Com o
advento do Blog e em consequência do aumento significativo de amigos no
facebook, vez ou outra alguém nos questiona sobre a origem do nome Pitomba, e
de como tudo teria começado. Sendo assim, para posicionar melhor essa turma
nova que vem chegando, achamos por bem fazer um remake de nossa primeira postagem, ou seja, como se originou tudo.
Então, de maneira bastante sucinta, a saga do Pitomba teria começado mais ou
menos assim...
Precisamente em 1971, um grupo de rapazes
se uniu, imaginando um dia poder estar num grande palco, com suas músicas e
reverências de alegria e simpatia.
Ali, começava
a nascer aquilo que jamais mais iria morrer, pois como bem diz o lema o lema do
grupo: SEMPRE FOI SEM NUNCA TER SIDO!
Batizamos
inicialmente o grupo de Derruba Clube, Pitomba na “Oreia” e, finalmente,
PITOMBA. Os primeiros ensaios foram realizados no barracão do Sr. Anjinho
Picorone, que o transformaria, mais tarde, em depósito de mangas. Diga-se de passagem, situação esta que em
nada nos impedia de dar continuidade aos ensaios. Muito pelo contrário!
Aquele
barracão, que por sinal, ainda existe, fica aberto à visitação de segunda a
domingo, sendo que tramita, não sabemos onde, um pedido de tombamento, sob
alegação de Patrimônio material cultural da humanidade.
Num
desses ensaios, um grande temporal assolou a cidade, destelhando quase totalmente
o referido galpão. Sem energia elétrica, ficamos todos no escuro. Foi um
corre-corre para todo lado, pois a aparelhagem era emprestada e não poderia, de
forma alguma, se molhar. Nossa preocupação, na realidade, não era bem com a
aparelhagem, mas sim com o ensaio que estava sendo interrompido. Seria sacanagem
interromper nossa “baruiada” simplesmente porque estávamos sem energia
elétrica, sem telhado e com água até as canelas!
Músicas
como MY PLEDGE OF LOVE, ISN’T IT A PITY, WHAT’S LIFE, IT DON’T COME EASY foram algumas
das escolhidas para compor o primeiro repertório, sendo que os componentes fundadores
foram: Silvio Heleno na guitarra solo, Dalminho na guitarra base e voz, Serjão
na bateria, Márcio no contrabaixo, Renê nos vocais e Renatinho no jogo no jogo
de luz.
Nossos
primeiros aparelhos e instrumentos eram: uma bateria de marca ignorada,
apelidada de URSO POLAR (na verdade, um surdo com esteirinha, um bumbo com
pedal e um prato lotado de arrebites); um aparelho de voz apelidado de A CEM
NADA com seus alto-falantes que passeavam pelo chão; VIOLÕES COM CRISTAIS, um
CHIFRE de boa qualidade, dois microfones de GRAVADOR, um pedestal Girafa,
carinhosamente apelidado de ZEBRA e duas lâmpadas de Natal, que eram giradas
manualmente pelo nosso técnico de iluminação Renatinho.
A estreia
do grupo aconteceu, oficialmente, num famoso “Pega” no Operário em 1972. “Dar
um Pega” é quando está havendo um baile com um determinado conjunto e este
mesmo conjunto deixa que outro suba ao palco e toque algumas músicas. Na
oportunidade, estava rolando um baile com o N5 (Antigo Cobrinhas).
Alguns
fatos hilários aconteceram naquele dia e, entre tantos, citaremos alguns: Nely
Gonçalves, após interromper repentinamente o baile, anuncia para a multidão a
chegada de um novo grupo musical na cidade:
- Agora,
apresento pra vocês o grupo... Pitombaaaaaaaa!!!!!
Silvio
Heleno, apavorado, não acreditando no que estava acontecendo, subiu rapidamente
ao palco e se escondeu atrás da aparelhagem. Márcio, enquanto isso, ficava aos
gritos, pedindo para que ele mostrasse o corpo ou pelo menos o rosto, pois do
contrário, ninguém tocaria (tudo sob risos e aplausos de uma galera de fãs que
delirava).
Dalminho,
numa demonstração surpreendente de coragem, após dirigir-se sozinho para a
frente do palco, pegou a guitarra e começou a regular a altura do pedestal e
microfone. A seguir, numa breve olhada para trás, e certificando-se de que
ninguém havia fugido, avisou que iria dar seu sinal pra começar...
Haja Gin
Tônica nessa hora! Mas ainda teríamos que aguardar alguns minutos, até que
Silvio Heleno, mesmo sentado, fosse arrastado, com cadeira e tudo, mais para
frente do palco. Assim, após todos estarem em seus lugares, Dalminho, dando mais
uma olhada para trás, disse:
- É agora
ou nunca! - A seguir, começou a cantar, com toda empolgação, NO ONE TO DEPEND ON.
Uma grande galera delirava, aplaudia e dançava sem parar.
O grupo,
na década de 70, participou de vários festivais, sendo que músicas como EDITH PÓLVORA
e CID NAVALHA, ambas do Márcio Velasco, levaram o povão ao delírio, com suas
letras irreverentes e animadas.
Também
foram muitas as vezes em que pulávamos a janela do ginásio, para ensaiar na
sede do Operário. Eram superlegais os nossos ensaios, que sempre se
transformavam em verdadeiros bailes, devido à presença constante de nosso fã
clube, uma galera fiel que nunca desgarrava do grupo.
O time de
futebol do Pitomba era o que havia de mais engraçado. Quando queria ganhar uma
partida, era só convidar o time dos Vicentinos para jogar. O torneio mais
importante do qual, por sinal, saímos vencedores, foi o da taça JÚLIO RENÊ. Esta taça, que foi patrocinada por nós mesmo,
ficou escondida no estádio, até que fosse realmente confirmado o vencedor.
Quando ganhávamos, saíamos em carro aberto, numa bela passeata pela cidade
acompanhada ao som de foguetes e dos olhares espantados do adversário, que tudo
via sem nada entender o que estava acontecendo.
Grandes
clássicos e muitas histórias foram os jogos entre Pitomba e Pingão. Estes jogos eram sempre narrados por Jorge
Marin que, com muito humor e inteligência, dava aquele show na locução.
Tudo era
muito bem organizado. Tínhamos nossas próprias camisas, envelopes timbrados,
carimbos e até um símbolo, que era o urso Zé Colmeia.
Alguns
jornais da época, como a Voz de São João, Novidade e o Ideal fizeram grandes
referências sobre o trabalho do grupo, sendo que o IDEAL de novembro de 76, que
tinha como diretor e redator Nilson Magno Baptista, fez sua edição toda voltada
integralmente ao conjunto.
Naquele
ano de 1976, passaram a integrar o grupo ZÉ (irmão da Nely), BETO BELLINI, PAULINHO,
Moacyr Ângelo Ferreira (o GODELO) e JORGE, respectivamente: bateria, vocal,
fotografias, técnico de gravação, textos e letras, além, é claro, de nossos
fiéis escudeiros CAPANGA e ICKO. Foi na ocasião que o grupo começou a compor
suas próprias canções e alguns instrumentais.
Gravamos
várias músicas e fizemos uma bela apresentação em gravação e fotografias na
boate Kako dos Democráticos, oportunidade em que foi servido um delicioso
coquetel.
A
apresentação mais importante dessa nova fase foi a que fizemos nos Trombeteiros
em 1978. Foi naquela apresentação que,
pela primeira vez e ao vivo, apresentamos a nova formação do grupo, juntamente
com canções e instrumentais de nossa própria autoria.
Muitos
acontecimentos engraçados e à parte aconteceriam separadamente sendo que, em muitas oportunidades, nem todos do grupo
estariam juntos. Dentre eles, não poderia deixar de citar nosso CONTATO QUASE IMEDIATO
COM UM DISCO VOADOR, A CONSTRUÇÃO DE UMA BOMBA, uma aventura sobrenatural que
foi A FÁBRICA MAL ASSOMBRADA, além, é claro, de algumas hilariantes
apresentações intermunicipais.
O grupo
encontrou-se pela última vez em novembro de 1992 na chácara Pitomba de Silvio
Heleno quando, na ocasião, muitas brincadeiras e “causos” comemoraram 21 anos
do primeiro ensaio.
Crônica:
Serjão Missiaggia
Foto : acervo do autor, com interferência de
Jorge Marin
MAGNIFIQUE! TRÈS BON!
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