Luiz
Carlos entra em casa ainda meio nervoso. O chefe é um babaca (sempre é). Deixa
o sapato e as meias no tapete da sala e vai procurar se ainda resta uma cerveja
na geladeira.
(Antes
que a mulher dele, Sílvia, fale algo, vamos esclarecer essa coisa de “homem
AJUDAR”. Como assim, ajudar??? O cara não mora lá??? Não vive naquele
apartamento de dois quartos num bairro classe média??? Pra ele “ajudar”, era
preciso que alguém fosse o responsável nomeado para executar todas as tarefas
domésticas. Esse título está me parecendo meio machista. Enfim, vamos aguardar
os comentários.)
- Vai
deixar o sapato aí, amor? – Logicamente esse “amor” aí não tem nada a ver com
aquele sentimento antigo dos amantes de Verona.
- Só um
minuto pra pegar uma cervejinha e relaxar, coisa linda! – O “coisa linda” aí é
autêntico, pois a mulher, de shortinho e camiseta, aparece para o bonitão como um
tira-gosto. Homem, definitivamente, não tem noção do perigo!
- Acabei
de chegar e já lavei toda a louça – diz ela – mas aquela caixa de gordura precisa
ser limpa urgentemente! Vazou água no chão da cozinha inteira.
- Pensei
que você estivesse lavando – responde o marido, bebericando a latinha e já com
o controle da TV na mão.
O que vai
se seguir aí é uma discussão interminável, onde a mulher, de forma meio cínica,
tenta sensibilizar o marido de que ele deve ajudar nas tarefas domésticas
porque ela está cansada, só ela que faz coisas em casa, ninguém ajuda e um
tanto de coisas que vocês, leitoras bem resolvidas, não passam com seus maridos
cooperativos e atenciosos.
Por seu lado,
ele vai falar do chefe, da cobrança implacável, das metas, da falta de tempo
até para assistir o seu Fluminense jogar (marido que dá atenção à mulher
geralmente é tricolor). Ela, que trabalha numa empresa de consultoria de
recursos humanos, vai direto ao foco:
- Você
limpa a caixa de gordura, meu anjo? – Claro que ela não o considera um anjo,
mas, depois do chororô, ameaçá-lo com uma faca do chefe, ou mesmo um chifre,
não resultaria na desejada sinergia grupal.
Resultado:
Luiz põe a latinha de lado, e limpa a tal caixa de gordura. Depois que o
serviço estiver pronto, Sílvia CERTAMENTE vai reclamar que está mal feito, e
talvez seja este um dos motivos pelos quais os maridos enrolem tanto pra fazer
as tarefas domésticas. No entanto, é só uma teoria.
Enquanto
ele pragueja, sentada na sala, “matando” o restinho da cerveja, Sílvia troca
mensagens no Whatsapp com a amiga Marcela:
- Nossa,
vc tá transformando o Luiz Carlos num verdadeiro Rodrigo Wilbert. Q orgulho,
miga!!! – A resposta de Sílvia é surpreendente:
- Se eu
fosse casada com o Rodrigo Wilbert, eu não deixava ele nem pôr o lixo pra fora!
Vai
entender.
Crônica:
Jorge Marin
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