segunda-feira, 30 de julho de 2018

SE ESSA RUA FOSSE A MINHA


QUEM SE LEMBRA DE EMOÇÕES VIVIDAS AQUI???

Foto de hoje: Serjão Missaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

Dulcinea Ferreira Subida da Igreja Matriz com certeza todo sanjoanense tem muitas histórias nesta rua , eu vivi bons momentos quando estudava no Augusto Gloria, minha turma era do ano de 1969 meu último ano do Colégio, era um tempo maravilhoso 

TODA CASA TEM UM CASO


QUEM SABE CONTAR UM CASO DESSAS CASAS???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

Dulcinea Ferreira Essa é muito fácil se a rua Milton Soares Campos Bairro São José a casa Verde era do Sr Antonio Alves Ferreira ou Antonio padeiro como era conhecido a casa rosa era do Sr Nenego e d. Mariinha está casa Verde aonda pertence a famili a do Sr Antonio que é meu sogro.vivi muitas emoções nesta casa.

CASOS CASAS & mistério???


QUEM SABE O QUE É ISSO???]

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

Pitomba BLOG Não se fazem mais CAÇADORES DE MISTÉRIOS como antigamente! Ninguém reconheceu a lateral do Ginásio do Sôbi.

sexta-feira, 27 de julho de 2018

A INVENÇÃO DA MACONHA



Sempre que nos lembramos dos nossos causos do passado, há alguns dos quais não falamos, seja porque temos uma certa vergonha do que fizemos seja porque aquelas coisas continuam sendo tabus até hoje.

Um assunto que sempre permeou a nossa vida de adolescentes e que até hoje permanece como uma coisa meio assim “condenável” é o consumo de maconha. Como não fumo, confesso que nunca fumei a mardita (como se dizia), mas continuava, até semana passada, sem entender como uma substância com um nível de dependência muito baixo (quando comparada ao álcool, por exemplo), e que era usada livremente em todo o mundo no início do século XX, tornou-se esse bicho-papão do nosso tempo de adolescentes, ou esse “tóxico” como ainda é apresentada atualmente.

Um amigo advogado me falou pela primeira vez sobre a invenção da maconha, pelo menos como ainda é vista hoje. Segundo ele, nos idos de 1920, o “tóxico maldito” era o álcool. Os Estados Unidos haviam decretado a Lei Seca, que proibiu o consumo e venda de bebidas alcoólicas em todo território norte-americano.

Como acontece com todos as drogas malditas, a consequência foi que, ao invés de extinguir o álcool, o consumo desta droga aumentou, e, de quebra, colaborou para a formação de uma rede de traficantes (o mais conhecido foi Al Capone), além de elevar a população carcerária de 3 mil para 12 mil pessoas, em 12 anos.

Outro valor que aumentou, e aí reside o motivo principal para a caracterização de uma droga como “maldita”, foi o gasto do governo para o combate ao tráfico, que saltou de 2 milhões de dólares em 1920 para 12 milhões em 1929!

Em 1933, a Lei Seca foi considerada um fracasso e foi extinta. Após a medida, caíram: as taxas de homicídios e os valores orçamentários para o combate ao tráfico de bebidas.

Quatro anos depois, em julho de 1937, na revista American Magazine, surgiu uma reportagem sobre o assassinato de uma jovem menina em Chicago. Segundo a publicação, “o criminoso é um narcótico usado na forma de cigarros, relativamente novo nos Estados Unidos e tão perigoso quanto uma cascavel em posição de ataque”.

O nome da reportagem era “Marijuana: Assassina de Jovens” e o seu autor, Harry Anslinger, era, nada mais nada menos, do que o antigo chefe do departamento de combate ao álcool. Sem nenhuma evidência de que a maconha trouxesse algum tipo de malefício, este burocrata se aliou à imprensa e iniciou uma campanha nacional (que se tornou mundial) contra a maconha, “uma droga muito forte que fazia as garotas se matarem ou se entregarem aos caprichos dos homens de cor”.

