Mesmo achando o local um tanto diferente, não teria como, após receber
esta fotografia de meu irmão Pitombense Suveleno, deixar de lembrar este causo.
O PRIMEIRO
BAILE INTERMUNICIPAL DO PITOMBA
Finalmente, pintou o tão esperado baile fora da terrinha. Fomos
contratados a tocar em, nada mais nada menos, do que em Argirita, numa fazenda
chamada Vitória. No momento de fechar o contrato, alguém perguntou ao nosso
baixista e também empresário Márcio Velasco qual seria o nome do conjunto.
- Mercado Negro – respondeu prontamente, sendo que, até hoje, este fato se traduz num dos grandes mistérios da história do nosso conjunto. Por que teria o bravo baixista dado esse nome tão enigmático?
- Mercado Negro – respondeu prontamente, sendo que, até hoje, este fato se traduz num dos grandes mistérios da história do nosso conjunto. Por que teria o bravo baixista dado esse nome tão enigmático?
Mas, como tudo para nós não passava de meros detalhes, lá fomos, rumo a
Argirita, relaxadamente, após dar sabe quantos ensaios? Pois é, nenhum! A coisa
estava sendo encarada na farra, mas tão na farra que nosso motorista, já quase
chegando ao trevo, resolveu voltar para pegar seu trombone. Afinal, tocar numa
fazenda seria moleza, imaginávamos, enquanto, alegremente, seguíamos rumo ao
desconhecido.
Como era de praxe, antes de sair, tivemos o cuidado de comprar duas
garrafas de “refrigerantes” e alguns petiscos. O negócio era acalentar o estômago
enquanto seguíamos viagem. Como sempre, essa etapa era levada muito a sério,
pois, antes mesmo de chegarmos a Bicas, já havíamos feito a lição de casa.
Quando paramos para abastecer, o funcionário do posto, ao abrir a porta
da Kombi, levou um baita susto, pois de dentro do carro, um de nós, que estava
tranquilamente cochilando no banco de trás, arriou aos seus pés. Como sempre, o
conjunto já se encontrava em stand-by
antes mesmo de chegar ao seu destino.
Seguindo viagem e chegando, mais ou menos, ao local combinado, começamos
a observar uma intensa movimentação na estrada. Inúmeros carros, num incrível
congestionamento, se cruzavam na pista, em busca de uma possível vaga, pois os
dois lados da estrada estavam completamente ocupados. Homens passavam de
um lado ao outro, impecavelmente a rigor. Mulheres, com seus vestidos longos e
rosas na mão, ficavam a desfilar pela pista, acompanhadas de seus parceiros com
seus ternos e gravatas.
Dando então uma breve parada no local, e aproveitando a passagem próximo
a Kombi de um rapaz, perguntamos:
- E aí meu amigo! A fazenda Vitória, fica muito longe daqui? - Para
nossa surpresa - e desespero - ele, de imediato, nos responde:
- É aqui mesmo! Vocês são do conjunto? - (Silêncio sepulcral).
Teve gente querendo voltar de qualquer jeito, pois teria sido naquele
exato momento que ficaríamos sabendo que iríamos tocar em um baile que elegeria
a Rainha da Primavera de Argirita. Pra piorar ainda mais a situação, teve um
infeliz que, no meio daquela desorientada mudez coletiva, perguntou:
- Gente, como é que toca valsa na bateria? - Foi quando o pânico se instalou de vez. Mas, o que fazer? O contrato já havia sido fechado e todos teriam que se virar de qualquer jeito.
- Gente, como é que toca valsa na bateria? - Foi quando o pânico se instalou de vez. Mas, o que fazer? O contrato já havia sido fechado e todos teriam que se virar de qualquer jeito.
No estacionamento, outra surpresa: uma cobra jararaca, também
impecavelmente pronta para o bote. Mas, felizmente abatida pelo nosso bravo
motorista Paulinho, que a esmagou com uma bela marcha à ré.
Por incrível que pareça, o baile foi fluindo de forma não totalmente
catastrófica e o repertório ia sendo fielmente executado: The End, Oh My Love,
My World, De Tanto Amor, Imagine, Look Around And You’ll Find Me There. Até
que... de repente, o aparelho da guitarra, num barulho ensurdecedor, começou a
apitar sem parar. Aí, já viu né, mexe de cá, mexe de lá, e nosso solista e
também técnico em eletrônica, vendo que aquela coisa não parava de apitar, teve
um surto radical e sentou-lhe um potente bicudo. Jogando o impertinente
aparelho bem no meio salão E não é que a coisa funcionou? Expurgado o aparelho,
tudo começou a funcionar novamente! Deu até para terminar o repertório. Mas,
que sufoco...
Terminado o baile, estávamos felizes da vida, até que um de nós caiu na
asneira de fazer aquilo que jamais deveria ter feito, ou seja, perguntar a uma
das candidatas a Rainha da Primavera o que havia achado do conjunto. Foi quando
com muita educação, prontamente respondeu: “MUITO BOM MESMO, MAS QUEM SABE NA
PRÓXIMA, VOCES POSSAM ENSAIAR UM POUQUINHO MAIS”.
Crônica: Serjão Missiaggia
Foto : Silvio Heleno Picorone
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