sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

MEMÓRIAS DA SANTA FÉ: 5 - Paraíso Perdido (FINAL)



Deitado na rede, pegando algumas uvas, diretamente da parreira, tomando uma limonada feita com água de mina e comendo carambola, pitanga e umas amoras, eu nem queria ser feliz.  Na verdade, eu não precisava ser feliz, pois ali, na varanda da Fazenda Santa Fé, fazíamos aquilo que milhões de pessoas se matam, às vezes literalmente, para conseguir: viver a vida.

Parece besteira, mas, olhando para trás, para a paisagem daqueles dias agitados e, ao mesmo tempo, tão tranquilos, tenho a sensação de que a metáfora do Éden se inscreve em nós em um determinado momento de nossas vidas.  Todas aquelas homilias em torno de um paraíso e de como, ao buscar uma coisa “fora”, acabamos perdendo aquilo tudo, talvez seja a mais pura verdade.  A Santa Fé talvez tenha sido o meu PARAÍSO PERDIDO...  

Meu inesquecível pai trabalhou por alguns anos na fazenda e sua dedicação e amor ao lugar era algo impressionante e muito especial. Lidava com tanto carinho que parecia estar no terreiro de sua própria casa!  Ainda hoje, próximo ao açude, existe uma passagem chamada Avenida Antônio Missiaggia, homenagem esta prestada pelo saudoso Tio Gaby em razão de uma amizade sincera e duradoura.

Enfim, a infância se foi, mas nossas idas naquele santuário ecológico não terminariam. Também num certo período da adolescência, vieram a acontecer empolgantes e divertidas aventuras. Juntamente com um grande amigo, pude passar momentos descontraídos e felizes, que dariam com certeza, um hilariante curta metragem. Diria até que dariam um mini-série que, por sinal, estão catalogadas aqui mesmo no blog, numa postagem chamada DE SETE A SÓTENTA e relatam aquelas passagens divertidas e inesquecíveis.

Numa das ultimas vezes em que estive lá foi realmente emocionante... Uma bela festa que atravessou o dia, foi organizada pela família em comemoração aos noventa anos da Vovó Pina. Uma imensa mesa foi colocada na entrada principal da fazenda, onde, sob a sombra de frondosas árvores, foi servido um delicioso almoço. Mais de cem pessoas, entre filhos, netos e bisnetos encheram o local de alegria.  Além de muita musica, reencontro de familiares e inúmeros comes e bebes, havia muita energia e descontração.

E assim saímos de la à noitinha... FELIZES DA VIDA.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: acervo Serjão Missiaggia

5 comentários:

  1. Momentos felizes passamos na Fazenda Santa Fé.Serjão relatou o retrato real vividos naquele recanto maravilhoso! Foram muitos...O jardim ...o pomar...a casinha onde nós meninas brincávamos...ali tudo era mágico para as crianças!
    Parabéns Ségio pela descrição do tempo vivido e que deixou tantas lembranças.Edna Maria Missiaggia Picorone

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    1. Edna, hoje, depois de ter vivido tudo aquilo, fico pensando por quê tamanho investimento em trabalho, preocupação, sacrifício para, no fim, o grande objetivo ser, exatamente, poder passar por uns momentos como aqueles que vivíamos de graça. É por isso que aquela história do Ataulfo Alves de "eu era feliz e não sabia" acaba sendo uma tremenda reflexão filosófica.

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  2. Você me fez viajar no tempo,em doces lembranças ,de brincadeiras sem fim.Momentos especiais com primas ,tios ,vovó e o inesquecivel Vovô Gaby.Bielle.

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    1. Um outro Gabriel, o Garcia Márquez, explica: “Esta foi a viagem que eu mesmo transformei em legendária por causa de meu defeito incorrigível de não medir a tempo meus adjetivos.” Mas, naquele paraíso, não dava para evitar.

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  3. Foi isso e muito mais...
    Saudade de tudo e de todos.
    Como disse Bielle, "doces lembranças, momentos especiais" e eternizados em nossos corações.
    Mika

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