Ao contar essa história, busco diminuir o nível de ignorância, minha inclusive, sobre um assunto que entendo ser de competência dos médicos, mas que, cada dia mais, se transforma em matéria policial. Uma pena.

Crônica: Jorge Marin

quarta-feira, 25 de julho de 2018

AINDA O CORAL EL SHADAY



Outra imagem do coral EL SHADAY que guardo com carinho enorme! Nem todos estavam presentes nesse dia, em que estávamos gravando um jingle para o Studio 35 dos amigos Augustinho Rezende e Badeco.

Naquele ano de 1983, nosso pároco era o inesquecível Geraldo Dornelas dos Reis.  Modéstia à parte, era um coral muitíssimo bem ensaiado, onde, além do instrumental elétrico, percussão e ritmos, havia um belo vocal. Participávamos sempre de jograis, mas nosso principal objetivo eram as missas dominicais às 06h30min na Igreja Matriz.

Numa bela madrugada, saímos em serenata pelas ruas da cidade para angariar alguns trocados na intenção de comprarmos um aparelho de guitarra. Como já possuíamos um contrabaixo elétrico, fazia-se necessário, já há algum tempo, um aparelho para os violões. Foi quando conseguimos adquirir nosso famoso aparelho de marca Palmer.

Interessante que este fato nos faz também lembrar que foi justamente o coral El Shaddai que, na década de oitenta, ao introduzir um novo perfil musical com instrumentos elétricos e percussão, veio a se tornar a grande novidade nas celebrações, dando início assim a este ritmo alegre e descontraído tão comum nas missas atuais.

Já em 1984 criamos o conjunto CANTARES. Outra novidade para os padrões musicais gospel da época que, de certa forma, veio de maneira um tanto impactante, quebrar alguns paradigmas.  Foi quando introduzimos bateria acústica, distorções, tumbadora, teclado e outros.

Numa outra oportunidade falaremos sobre ele.

Crônica e foto (acervo): Serjão Missiaggia

segunda-feira, 23 de julho de 2018

BELEZAS DA TERRINHA


IGREJAS DE SÃO JOÃO NEPOMUCENO.

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

Rita Knop Messias Santa Rita

TODA CASA TEM UM CASO


QUEM SE LEMBRA DE UM CASO VIVIDO NESSA CASA???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin



Rita Knop Messias Casa da dona Geli

Jaques Valente Casa da Cinila. Gely é a irmã dela. Obrigado pela referência.
Tia Gely habita afetivamente os nossos corações

CASOS CASAS & mistério???


ONDE FICA ESSE LUGAR???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

Antonio Carlos Bezerra Parte da Igreja Matriz calcamento e mureta com a rua saída para Roça Grande .

sexta-feira, 20 de julho de 2018

AFEMINADOS E MASSACRADOS



Um leitor publicou, na semana passada, vídeo no Face de uma dupla chamada Control+N, que discute, de forma colorida e divertida, a situação dos homens ditos afeminados.

Longe do glamour, e mais perto da realidade, participei de palestra numa faculdade de Juiz de Fora, onde tomei conhecimento da história de um aluno, vindo de uma cidade vizinha que, ao assumir perante a família sua homossexualidade, foi expulso de casa pelo pai que afirmou preferir vê-lo morto do que gay.

Esse moço foi para Juiz de Fora, onde começou a trabalhar num colégio infantil, área mais compatível com o seu curso. No entanto, também aí, nova surpresa: alguns pais, sabendo da opção sexual do estagiário, sugeriram à diretoria o seu afastamento, tipo “não tenho nada contra ele não, mas não me sinto à vontade sabendo que o meu filho fica em companhia de uma pessoa desse tipo”.

