas? Foi quando ele me pediu pra descer
agachado. Até então nunca havia visto isso, mas como sempre há uma primeira
vez...
Partida
dada e lá fomos nós morro abaixo.
Meio que
parecida com a vez anterior, a velocidade alcançada já nos primeiros metros era
tanta, que meu copiloto, gritando e já ameaçando pular fora, pedia
desesperadamente para que eu parasse. Não menos apavorado, e sem saber como
fazê-lo, não pensei outra coisa a não ser puxar com toda força aquela engenhoca
chamada de freio. Foi quando percebi que, devido ao peso, nem cocegazinhas
aquilo faria.
Ainda no
meio do trajeto, e com a aceleração só aumentando, meu amigo já prevendo um
final não muito feliz, me travou pela cintura, enquanto com a outra mão tentava,
já em pânico, puxar com toda força aquele bendito freio, que fazia tudo menos
diminuir a velocidade.
Já quase
de frente à casa de nosso saudoso amigo Moacir Ângelo Ferreira, uma carroceria
de camionete saindo da garagem da referida residência começou repentinamente a atravessar
o passeio. Nem que houvesse um ABS em meu carrinho teria conseguido parar, tal a
velocidade em que já estávamos. Foi quando, meio que no instinto, joguei o
carrinho pra fora do passeio. Devido ao peso e à incrível pancada na calçada, o
eixo esquerdo veio a partir em dois, nos deixando totalmente sem controle.
Já sem uma das rodas, e perdendo de vez a estabilidade, saímos encasquetados e desgovernados para o meio da rua, arrastando, pulando e batendo queixo mais uma vez naqueles “malditos” bicos de papagaio. Abro aqui um pequeno parêntese pra dizer que esse artesanal e centenário CALÇAMENTO EM PEDRAS do largo da Matriz, além de fatos espalhafatosos como este, têm muitas outras histórias importantes a nos contar. Mas, voltando ao causo, atravessamos como foguete para o outro lado, enquanto o pedaço do eixo quebrado com uma das rodas seguia tranquilamente rolando morro abaixo.
Já sem uma das rodas, e perdendo de vez a estabilidade, saímos encasquetados e desgovernados para o meio da rua, arrastando, pulando e batendo queixo mais uma vez naqueles “malditos” bicos de papagaio. Abro aqui um pequeno parêntese pra dizer que esse artesanal e centenário CALÇAMENTO EM PEDRAS do largo da Matriz, além de fatos espalhafatosos como este, têm muitas outras histórias importantes a nos contar. Mas, voltando ao causo, atravessamos como foguete para o outro lado, enquanto o pedaço do eixo quebrado com uma das rodas seguia tranquilamente rolando morro abaixo.
Sorte
nossa foi um monte de areia em frente à casa do Sr. Quincas, pois nele é que
fomos parar. Por sinal, de maneira bastante hilária, onde meu parceiro e
copiloto Beto, de tão apavorado e sem dar uma palavra sequer, além de não
destravar de minha cintura, insistia em continuar segurando firmemente em uma
das mãos, o pedaço do freio que havia se soltado ainda no início da descida.
Mas o difícil mesmo viria depois, quando, no momento do banho, conseguir
retirar aquela areada toda, que ficou estacionada nos buracos da orelha, nariz,
umbigo, e coisa e táli...
Crônica e
foto: Serjão Missiaggia
Ri muito, ainda mais imaginando a cara do Beto com o freio na mão.
ResponderExcluirAdoroooooooooooooo! Fiz a descida junto com vocês. Beijo!
ResponderExcluirMaravilhosa a forma como foi descrita esta aventura!
ResponderExcluirTão cativante quanto os melhores contos e crônicas que já li em diversos bons livros.
Parabéns!
Obrigado, pessoal, essa crônica do Serjão vale, realmente, por uma Corrida de Fórmula Um, pelo grau de emoção, velocidade e até mesmo pelo uso da palavra "lestrete". Show de bola!
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