Às vezes,
temos muito presente em nós essa sensação de que temos uma missão a cumprir, e,
assim que o tempo vai passando, começamos a nos questionar se, afinal de
contas, vamos passar nossa vida “em branco”.
O que não
nos damos conta é que estamos, o tempo TODO, modificando o mundo ao nosso redor
e, em contrapartida, o mundo também nos modifica o tempo todo.
Alguns
dirão: Ah, mas eu pensei que somente as pessoas importantes modificavam o
mundo, tipo o Luther King, o Gandhi ou a Madre Teresa de Calcutá. E, por
conseguinte, também o Hitler, o Herodes e o Pinochet, por exemplo, no outro
lado.
Então, é
bom saber uma coisa: a pessoa mais importante do mundo é você mesmo! E isso não
por orgulho ou egoísmo, mas sim pelo fato de que toda a valorização, para o
lado positivo ou negativo, do mundo, se dá segundo a nossa percepção. Eu
coloquei do “lado negro” ali em cima um general chileno, mas poderia ter
colocado qualquer um dos nossos generais da época do golpe militar. No entanto,
o que foi um mal, na MINHA percepção, ou seja, aquilo que gerou em MIM um afeto
negativo, foi aplaudido, reverenciado e exortado numa manifestação popular em
São Paulo há umas três semanas.
Política
à parte, o que se percebe é que, queiramos ou não, estamos o tempo inteiro
mudando e sendo mudados pelo mundo. Mesmo aquele que diz: vou para uma praia
deserta, passarei a minha vida apenas admirando o mar, ainda assim irá, talvez,
produzir atrás de si uma duna. Poderão, no futuro, organizar expedições
turísticas à Duna do Alienado.
O fato é
que a vida está aí e, enquanto estamos elucubrando a melhor forma de vivê-la
(segundo não sei quê padrão de perfeição), ela (a vida) vai nos comendo pelas beiradinhas
igual sopa, enquanto esfriamos. Alguém pergunta: então, não há esperança? Digo
que não, porque viver a vida na esperança de dias melhores significa também
viver a vida com temor de dias piores.
Assim,
desesperados, porém aliviados da missão de ter que fazer algo, só vivemos. E,
na leveza do vento que venta sempre da mesma forma, aprendemos a perceber o que
nos desacostumamos de observar: árvores, pássaros, corpos atraentes, luz
natural. E, mais do que modificar, acabamos por criar um mundo novo: o nosso mundo!
Crônica:
Jorge Marin