Quem acompanha minhas crônicas sabe que não sou de levantar bandeiras. Mas, pera aí gente. Estamos no século XXI, temos informação bastante pra saber que um homossexual é tão somente uma pessoa que se sente atraído por pessoas do mesmo sexo. Só isso. Não é automaticamente pedófilo. Não fica transando o tempo todo. E não perde o profissionalismo em virtude de sua sexualidade.

Fico pensando aqui comigo: o que é que tanto se teme no convívio com um gay? Será que, ao rejeitá-lo, muitas vezes até de forma violenta, não o estamos fazendo para renegar algum aspecto de nossa personalidade que não temos coragem de assumir?

Por que é tão importante isolar uma pessoa por sua opção sexual? Muitas vezes, um ator ganha um prêmio, e um jornal noticia “ator gay ganha o Oscar”. Por que a forma com a qual uma pessoa faz sexo é relevante para nomear um juiz, escalar um jogador de futebol ou mesmo votar num candidato? Um dos postulantes a Presidente da República pagou há pouco tempo um dano moral de R$150 mil por afirmar, na TV, que jamais teria filhos gays porque ele sempre deu uma boa educação.

Aliás, é na educação que a coisa tem ficado ainda mais esdrúxula, com a aprovação, em diversas cidades do país, mesmo com parecer contrário do Supremo Tribunal Federal, de leis que proíbem aos professores discutir, nas salas de aula, qualquer discussão relativa a gênero e orientação sexual.

E, mesmo que a homossexualidade fosse o “grande inimigo” da raça humana, será que não falar sobre o assunto iria ajudar às crianças? E uma política de perseguição e extermínio de gays (como atualmente se pratica de forma velada) não conduziria esses indivíduos a se enrustirem e a se misturarem cada vez mais aos homofóbicos de plantão?

Crônica: Jorge Marin


quarta-feira, 18 de julho de 2018

E O LUAR VEIO NOVAMENTE AO ENCONTRO DA CANÇÃO



Vinte e quatro anos depois da última edição daquele que, a meu ver, teria sido um dos maiores e melhores festivais da canção de Minas Gerais, o FESTIMSAN, vimos com muita alegria o luar ir novamente surgindo de mansinho, trazendo consigo um frio muito gostoso, para compor o aconchegante e já perfeito cenário do II CANTA SÃO JOÃO, Troféu Paulinho Cri, um projeto idealizado pelo diretor municipal de cultura Ricardo Itaborahy.

Da mesma forma como naquela oportunidade, todos abraçaram a ideia de maneira fantástica e o lugar, totalmente envolvido no evento, respirou CULTURA em forma de canção por dois dias. A mídia deu ampla cobertura, elevando ao resto do país, de forma altamente POSITIVA, o nome de nossa querida Garbosa.

Jamais poderemos esquecer que MÚSICA se traduz numa arma poderosíssima de aproximação e respeito entre as pessoas, transformando-se em linguagem universal que ultrapassa de maneira esplêndida as barreiras do tempo e espaço.

Novidade este ano ficou por conta dos shows, por sinal de altíssimo nível, onde o grande público pode ser contemplado com a presença de Emmerson Nogueira, Dudu Lima trio, Ricardo Itaborahy Soares,Leandro Scio Brandão e Dudu Lima, Zé Renato(Boca Livre),e Tunai,  num encontro muito legal da Música Popular Brasileira.

Além de enaltecer essa MAGNÍFICA INICIATIVA do Poder Público Municipal, junto à comissão de desenvolvimento de TARUAÇU, deixamos aqui nossos aplausos aos verdadeiros protagonistas desse evento, que foram os MÚSICOS, COMPOSITORES e suas CANÇÕES.

E que as notas musicais continuem a ressoar lá no alto da serra.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : Márcio Sabones

segunda-feira, 16 de julho de 2018

SE ESSA RUA FOSSE A MINHA


QUEM JÁ VIVEU FORTES EMOÇÕES NESSA "ENCRUZILHADA"???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat, da foto: Jorge Marin

Ana Emília Silva Vilela Pq há um cruzamento de ruas. Coronel José Dutra-Calçadão-Getúlio Vargas. Este tipo de bifurcação é conhecida como encruzilhada.

