sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O SALTO DO OZIRES - II



Lembram do Ozires?  Um psicólogo, que estava lá no clube o definiu: “indivíduo com uma baixa estima tão acentuada que, em defesa do seu ego reduzido, tenta compensar seu complexo de inferioridade com um superinvestimento narcísico de suas habilidades imaginárias.  Ou seja, um COMPLETO BABACA...
É só ver alguém pulando na piscina, que ele se apressa em bater o recorde do “oponente”.           
E foi exatamente o que aconteceu comigo, semanas atrás...
Era uma tarde noite de muito calor e o clube estava vazio.  Aproveitei aquele horário de verão e fui praticar meus exercícios com o auxilio de uma prancha.
Como todos sabem, a prancha, quando está entre as pernas, nos dá uma incrível velocidade e deslocamento na água.
Pois bem: com o auxilio de uma dessas, e após muitos meses de treinamento, consegui enfim, atravessar a piscina de ponta a ponta fazendo uso apenas de UMA ÚNICA respiração. (Sem a prancha, esse feito se transformaria em uma façanha não muito fácil).
Só que eu me esqueci de avisar... ao Ozires.  
Como não poderia deixar de ser, lá estava ele sentado no canto de uma mesa, debaixo de um guarda-sol e de pescoço esticado para meu lado. De olhar um tanto sinistro, me encarava como um verdadeiro jacaré.
Parecendo não muito satisfeito com que vira, ficava incrédulo a me observar. 
Imagino que, daquela distância, certamente estaria com a falsa impressão de que eu nadava livremente sem o auxilio prancha.
Assim, um tanto ofegante, após ter conseguido fazer a travessia e chegar do outro lado, fiquei de longe, observando-o.        
Não demorou muito e... Eis que levanta o Ozires!
Aproximando-se da piscina e dando uma última tragada no cigarro, tomou todo AR do planeta e, após um belo mergulho, começou a atravessá-la por debaixo d’água.
Fiz-me indiferente, pois, enquanto esperava um tanto ansioso por sua chegada, procurei ficar de costas fazendo alongamento.
Mas, que nada!  O cara não emergiu.  Despistei mais um pouquinho e... nada.
Preocupado com aquela vida humana, pensei: ih, matei o idiota.  E agora?
(continua)
Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: Simone, disponível em http://browse.deviantart.com/art/DIVING-41275504 .

7 comentários:

  1. Agora é prender a respiração até semana que vem, aguardando mais um capítulo desta saga do narcisismo aquático.

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    1. Então, aguarde amigo, porque não há limites para a babaquice humana!

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  2. Estou curtindo muito esta estória. Aguardo a continuação.
    Este Ozires parece muito engraçado , conheço algumas pessoas como ele.
    Sua narrativa é muito boa... sinto-me como se estivesse aí no momento do ocorrido e presenciando tudo. Chego até a ver o olhar do tal Ozires, acompanhado você.

    Recado pro Jorge: meu comentário do Correio foi como anônimo. Gostei da crônica dele.

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    1. Mika, acho que o Serjão, a cada dia, se supera, porque essa crônica, que ele considerava meio despretensiosa, ficou fantástica, assim meio parecida com aquelas comédias ingênuas que a gente assistia na sessão da tarde. Também estou curtindo muito o Ozires.

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  3. Jorge, Ozires lembra-me o Mr. Beem .( Não sei se é assim mesmo que escreve o nome dele)
    Mas o nosso Ozires( este é sanjoanense) é muito bom, já percebi que é uma figura intrigante. E o Serjão teve a capacidade de perceber detalhes da personalidade dele muito interessantes.
    Mas a gente fica curiosa: ele existe de fato ou é só uma personagem ?
    Ao tentar desvendar o mistério já temos algumas dicas, além dos traços da personalidade descritas pelo serjão:
    é da rua do Sarmento - agora não é Calçadão? ,
    está sempre com um cigarro - fumante inveterado,
    está com mais de sessenta anos,
    frequenta piscina e é o Botafogo,
    sabe nadar.
    Esperamos mais peripécias e mais dicas.

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  4. Mika, infelizmente algumas das suas certezas não estão totalmente corretas. E, devido ao grande assédio de fãs, optamos por não revelar a identidade secreta do Ozires, temendo pela sua integridade. Mas, na próxima crônica, mais características vão surgir. Aguarde!

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  5. Por que não estão corretas, se estão nos textos? Ficção?
    Mika

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