sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

CAUSOS INACREDITÁVEIS



CRÔNICAS GALINÁCEAS

O MENINO DONO DO GALINHEIRO

(Roteiro original - Serjão Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin)

E, por falar em galinheiro, posso garantir que não haverá papel suficiente para registrar tantas e tantas histórias, ali acontecidas.
O tempo passa e, com ele, muitas lembranças agradáveis vão ficando para trás, felizmente para dar lugar a outras, ainda melhores.
O menino, dono do galinheiro, crescendo a cada dia, faz hoje, do terreiro, seu Maracanã. Nele, batendo sua bolinha, fica a sonhar, quem sabe um dia, ser jogador de futebol.
Missí, como é conhecido, começa a aparecer nos campos da cidade.
Mas, volta e meia, lá está ele abraçando a Galinzinha, sua “penosa preferida” que, por sinal, carinhosamente, veio receber dele mesmo este apelido.
Galinzinha, no auge da menopausa, já não bota um ovo sequer, sendo que o ultimo que havia tentado, foi um Deus nos acuda...
Possivelmente, uma queda súbita de pressão teria motivado esta quase fatalidade! Também, a possibilidade de uma já deficiente elasticidade em seu velho orifício reprodutor não foi uma hipótese de totalmente descartada. Estudamos, na escola, que, nas aves, os dutos provenientes dos rins e das gônadas desembocam, juntamente com a porção terminal do intestino, em uma bolsa chamada "cloaca", a qual se abre para o exterior do corpo. Com o tempo, aprendi a entender este “três em um”, mas confesso que ainda sinto um pouco de pena das penosas.
Enfim, no mês passado, adaptamos uma escadinha, para ajudar Galinzinha alcançar o poleiro. Nossa intenção era que, como não mais aguentava subir ao poleiro, não fosse obrigada a dormir no chão. A coitadinha, com certeza, ficaria a mercê das titicas que o galo arriaria lá de cima.
Ultimamente, passei a usar ração no lugar de milho, tudo para facilitar seu processo de digestão. Eu nunca havia visto galinha engasgar... principalmente com milho. Mas, com a nossa penosa aconteceu...
Uma vez por semana, dou uma removida no chão do galinheiro. Tudo para facilitar seu ciscar. Sabem como é: “Galinha de perna fraca pode ate morrer de fome.”.
Nossa penosa está para completar quase doze anos de idade! Por sinal, a galinha mais velha do mundo, e que consta no Guiness (o livro dos recordes) é uma galinha asiática. Mais um pouquinho, irei pleitear este recorde.
O galinho, também numa possível andropausa (ou gallupausa?), só canta quando se acende a luz, ou alguém está dormindo no quarto de meu irmão. E bem desafinado.
É o único galo do mundo de uma só galinha (acredite se quiser). Só aceita mesmo a velha Galinzinha. Eu nunca havia visto galo fiel, mas no nosso galinheiro tem um. Talvez tenhamos que rever o Dicionário Michaelis que traz, no verbete “galinha”, a definição: “mulher (e às vezes homem) que se entrega facilmente.” Também não entendo este “às vezes”, mas deixa pra lá...
Muito normal também é ver nosso garboso galinho, após calcular erradamente sua decida do poleiro, aterrissar em qualquer lugar, ficando constantemente pendurado, de cabeça para baixo, com aquelas enormes esporas presas na tela de arame. Difícil acreditar, mas este fato não o impede, em nada, de continuar cantando.
Qualquer dia desses, irei retirar aquela placa onde está escrito: LAR DOCE LAR, para substituí-la por:
SILÊNCIO! REPOUSO DE ANIMAIS;
RETIRO DOS EM EMPENADOS;
PARAÍSO DAS MINHOCAS.
Galinzinha, secando no varal, já é coisa do passado. Com a falta de equilíbrio, que ultimamente a tem acometido, fica muito perigoso.
Sexo? Nem pensar! Se ela se agachar, corre o sério perigo de não levantar mais.
De novo mesmo, só um filhote de pardal que anda morando no andar de cima do poleiro.
Há um projeto, tramitando entre quatro paredes, que consiste na doação de metade do galinheiro, para plantação de tomates.
Uma forte resistência, de oposição, já começa tentar embargar o projeto. Tudo na justificativa de que a plantação iria impedir o banho de sol dos empenados. Vamos ver no que vai dar...
Ah... já ia me esquecendo: Este galinheiro já foi até moradia de um Gambá e dois patos. Aguardem, pois ambas as histórias todos vocês conhecerão em breve!
NA SEMANA QUE VEM, não percam! Roberto Carlos, o galo, empoleirado à beira de um ninho.
Saudações galináceas.

4 comentários:

  1. Tenho em meu terreiro um casalzinho desses dóceis “empenados”. Não dão trabalho algum, ocupam pouco espaço e ainda de sobra bota uns bons ovinhos.
    Legal falar desses bichinhos!

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  2. Essa de galinha secando no varal foi outro fato interessante e que sempre acontecia.
    Mas isso era muito comum quanto, nossa penosa, ainda jovem, tinha um ótimo equilíbrio. Depois de um refrescante banho e de uma boa escovada era colocada pelas crianças no varal onde passivamente, ficava a secar.

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  3. Serginho.
    Eu falei com a Dorinha, quando li a primeira crônica que eu estava curiosa pra saber o que você ia fazer " com tanta galinha ", já que o cenário era um galinheiro.
    Que nada! Era só com a Galinzinha do Missi e ainda por cima na " galimpausa ".
    Não sei se tenho "pena" dela já que penas não lhe faltavam ou do Missi.
    Beijos.
    Sônia.

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  4. Fiquei em silêncio alguns dias...
    Momentos de reflexão e meditação em respeito à menopausa e andropausa dos de penas. A pena voou pra mim, porque eu fiquei com tanta pena!... Que pena!... Será que não existe reposição hormonal para eles? Verifiquem!

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