TODA CASA TEM UM CASO


QUEM CONHECE ALGUM CASO DESSAS CASAS???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Tratam. foto: Jorge Marin

Dulcinea Ferreira Esta casa amarela e na escada do Bairro Sao Jose,ai morava o Carlinhos apelidado de carne seca
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Dulcinea Ferreira Esta casa rosa clarinha era da Minalda e do Joao Cruz.

CASOS CASAS & mistério???


DE QUEM É ESSE BUSTO??? ONDE FICA???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat. da foto: Jorge Marin

Ana Emília Silva Vilela Na Praça do Chafariz. Na Ponte da subida para a Matriz. Dr. Nagib Camilo Ayupe

sexta-feira, 13 de julho de 2018

HOJE É DIA DO ROCK, BEBÊ!!!



Hoje é dia do Rock!!! Alguém aí pode perguntar: e daí?

O caso é que recebi, há alguns dias, um zap do meu brother pitombense Silveleno com um vídeo do Paul McCartney tocando em um pub de Liverpool onde os Beatles já tocaram antes da fama. As pessoas do século XXI ficaram, e eu também, completamente eletrizadas vendo aquela banda tocar sucessos como Help, Love Me Do e Ob-la-di Ob-la-da.

Pesquisando no YouTube, descobri que a apresentação é parte de um programa de tv londrino chamado Late Show with James Corden que está disponível no link https://www.youtube.com/watch?v=QjvzCTqkBDQ.

Numa das passagens do show, quando Paul fala sobre a música Let It Be, confesso que é difícil se manter com os olhos secos, assim como é igualmente emocionante quando ele canta Penny Lane exatamente no beco que inspirou a música.

Lembrei-me que, na época em que éramos roqueiros, eu sempre torci o nariz para o Paul, talvez por achar que John Lennon era “o cara” e que o marido da filha do dono da Kodak não merecia nossa admiração.

Mas... Cara, ouvindo aquelas canções fui me lembrando da primeira vez que, menino ainda, ouvi, e me assustei com Help. A gente cantava o Hino Nacional na fila do Grupo Dona Judith Mendonça e, depois, chegava bem a boca no ouvido do coleguinha e lascava: HELP!!!

Ainda criança, eu ia na casa do vizinho, sô Arlindo, que havia comprado televisão, e assistíamos ao desenho animado dos Beatles. Cantávamos I wanna hold your hand e Can’t buy me love. Nesta, me lembro que o som saía assim parecido como “Gambá milove”, mas a emoção era a mesma.

Na virada dos anos setentas, íamos para a pracinha e ficávamos encantados com o meu primo Paulinho (Cricri) tocando Something. A gente já “arranhava” um inglês e cantava “You know I believe in God”, achando que era uma música religiosa. Afinal, os Beatles estavam numa fase mística. Agora, bem recentemente é que fui descobrir que a frase correta é “You know I believe and how” e se refere a alguma coisa na maneira como uma menina, que dá o maior mole, se move.  

Voltando ao Dia do Rock, e sem querer desmerecer as gerações mais novas, o que eu quero dizer é que somos, eu e meus colegas sessentões, uma geração que veio para o mundo COM TRILHA SONORA. E vejam que eu nem falei ainda em Yes, Pink Floyd, Genesis e Supertramp!

Se a vida vale a pena ou não, eu não sei, mas que eu “balanço as cadeiras” quando escuto Love me do, eu balanço mesmo. E canto.

