Quem
tem medo aí levante a mão!
Vivemos
tempos loucos, dizem. A Besta do Apocalipse, a qualquer momento, desde que não
seja na hora do rush, vai descer a
Rua do Sarmento e se embrenhar pela Praça Carlos Alves.
Quando estudante
na faculdade, eu e meus colegas tínhamos medo da loucura. Não medo de ficarmos
loucos, mas o medo insuspeito de encontrá-la em algum paciente e não reconhecê-la
a tempo. De que?
Uma professora
de História da Psicologia sempre nos dizia que, quando a metáfora se torna
real, ali está a loucura. Na época, não entendi bem. Depois, eu fiz a prova,
passei, formei-me e acabei esquecendo a frase.
Dezesseis
anos depois, alguém posta no Facebook a notícia de que uma determinada mulher
seria uma bruxa e que estaria raptando crianças para rituais de magia negra. E,
para aplacar o medo dos amigos da página, ainda divulga um retratado falado da
feiticeira.
Alguém
vê uma senhora caminhando pela praia e, movido pelo medo, confunde a mulher com
aquela do retrato falado. É ela, é a bruxa! Imediatamente, a multidão em volta
resolve espancar e linchar a mulher que, já morta, ainda tem seu corpo jogado e
arrastado pela areia como uma bruxa... de pano.
Mais
uma vez, eu não tenho uma opinião formada e nem quero dar lição para ninguém.
Mas uma coisa é certa: alguns elementos não podem se juntar. Facebook, medo,
loucura e certeza absoluta. Na verdade, seriam apenas três elementos, pois os
dois últimos praticamente se equivalem.
Crônica:
Jorge Marin
Foto:
Dave Morgan, disponível em http://www.flickriver.com/photos/dancetabs/8779474015/
Medo e ignorância nos tornam manipuláveis e violentos. Combinação ideal para destruição de vidas e sonhos.
ResponderExcluirParece-me que, não confiando na (in)eficiência das autoridades policiais e nos imprevisíveis e amenos resultados de descompromissados juízes, resolvemos nos defender por conta própria das ameaças mais próximas ou revoltantes.
Este caminho pode levar a uma sociedade que vive em um “faroeste medieval”, com pessoas formando grupos que se armam e atacam para defender seus interesses e pontos de vista.
O conceito de barbaridade é ligado à falta de civilização, conjunto de regras e condutas que garantem direitos essenciais de segurança e dignidade a quem vive em uma sociedade humana.
Vou torcer para que meu rosto seja bem singular para não ser confundido com alguém e ser morto sem saber o motivo...
É um mundo assustador, Sylvio, Pessoas circulam nas redes sociais boatos fantásticos e gravam vídeos de provas delirantes. Nem Kafka poderia prever a tal barbárie tecnológica.
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