Deixando um pouco esta polêmica do carnaval de lado, e
aproveitando o recente contato imediato de um dos componentes do Pitomba com o
pessoal da Sony Music, gostaria de relembrar nossa divertida estréia. O famoso
e inesquecível PEGA no Operário em 1972.
Mas antes, gostaríamos de explicar o que seria “Dar um
Pega”. Este termo era muito usado na época quando, durante um baile com uma
determinada banda, esta dava uma canja pra que outro conjunto subisse ao palco
e tocasse algumas musicas.
Naquela oportunidade, estava rolando um baile com o N5
(antigo Cobrinhas) e a outra banda, pasmem, era... “nóis”.
Pra não fugir à regra, alguns fatos hilários aconteceram
naquela noite, e, entre tantos, citaremos alguns.
Nely
Gonçalves, vendo que todos os componente do Pitomba estavam
presentes no baile, interrompeu repentinamente uma
das músicas, e
anunciou para
a multidão a chegada de um novo grupo
musical na cidade:
- Agora, apresento prá vocês, a nova sensação musical.!!!
O grupo...
Pitombaaaaaaaa!!!!!
Nosso técnico em eletrônica, que na época era também solista
da banda, um tanto apavorado e não acreditando no que estava acontecendo, subiu
rapidamente ao palco e se escondeu atrás da aparelhagem.
Enquanto isso, nosso contrabaixista ficava aos gritos,
pedindo para que ele mostrasse o corpo ou pelo menos o rosto, pois, do contrário,
ninguém tocaria (tudo sob risos e aplausos de uma galera de fãs que delirava).
Um de nossos back-vocals desapareceu misteriosamente do
clube, deixando sobrar, para os quatro componentes restantes, a difícil missão
de descascar o abacaxi da estreia.
Nosso vocalista e também guitarrista, numa
demonstração surpreendente de coragem, após dirigir-se sozinho para frente do
palco, pegou a guitarra e começou a regular a altura do pedestal e microfone.
A seguir, numa breve olhada para trás, certificando-se
que ninguém mais havia fugido, avisou que iria dar seu sinal pra começar...
Haja Gin Tônica!
Ainda teríamos que aguardar alguns minutos até que
nosso solista, mesmo sentado, fosse arrastado, com cadeira e tudo, mais para
frente do palco.
Assim, após todos estarem em seus lugares, nosso
vocalista, dando mais uma olhada para trás, disse ao baterista:
- É agora ou nunca!!!!! - A seguir, começou a cantar,
com toda empolgação NO ONE TO DEPEND ON.
Uma grande galera delirava, aplaudia e dançava sem
parar. A segunda música tocada na apoteótica apresentação foi EVERYTHING’S COMING OUR WAY, seguido de
IMAGINE, MY WORLD, SOMETHING e, para finalizar, WITHOUT YOU.
Outro fato interessante que aconteceu naquele baile foi
a presença maciça de quase todos os músicos profissionais da cidade. Para
piorar a nossa situação, ainda ficariam sentados próximo ao palco.
Possivelmente admirados, talvez, pela nossa aparente coragem, para não dizer
cara de pau.
E assim, a partir daquela noite, oficialmente nasceria
aquilo que FOI SEM NUNCA TER SIDO! O Pitomba.
Crônica: Serjão Missiaggia
Foto :
acervo do autor
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