Crônica: Jorge Marin

quarta-feira, 11 de julho de 2018

CAUSOS DO TIRO DE GUERRA



Foi pegando uma carona no belo texto do parceiro Jorge Marin em homenagem ao nosso eterno comandante Matilde, que resolvi reeditar esta postagem. Além de seus ensinamentos recheados de valores, ficarão guardados pra sempre em nossas memórias os inúmeros causos, muito dos quais bastante engraçados e que sempre ocorriam. E um desses causos veio acontecer justamente em uma de minhas guardas noturnas:
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Era o fim de mais um dia de instrução e eu, fatigado e morrendo de fome, via meu nome ser estampado na escala do quadro-negro da sala de instrução do Tiro de Guerra 04-151.

Não acredito! Logo hoje? E justamente na véspera do meu aniversário?
Pra piorar ainda mais a situação, era uma sexta-feira, e uma pequena festa já havia sido programada por parentes, amigos e namorada.

Bem! Nem tudo estava perdido, pensei. Pelo menos, estamos na véspera e não no dia. E assim, muito a contragosto, lá pelas cinco e trinta da tarde, vesti a velha farda, calcei meu coturno, firmei o manual pelo sovaco, peguei meu pão com queijo e minha garrafa térmica de chá mate e me mandei em direção à avenida. Enquanto seguia solitariamente por aquela rua detrás da fábrica, procurava ao mesmo tempo ir me consolando na justificativa de que meu aniversário seria apenas no outro dia.

E que noite cansativa foi aquela! Pois, coincidentemente, fui premiado com a companhia de três irmãos atiradores (sentinelas) que faziam de tudo, principalmente nada. Por sinal, verdadeiros amigos que ficarão guardados com muito carinho na lembrança.

Foi uma das madrugadas mais frias que passei, pois, enquanto ali cumprindo meus deveres de Cabo da Guarda, já quase congelado, via o dia amanhecer. Havíamos trabalhado na faxina até pouco mais das onze da noite, pois nada poderia sair errado. Como todo atirador que se preza, sabia de antemão que, antes mesmo do dia clarear, salvo em caso de GUERRA, lá estaria nosso comandante a passar em revista a tropa, ou melhor, o dedo em cada centímetro dos móveis à procura de vestígios de poeira. Dobrar a guarda em caso de alguma alteração no serviço nos fazia tremer na base. Era complicado para nós, principalmente se estivéssemos no comando naquela noite.

Administrar a limpeza da sede, especialmente quando tínhamos a companhia de alguns atiradores que só queriam mesmo era bagunçar, dava mesmo vontade de chorar. As horas iam se passando, o cansaço só aumentando e o serviço não rendia.

E se um daqueles três vasos sanitários do banheiro não ficasse brilhando como espelho e cheirando a Pinho Sol? Aí é que a coisa ficava feia pro nosso lado. Isso pra não falar que ainda tínhamos que fazer a limpeza da área externa, varrendo o passeio, regando as árvores, molhando com o auxilio de um regador a calçada, além de dar um trato no pátio, limpar a secretaria e a sala do Sargento (essa então!). Mas, confesso que a preocupação maior era com aquele bendito banheiro e seus três imponentes vasos. Teve cabo da guarda que já chegou a passar quase que a noite toda acordado apenas pra ficar vigiando uma possível sabotagem dos atiradores, pois era muito comum alguns abdicarem de consultar a alça de mira e, na hora de encarar o vaso, errar o alvo propositalmente só pra sacanear. Isso nunca aconteceu em minha guarda, mas reinava a expectativa de que um dia isso poderia acontecer.

Nossa missão era manter tanto a parte interna quanto a externa da sede impecavelmente limpas e, se possível, melhores do que nossa própria casa. E isto quase sempre acontecia.

Mas, voltando àquela gélida manhã de sábado, tudo transcorria até então dentro da mais perfeita harmonia, enquanto eu, feliz da vida, não via o momento em que o sargento pudesse chegar para eu poder passar a guarda com tranqüilidade e sem alteração.  Sabíamos de antemão que um oficial graduado do exército estaria sendo aguardado para uma visita de inspeção, razão pela qual, naquela noite, por várias vezes, tivemos visitas surpresa do Sargento. O negócio era certificar-se que a limpeza estaria além da expectativa.

