sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

O ÓDIO QUE NÃO OUVE (E LÊ MAL!)


2017 já começou endiabrado! Há anos que nos iludem porque, embalados com aquela conversinha de “tudo vai melhorar”, “vou mudar” e outras baboseiras, costumamos a achar que, agora sim, a coisa vai ser maravilhosa.

Não vai. Por mais otimistas que sejamos, as pessoas que nos cercam, e até aquelas das quais só vimos falar, nos fizeram tanta raiva e tanto ódio em 2016, que é impossível que a coisa mude só porque eu quero. Embora eu possa, mas não é fácil, mudar as minhas expectativas em relação aos fatos.

A verdade é que 2017 teve início com tragédias, e a mais triste delas, a que mais me deixou chocado foi a do homem que assassinou o filho, a ex-mulher e mais doze pessoas que comemoravam o réveillon em família.

Fiquei muito chateado ao ver a que ponto pode chegar o desequilíbrio de uma pessoa, e, por outro lado, a dor de famílias que jamais poderiam prever tal comportamento.

Porém, o que me assustou MESMO, de verdade, foram os comentários das pessoas ao ver um episódio tão trágico: uns disseram que o fato tinha a ver com a degradação moral dos políticos, outros diziam que é porque a presidente saiu, outros que é porque ela não saiu antes. Houve quem justificasse o fato dizendo que o homem tinha um justo ódio pelo fato de a mulher ter ficado com o imóvel do casal (embora isto não estivesse na reportagem). Outros leitores defenderam a volta dos militares e o armamento da população. Houve ainda quem dissesse que faltava mais ensino religioso para os jovens.

Ou seja, TODOS leram a reportagem, NINGUÉM prestou atenção, TODOS querem explicar o fato segundo suas PRÓPRIAS convicções, mas NINGUÉM admite outra explicação.

Isso me deixa perplexo, preocupado com o futuro de nossos filhos e netos, PORQUE o que se espera (eu espero!) de um cidadão decente é que, ao ser confrontado com uma tragédia desse porte, seja capaz de se abalar, de se indignar com o comportamento assassino e, se possível, se solidarizar com os sobreviventes.

Mas, não foi o que aconteceu. Dizem que, nas cidades grandes, quando há um acidente de trânsito (principalmente com vítimas), os ambulantes correm com seus carrinhos de sorvete ou balas para o local da aglomeração. Transforma-se a tragédia em espetáculo, a dor em curtição.

Não gozar com a dor alheia já seria um ótimo princípio para aqueles que juraram que 2017 seria um ano melhor. E notem que ainda nem falei sobre o massacre do presídio. Muito triste!

Crônica: Jorge Marin

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