Sempre
que nos lembramos dos nossos causos do passado, há alguns dos quais não
falamos, seja porque temos uma certa vergonha do que fizemos seja porque
aquelas coisas continuam sendo tabus até hoje.
Um
assunto que sempre permeou a nossa vida de adolescentes e que até hoje
permanece como uma coisa meio assim “condenável” é o consumo de maconha. Como
não fumo, confesso que nunca fumei a mardita
(como se dizia), mas continuava, até semana passada, sem entender como uma
substância com um nível de dependência muito baixo (quando comparada ao álcool,
por exemplo), e que era usada livremente em todo o mundo no início do século
XX, tornou-se esse bicho-papão do nosso tempo de adolescentes, ou esse “tóxico”
como ainda é apresentada atualmente.
Um amigo
advogado me falou pela primeira vez sobre a invenção da maconha, pelo menos
como ainda é vista hoje. Segundo ele, nos idos de 1920, o “tóxico maldito” era
o álcool. Os Estados Unidos haviam decretado a Lei Seca, que proibiu o consumo
e venda de bebidas alcoólicas em todo território norte-americano.
Como acontece
com todos as drogas malditas, a consequência foi que, ao invés de extinguir o álcool,
o consumo desta droga aumentou, e, de quebra, colaborou para a formação de uma
rede de traficantes (o mais conhecido foi Al Capone), além de elevar a população
carcerária de 3 mil para 12 mil pessoas, em 12 anos.
Outro
valor que aumentou, e aí reside o motivo principal para a caracterização de uma
droga como “maldita”, foi o gasto do governo para o combate ao tráfico, que
saltou de 2 milhões de dólares em 1920 para 12 milhões em 1929!
Em 1933,
a Lei Seca foi considerada um fracasso e foi extinta. Após a medida, caíram: as
taxas de homicídios e os valores orçamentários para o combate ao tráfico de bebidas.
Quatro
anos depois, em julho de 1937, na revista American
Magazine, surgiu uma reportagem sobre o assassinato de uma jovem menina em
Chicago. Segundo a publicação, “o criminoso é um narcótico usado na forma de cigarros,
relativamente novo nos Estados Unidos e tão perigoso quanto uma cascavel em
posição de ataque”.
O nome da
reportagem era “Marijuana: Assassina de Jovens” e o seu autor, Harry Anslinger,
era, nada mais nada menos, do que o antigo chefe do departamento de combate ao
álcool. Sem nenhuma evidência de que a maconha trouxesse algum tipo de
malefício, este burocrata se aliou à imprensa e iniciou uma campanha nacional
(que se tornou mundial) contra a maconha, “uma droga muito forte que fazia as
garotas se matarem ou se entregarem aos caprichos dos homens de cor”.
Ao contar
essa história, busco diminuir o nível de ignorância, minha inclusive, sobre um
assunto que entendo ser de competência dos médicos, mas que, cada dia mais, se
transforma em matéria policial. Uma pena.
Crônica:
Jorge Marin
Foto : disponível em https://wallpaper-house.com/group/weed-hd-wallpaper/index.php
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