E o dia amanhecera trazendo consigo o meu esperado aniversário. Quando faltavam pouco mais de cinco minutos para a chegada do nosso instrutor, eis que se aproxima de mim, repentinamente, o atirador de número 40. Bastante pálido e segurando a barriga com as mãos, já quase de joelhos, implorava para que eu o deixasse usar o banheiro. Disse que havia comido uma galinha com quiabo e que tinha dado um “revertério” danado.

Como assim? - perguntei! Num faz isso comigo não! O home tá chegando aí pra passar em revista a sede. O banheiro tá um brinco e será um dos primeiros a ser checado. Corre ali debaixo daquela goiabeira no terreno baldio ao lado e deixa acontecer naturalmente.

- Num dá tempo 37, dizia ele enquanto, de pálido, passou a ficar vermelho. E seja o que Deus quiser, pensei. Vai dar “merda” mesmo!  Pelo menos, faço uma boa ação. Pedi que pelo menos fosse o mais rápido e objetivo possível, pois era norma do TG não deixar nenhum atirador usar o banheiro antes da inspeção, exceto o cabo da guarda e os três sentinelas.

Enquanto isso, com um olho no banheiro e outro no relógio, um tanto ansioso, não via a hora em que o atirador 40 acabasse de cumprir sua difícil missão. Mas comecei a perceber que o negócio no banheiro ia de mal a pior. Um odor nada agradável começava a tomar conta de toda a sede, enquanto o 40 não parava de gemer.

E tinha que comer quiabo com frango justamente no dia de minha guarda? Ou melhor: descarregar a galinha enquiabada na hora de entregar meu serviço? E no dia de meu aniversário?

A coisa tava tão braba que não haveria tática de guerra, grupo de choque ou de combate que desse jeito. Pelo menos, que eu soubesse até então nada constava ou fazia referência em nosso manual de instrução. Era artilharia pesada mesmo, e acompanhada de barulhos que mais pareciam arma de repetição. Uma busca incessante pela sobrevivência, diante de agentes químicos, que, cheirando a pólvora, se espalhava para todas as direções. Verdadeira guerra fria entre irmãos!

Ai não teve jeito e, com um pedaço de toalha camuflando o nariz, avancei pelo front e, indo de encontro ao fogo cruzado, perigosamente me aproximei daquela trincheira mortal. Comecei a implorar pela rendição do amigo “inimigo” insistindo que arriasse logo a munição e deixasse meu vaso em paz. Pensei em arrombar a porta, mas um engraçadinho, de sacanagem, havia gritado lá fora que o sargento já estava subindo as escadas. Nesta altura do campeonato, os gases letais já haviam arrasado meio quarteirão e, literalmente, provocado uma evacuação em massa da tropa, ou seja, evacuaram todos da sala para o pátio, restando na linha de frente somente eu, o atirador 40 e o cheiro. No desespero, cheguei a pensar numa ação evasiva pelos flancos, mas preferi não abandonar o irmão.

Meu Deus! E se o home chega aqui agora? - pensava eu, enquanto o atirador 40 não parava de bombardear meu vaso. Mas, quando tudo parecia resolvido, eis que meu amigo aliviado aponta a cara no corredor e diz:
- Obrigado 37, você me salvou! Só que tem uma coisa: joguei tanto papel que entupi a privada! Pensei: danou tudo! Lá se foi meu aniversário! Naquela altura da batalha, o negócio era enfiar a mão e tentar desentupir de qualquer jeito. Nada seria pior do que dobrar a guarda e justamente no dia da minha festa.

