sexta-feira, 20 de julho de 2018

AFEMINADOS E MASSACRADOS



Um leitor publicou, na semana passada, vídeo no Face de uma dupla chamada Control+N, que discute, de forma colorida e divertida, a situação dos homens ditos afeminados.

Longe do glamour, e mais perto da realidade, participei de palestra numa faculdade de Juiz de Fora, onde tomei conhecimento da história de um aluno, vindo de uma cidade vizinha que, ao assumir perante a família sua homossexualidade, foi expulso de casa pelo pai que afirmou preferir vê-lo morto do que gay.

Esse moço foi para Juiz de Fora, onde começou a trabalhar num colégio infantil, área mais compatível com o seu curso. No entanto, também aí, nova surpresa: alguns pais, sabendo da opção sexual do estagiário, sugeriram à diretoria o seu afastamento, tipo “não tenho nada contra ele não, mas não me sinto à vontade sabendo que o meu filho fica em companhia de uma pessoa desse tipo”.

Quem acompanha minhas crônicas sabe que não sou de levantar bandeiras. Mas, pera aí gente. Estamos no século XXI, temos informação bastante pra saber que um homossexual é tão somente uma pessoa que se sente atraído por pessoas do mesmo sexo. Só isso. Não é automaticamente pedófilo. Não fica transando o tempo todo. E não perde o profissionalismo em virtude de sua sexualidade.

Fico pensando aqui comigo: o que é que tanto se teme no convívio com um gay? Será que, ao rejeitá-lo, muitas vezes até de forma violenta, não o estamos fazendo para renegar algum aspecto de nossa personalidade que não temos coragem de assumir?

Por que é tão importante isolar uma pessoa por sua opção sexual? Muitas vezes, um ator ganha um prêmio, e um jornal noticia “ator gay ganha o Oscar”. Por que a forma com a qual uma pessoa faz sexo é relevante para nomear um juiz, escalar um jogador de futebol ou mesmo votar num candidato? Um dos postulantes a Presidente da República pagou há pouco tempo um dano moral de R$150 mil por afirmar, na TV, que jamais teria filhos gays porque ele sempre deu uma boa educação.

Aliás, é na educação que a coisa tem ficado ainda mais esdrúxula, com a aprovação, em diversas cidades do país, mesmo com parecer contrário do Supremo Tribunal Federal, de leis que proíbem aos professores discutir, nas salas de aula, qualquer discussão relativa a gênero e orientação sexual.

E, mesmo que a homossexualidade fosse o “grande inimigo” da raça humana, será que não falar sobre o assunto iria ajudar às crianças? E uma política de perseguição e extermínio de gays (como atualmente se pratica de forma velada) não conduziria esses indivíduos a se enrustirem e a se misturarem cada vez mais aos homofóbicos de plantão?

Crônica: Jorge Marin


Um comentário:

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL