quarta-feira, 7 de maio de 2014

RELEMBRANDO CAUSOS: Meu amigo, o Gambá - FINAL


No outro dia, bem cedinho, mobilizei toda a família e, em mutirão, começamos a fazer uma reforma completa no galinheiro. Após, comprarmos uma infinidade de pregos, telas e madeiras, começamos a trabalhar sem interrupção.

Nossa intenção era que tudo ficasse devidamente protegido, e assim o gambazão não jantasse as galinhas e o garnisé do meu filho. O negócio era fechar tudo. Qualquer buraco que tapávamos era motivo de comemoração.

Foram quase dois dias de intenso trabalho e mais um final de semana dando martelada para tudo que é lado. Colocamos cadeados na portinha do galinheiro e várias armadilhas foram feitas em seu redor pelas crianças. Tudo era válido. Parecia que estávamos esperando um ataque de elefantes, comentavam alguns vizinhos, admirados.


Já haviam se passados três dias e o gambazão não mais aparecera. Na noitinha, quando eu estava dando os últimos retoques no galinheiro, mais uma vez o INACREDITÁVEL aconteceu:

Meio que sem querer, quando olhei bem em cima do poleiro, num caixotinho que ficava bem próximo ao telhado, lá estavam os três, isto é, os quatro, ou seja, as galinhas, o garnisé e o gambá. Dividindo pacificamente aquele espaço, pareciam verdadeiros irmãos curtindo o aconchego de um lar.
   
Naquele momento, me senti com cara de tacho. Um verdadeiro otário, principalmente quando minha filhota vira e diz:
 - Pai!... O senhor, ao invés de proteger o galinheiro, prendeu o gambá lá dentro! 
Eu, ainda com o martelo na mão, e não acreditando no que estava acontecendo, comecei mesmo foi a dar boas risadas.

Enfim, o gambazão tornou-se íntimo e amigo de todos. Entrava e saía do galinheiro quando bem quisesse. Tomou conta do pedaço, mas sempre vigiado pelo olhar desconfiado do pobre e enciumado garnisé.
 

Numa bela tarde, quando ninguém mais esperava, eis que, de repente, partiu telhado a fora, o meu amigo gambazão, deixando saudades, para nunca mais voltar.

Crônica e foto: Serjão Missiaggia

2 comentários:

  1. Dessa história fica em mim a reflexão de que somos defensivos e desconfiados demais!
    Uns e outros estão por aí vivendo suas vidas numa boa e nosso medo ou arrogância vêem perigos que não existem...

    Verdade que a ingenuidade nos torna vulneráveis, mas a desconfiança nos torna desagradáveis. Dilema difícil de resolver...

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    1. Seria que poderíamos dizer que um gambá cheira A outro?

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BRIGADU, GENTE!

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