Nisso, escutei estacionar o Fusquinha do nosso comandante em frente à sede. Gelei de vez! A seguir, ouvi o barulho do trinco do portão se abrindo. Agora, só mesmo São Raimundo pra me salvar, imaginei. Ainda num ato derradeiro de desespero, pedi ao 40 para que, pelo menos antes de sair, fizesse a gentileza de derramar todo o conteúdo de Pinho Sol no banheiro. Assim foi feito, e como se nada tivesse acontecido, fui mais do que depressa ao encontro de nosso comandante pra me apresentar. É tudo ou nada, pensava comigo, enquanto caminhava para recebê-lo.

Após deparar-me com o Sargento no corredor de entrada, fui de imediato lascando aquela continência dizendo a célebre e famosa frase:
- Atirador 37 do TG 04-151!  Serviço sem alteração! - E as pernas tremiam, pois sabia que teria que conduzi-lo em revista a cada setor da sede, inclusive ao banheiro! E assim sucedeu.

Após verificar a guarita, o corredor de entrada, a secretaria e sua sala, começou a se dirigir em direção ao banheiro. E eu sempre caminhando ao seu lado, procurando ir fazendo apresentação de cada cômodo da sede. Na verdade, quem começava a ficar com vontade de ir ao banheiro era eu, principalmente quando me lembrei que, de praxe e para simples averiguação, ele costumava dar sempre uma puxada naquelas cordinhas dos vasos. Já pensou o retorno daquela aguaceira nos seus pés? Num quero nem pensar!

À medida em que nos aproximávamos do banheiro, minhas pernas tremiam ainda mais. Uma discreta vontade de também visitar aquela trincheira libertadora só ia aumentando.

Foi aí que surgiu uma ideia salvadora, ou seja, procurei entrar no banheiro antes dele e me posicionar bem de frente à porta daquele que teria sido o vaso recém-bombardeado. Algo me dizia que ele iria averiguar os outros dois, mas não iria olhar aquele em que eu estava. E não deu outra. Ao passar por mim, dirigiu-se aos outros dois puxando de imediato a cordinha de descarga. Foi quando atinei que teria me estrepado de vez, pois, de tão nervoso e apressado, não havia percebido que, ao me posicionar, havia me enganado e ficado perfilado na porta errada. Já era tarde demais!

Só escutei o barulho da descarga e a sensação de que algo iria transbordar a qualquer momento. Para minha sorte, ele, naquele dia, foi superligeiro e, retirando-se rapidinho, nem mesmo observou como estaria o funcionamento. Saindo por último, ainda pude escutar aquele aguaceiro começar a escorrer pelo banheiro. Fechei a porta mais que depressa e deixei a coisa detonar sozinha lá dentro.

A seguir nos dirigimos para o pátio. Ao perfilarmos para a famosa chamada, pude perceber que o atirador 40 havia desaparecido. Alguém, naquele momento, cochichou ao meu ouvido que ele havia se dirigido a um posto avançado e que teria se entrincheirado no terreno baldio ao lado, bem debaixo de uma goiabeira pra acabar de descarregar seu resto de munição pesada. Menos mal!

Pra finalizar, gostaria de dizer que fui um dos felizardos em ter tido a oportunidade de servir o Tiro de Guerra. Ali conheci amigos verdadeiros (Irmãos de Armas), tive meus primeiros contatos com uma disciplina rígida que, por sinal, muito veio a me ser benéfica no futuro. Solidifiquei meu respeito à hierarquia sem deixar de lutar pelos meus direitos e acertos. Pratiquei o dom da humildade nos momentos de baixar a cabeça e apenas escutar.

Presto aqui também uma singela homenagem ao nosso saudoso comandante José Carlos, que, por longos anos, soube conduzir com muita dedicação, honradez e amor, nosso inesquecível TG 04-151.

Aos meus irmãos de Armas que se espalharam por este Brasil afora, deixo meu caloroso abraço. Com certeza, cada um de vocês guarda na mochila muitas e divertidas histórias pra contar.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : Facebook

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL