2017 já
começou endiabrado! Há anos que nos iludem porque, embalados com aquela
conversinha de “tudo vai melhorar”, “vou mudar” e outras baboseiras, costumamos
a achar que, agora sim, a coisa vai ser maravilhosa.
Não vai.
Por mais otimistas que sejamos, as pessoas que nos cercam, e até aquelas das
quais só vimos falar, nos fizeram tanta raiva e tanto ódio em 2016, que é
impossível que a coisa mude só porque eu quero. Embora eu possa, mas não é
fácil, mudar as minhas expectativas em relação aos fatos.
A verdade
é que 2017 teve início com tragédias, e a mais triste delas, a que mais me
deixou chocado foi a do homem que assassinou o filho, a ex-mulher e mais doze
pessoas que comemoravam o réveillon
em família.
Fiquei muito chateado ao ver a que ponto pode chegar o desequilíbrio de uma pessoa, e, por
outro lado, a dor de famílias que jamais poderiam prever tal comportamento.
Porém, o
que me assustou MESMO, de verdade, foram os comentários das pessoas ao ver um
episódio tão trágico: uns disseram que o fato tinha a ver com a degradação
moral dos políticos, outros diziam que é porque a presidente saiu, outros que é
porque ela não saiu antes. Houve quem justificasse o fato dizendo que o homem
tinha um justo ódio pelo fato de a mulher ter ficado com o imóvel do casal
(embora isto não estivesse na reportagem). Outros leitores defenderam a volta
dos militares e o armamento da população. Houve ainda quem dissesse que faltava
mais ensino religioso para os jovens.
Ou seja, TODOS
leram a reportagem, NINGUÉM prestou atenção, TODOS querem explicar o fato
segundo suas PRÓPRIAS convicções, mas NINGUÉM admite outra explicação.
Isso me
deixa perplexo, preocupado com o futuro de nossos filhos e netos, PORQUE o que
se espera (eu espero!) de um cidadão decente é que, ao ser confrontado com uma
tragédia desse porte, seja capaz de se abalar, de se indignar com o
comportamento assassino e, se possível, se solidarizar com os sobreviventes.
Mas, não
foi o que aconteceu. Dizem que, nas cidades grandes, quando há um acidente de
trânsito (principalmente com vítimas), os ambulantes correm com seus carrinhos
de sorvete ou balas para o local da aglomeração. Transforma-se a tragédia em
espetáculo, a dor em curtição.
Não gozar
com a dor alheia já seria um ótimo princípio para aqueles que juraram que 2017
seria um ano melhor. E notem que ainda nem falei sobre o massacre do presídio.
Muito triste!
Crônica:
Jorge Marin
Foto : disponível em https://tiradentesguaru.wordpress.com/2013/04/22/uma-parabola-caicara/fariseus/
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